Resumo: Os Argonautas (Apolônio de Rodes)

A história se passa na Grécia, durante a Antiguidade mitológica.

Após a morte do rei Creteu, o eólio Pélias usurpou o trono de seu meio-irmão Esão e tornou-se o rei de Iolcos, na Tessália. Por causa desse ato ilegal, um oráculo o avisou que um descendente de Éolo buscaria vingança. Pélias matou todos os descendentes proeminentes de Éolo que ele podia, mas poupou Esão por causa dos apelos de sua mãe Tiro. Em vez disso, Pélias manteve Esão prisioneiro e forçou-o a renunciar a sua herança. Esão casou-se com Alcimede, que lhe deu um filho chamado Jasão. Pélias pretendia matar o bebê imediatamente, mas Alcimede convocou suas parentes para chorar por ele como se ele tivesse nascido morto. Ela forjou um enterro e contrabandeou o bebê para o Monte Pelion. Ele foi criado pelo centauro Quíron, o treinador de heróis.

Quando Jasão tinha vinte anos, um oráculo ordenou que ele se vestisse como um magnésio e fosse para a corte de Iolcos. Durante a viagem, Jasão perdeu uma sandália ao atravessar o lamacento rio Anavros enquanto ajudava uma velha. Essa velha era a deusa Hera disfarçada. A deusa estava zangada com o rei Pélias porque ele matara sua madrasta Sidero dentro do templo de Hera, desprezando o direito de santuário que era concedido a quem se refugiava lá. Ofendida, Hera decidiu usar Jasão como instrumento da sua vingança.

Outro oráculo avisou Pélias para estar em guarda contra um homem com um sapato. Pélias estava presidindo um sacrifício para Poseidon com vários reis vizinhos presentes. Entre a multidão estava um jovem alto em pele de leopardo com apenas uma sandália. Pélias reconheceu que Jasão era sobrinho dele. Ele não podia matá-lo porque estava na presença dos outros reis. Em vez disso, Pélias perguntou a Jasão o que ele faria se um oráculo anunciasse que um dos seus concidadãos estava destinado a matá-lo. Jasão respondeu que o enviaria para buscar o Velo de Ouro, sem saber que Hera havia colocado essas palavras em sua boca.

Jasão soube mais tarde que Pélias estava sendo assombrado pelo fantasma de Frixo. Frixo tinha fugido de Orcomenos montado em um carneiro divino para evitar ser sacrificado e refugiou-se na Cólquida, onde mais tarde lhe foi negado o enterro adequado. De acordo com um oráculo, Iolcos nunca prosperaria a menos que seu fantasma fosse levado de volta a um navio, juntamente com o velo do carneiro dourado. Este velo estava pendurado em uma árvore no bosque de Ares na Cólquida, vigiado noite e dia por um dragão que nunca dormia. Pélias jurou diante de Zeus que ele desistiria do trono no retorno de Jasão, embora esperasse secretamente que Jasão morresse ao tentar roubar o Velo de Ouro. No entanto, Hera agiu em favor de Jasão durante a perigosa jornada.

Jasão reuniu quarenta e nove heróis de toda a Grécia para buscar o Velo de Ouro. Entre eles, estavam Héracles, o mais forte dos homens; Orfeu, grande poeta e cantor; Lince, o de visão apurada; os gêmeos Castor e Pólux; Peleu, pai de Aquiles, e seu irmão Télamo, pai de Ajax; e muitos outros. Eles construíram e tripularam o navio “Argo”, e tornaram-se conhecidos como os argonautas. Após fazerem sacrifícios ao deus Febo, eles embarcaram e partiram para a Cólquida.

Os argonautas primeiro pararam em Lemnos, onde souberam que todos os homens haviam sido assassinados. A razão disso foi a seguinte: durante vários anos, as mulheres não honraram e nem fizeram oferendas a Afrodite. Enfurecida, a deusa fizera com que todas passassem a cheirar mal e emitir ruídos desagradáveis constantemente. Como consequência, seus cônjuges as deixaram de lado, capturaram mulheres do país vizinho da Trácia e se deitaram com elas. Desonradas, todas as mulheres lemnitas, exceto Ipsipile, foram instigadas pela mesma deusa a conspirar para matar seus pais e maridos. Eles então depuseram o rei Toas, que deveria ter morrido junto com todos os homens, mas foi secretamente poupado por sua filha Ipsipile. Ela colocou Toas a bordo de um navio que uma tempestade levou para a ilha de Táurica.

Segundo as leis da ilha, as lemnitas deveriam ter matado todos os argonautas ao desembarcarem. No entanto, elas decidiram recebê-los amistosamente, pois precisavam de homens para conceber mais filhos. Os argonautas deitaram-se com as lemnitas, sendo que Ipsipile apaixonou-se pelo capitão Jasão e dormiu com ele. Os argonautas permaneceram muitos dias na ilha, até que foram repreendidos por Héracles e convencidos a retomar a viagem. Meses mais tarde, as lemnitas deram à luz as crianças concebidas naqueles dias, e todas receberam os nomes dos pais argonautas, exceto os filhos de Ipsipile, que foram chamados de Euneu e Deipilus. Surgiu assim o povo conhecido como minions, que um dia seria expulso da ilha e se instalaria na Lacedemônia.

Depois de Lemnos, os argonautas fizeram sua segunda parada na Montanha do Urso, uma ilha da Propôntida em forma de urso. Os habitantes locais, chamados de dólios, eram todos descendentes de Poseidon. Seu rei Cízico, filho de Eusoro, que acabara de se casar, recebeu os argonautas com generosa hospitalidade e decidiu dar uma grande festa para eles. Durante esse evento, o rei tentou dizer a Jasão para não ir para o lado oriental da ilha, mas ele se distraiu com Héracles, e esqueceu de alertar Jasão.

Quando eles deixaram o rei e navegaram um dia inteiro, uma tempestade que surgiu na noite os trouxe sem saber para a mesma ilha. Cízico, pensando que eram o exército dos pelasgos, seus inimigos, atacou-os na costa à noite, sem se reconhecerem. Os argonautas mataram muitos deles, incluindo Cízico, que foi morto pelo próprio Jasão. No dia seguinte, quando chegaram perto da costa e souberam o que tinham feito, os argonautas choraram e cortaram seus cabelos. Jasão deu a Cízico um enterro suntuoso e entregou o reino aos filhos dele.

Após o enterro, os argonautas partiram e atracaram em Mísia. Héracles desembarcou em busca de madeira para consertar seu remo quebrado. Hilas, filho de Tiodamas, foi enviado para pegar água e acabou sendo sequestrado pelas ninfas devido à sua beleza. Polifemo ouviu-o gritar e perseguiu-o, acreditando que estava a ser levado por ladrões. Sem perceber que faltavam alguns homens, o “Argo” foi para o mar enquanto os dois procuravam Hilas. Polifemo acabou fundando a cidade de Cio na Mísia, tornando-se seu rei, enquanto Héracles conseguiu retornar a Argos por outro caminho.

De Mísia, partiram para a terra dos bebrices que era governada pelo rei Amico, filho de Poseidon e da ninfa Melie. Sendo um homem arrogante, Amico obrigava os estrangeiros que chegavam ao seu reino a lutar boxe com ele, e matava os vencidos. Quando Amico desafiou o melhor homem da tripulação para uma luta, Pólux aceitou e acabou matando-o com um golpe de cotovelo. Para vingar a morte do seu rei, os bebrices lutaram com os argonautas, mas foram derrotados e sofreram grande mortandade.

Os argonautas lançaram-se ao mar e chegaram a Salmidesso, na Trácia, onde Fineu residia. Agraciado por Febo com o dom da profecia, Fineu tinha perdido a visão de ambos os olhos por Zeus por ter revelado as deliberações dos deuses aos homens. Além disso, como castigo suplementar, Zeus ordenou que as harpias o visitassem em todas as refeições. As harpias eram aves ferozes com cabeça humana, que arrancavam a maioria dos alimentos de seus lábios, e deixavam o restante emporcalhado, para que ninguém pudesse tocá-lo.

Quando os argonautas o consultaram sobre a viagem, ele disse que os aconselharia sobre isso se o libertassem da punição de Zeus. Então os argonautas colocaram uma mesa com alimentos ao lado dele, e as harpias chegaram gritando e arrebatando toda a comida. Vendo isso, Zetes e Calais, filhos de Bóreas, desembainharam as espadas e, tendo asas na cabeça e nos pés, as perseguiram pelo ar. A perseguição os levou até as ilhas Estrófades, onde as exaustas harpias pararam, e foram obrigadas a jurar que não castigariam mais Fineu.

Livrando-se das harpias, Fineu revelou aos argonautas o curso de sua viagem, e os aconselhou sobre as Rochas Esmagadoras no mar. Estes eram penhascos enormes, que, correndo juntos pela força dos ventos, fechavam a passagem do mar. Era espessa a névoa que pairava sobre eles, e era impossível até mesmo para os pássaros passarem entre eles. Fineu disse-lhes para deixar voar uma pomba entre as rochas. Se vissem que ela passava em segurança, podiam atravessar os estreitos tranquilamente; mas se vissem a pomba perecer, então não deveriam forçar uma passagem. Quando os argonautas ouviram isso, eles se lançaram ao mar. Ao se aproximarem dos estreitos, deixaram uma pomba voar da proa. Quando ela passou, o choque das Rochas arrancou a ponta de sua cauda. Então, esperando até que as rochas tivessem recuado, remaram com muita intensidade e com a ajuda de Hera, eles passaram, e apenas o ornamento da popa do “Argo” foi raspado por elas. Desse dia em diante, as Rochas Esmagadoras ficaram paradas; pois estava destinado que, assim que um navio fizesse a passagem, elas viessem a descansar completamente.

Quando os argonautas entraram no mar Euxino, eles chegaram no país dos mariandinos. Seu rei Lico recebeu-os gentilmente, grato por terem matado Amico, que o tinha atacado frequentemente. Enquanto os argonautas ficavam com Lico e saíam para colher palha, o vidente Idmon foi morto por um javali e morreu. Além disso, Tifis, o timoneiro da “Argo”, adoeceu e logo morreu, e Anceu comprometeu-se a dirigir o navio.

Pela vontade de Hera eles foram levados para a ilha de Ares. Essa ilha era infestada de pássaros ferozes, que feriam todos os seres vivos que encontravam, usando suas penas como setas. Os argonautas têm dificuldade em enfrentar tamanha quantidade de pássaros. Seguindo o conselho de Fineu, eles tomaram suas lanças e começaram a bater com elas nos escudos. O barulho intenso acaba dispersando os pássaros.

Os argonautas também encontraram homens nus e indefesos na ilha. São os filhos de Frisso e Calcíope – Argos, Prôntides, Melas e Cilindros. Eles contaram a Jasão que haviam naufragado ali quando estavam navegando até a Cólquida para encontrar seu avô Atamas. Jasão acolheu-os no grupo dos argonautas e os ajudou. Passando o Termodonte e o Cáucaso, chegaram ao rio Fásis, que já está na Cólquida. Os filhos de Frisso levaram Jasão à terra e ordenaram aos argonautas que escondessem o navio. Eles mesmos foram até sua mãe Calcíope, falaram sobre a bondade de Jasão, e por que eles tinham vindo. Então Calciope falou com sua irmã Medeia, e levou-a com os filhos até Jasão. Quando o viu, Medeia reconheceu-o como o homem com que sonhara repetidamente e se apaixonara, influenciada por Afrodite. A deusa Hera, sabendo que Medeia era uma poderosa feiticeira e que Jasão enfrentaria terríveis perigos, havia convencido Afrodite e Eros a fazer com que Medeia se apaixonasse por Jasão para que ela o ajudasse quando necessário. Calcíope e Medeia levaram Jasão até o palácio, onde vivia o rei Eetes.

Um oráculo tinha anunciado a Eetes que ele manteria seu reino enquanto o Velo de Ouro permanecesse no templo de Ares. Ao ser apresentado a Eetes, Jasão anunciou a missão que Pélias havia lhe imposto e pediu ao rei que lhe desse o Velo. Indignado com o atrevimento de Jasão, Eetes disse que somente lhe daria o Velo a ele conseguisse realizar uma proeza dificílima. Primeiro, Jasão tinha que domar sozinho dois touros selvagens enormes, que tinham patas feitas de bronze e lançavam chamas de suas bocas e narinas. Depois, ele teria que colocar arreios nestas criaturas e arar um campo com elas, semeando dentes de dragão. Das sementes surgiriam gigantes armados e Jasão teria que derrotar todos eles.

Enquanto Jasão meditava sobre como realizar tamanho desafio, Medeia o chamou à parte. Apaixonada por Jasão e temendo pela sua vida, ela secretamente prometeu ensiná-lo a superar todos os perigos. Em troca, Medeia pediu que Jasão jurasse que ela se tornaria sua esposa e a levaria com ele na viagem para a Grécia. Depois que Jasão fez o juramento, Medeia lhe deu um unguento e disse para passá-lo no seu corpo, na lança e no escudo. Esse unguento impedia que ele fosse ferido por ferro ou pelo fogo por um único dia. Medeia também disse a ele que, quando os dentes fossem semeados e os gigantes armados surgissem do chão, ele deveria se afastar e jogar pedras no meio deles. Eles passariam a lutar entre si e Jasão poderia matá-los. Ao ouvir isso, Jasão passou o unguento conforme Medeia dissera. Ele chegou ao bosque do templo e procurou os touros. E, embora os touros o atacassem com um jorro de fogo, ele conseguiu dominá-los e colocá-los no arado. Então, quando ele tinha semeado os dentes, os gigantes armados levantaram-se da terra e se lançaram na sua direção. Mas Jasão se esquivava, lançava pedras entre eles e, quando estavam ocupados lutando entre si, Jasão aproximava-se e os matava.

Jasão retornou triunfante com os touros amarrados, mas Eetes não deu o Velo a ele, pois desejava secretamente queimar o “Argo” e matar Jasão e os argonautas. Mas antes que Eetes pudesse fazer isso, Medeia levou Jasão à noite para o templo de Ares. Tendo adormecido o dragão que o guardava com uma poção, ela se apoderou do Velo. Medeia e Jasão foram até o “Argo”, e os argonautas zarparam naquela mesma noite rumo ao seu país.

Quando a traição de Medeia foi descoberta, Eetes e seu filho Absirto lançaram-se atrás do “Argo”. Medeia percebeu a aproximação do navio do seu irmão e fez com que ele fosse morto e esquartejado. Eetes deteve-se no mar para recolher os pedaços do corpo do seu filho, abandonando a perseguição aos argonautas. Retornando ao seu reino, ele enviou muitos colcos em busca de Medeia, ordenando-lhes que voltassem com ela, e ameaçando-os com castigos tremendos se falhassem. Assim, eles se separaram e s procuraram em diversos lugares.

Furioso com o assassinato de Absirto, Zeus lançou uma tremenda tempestade contra os argonautas, e os lançou fora de seu curso. Enquanto passavam pelas ilhas Absírtidas, o navio falou, anunciando que a ira de Zeus não cessaria a menos que fossem purificados pela feiticeira Circe pelo assassinato. Assim, a “Argo” fez um longo desvio e seguiu até a ilha de Ea, onde Jasão e Medeia fizeram súplicas a Circe e foram purificados. Eles são obrigados por Circe a partir imediatamente e a “Argo” lança-se ao mar novamente.

No mar, os argonautas enfrentam novos perigos: as Sereias, com seu canto mortal, que é contido por Orfeu, cantando uma contra-melodia; Cila, o monstro de muitos braços que devora marinheiros; e Caribde, o redemoinho gigante que arrasta navios para o fundo do oceano. Por ordem de Hera, Tétis e as nereidas conduziram o “Argo” em segurança através de todos os obstáculos.

Os argonautas desembarcam na ilha dos Feácios, governada pelo rei Alcinoo, ao qual contam sua história. Mas chega à ilha um grupo de colcos, que exige a entrega de Medeia. Alcinoo não quer que haja guerra no seu reino, e decide que a moça deve ser entregue ao pai se ainda for virgem. Arete, esposa de Alcinoo, informa Jasão da decisão do marido. E para evitar que Medeia seja forçada a ser devolvida ao pai dela, celebra-se o casamento entre Jasão e Medeia. Isto acontece na caverna já habitada por Macride, filha de Aristeu, com a participação das ninfas e dos heróis.

Uma tempestade empurra a “Argo” para a costa da Líbia, onde se situa Sirte. Os argonautas são ajudados pelas heroínas protetoras da Líbia, porém eles são obrigados a transportar a nau pelo deserto até ao lago Tritonide, onde podem retomar a navegação. O esforço tremendo do transporte os leva a buscar uma fonte restauradora que lhes foi indicada pelas ninfas das Hespérides. Sua busca não leva a nada, e acaba causando a morte dos argonautas Canto e Mopso. A “Argo” consegue sair do lago Tritonide com muita dificuldade.

Aproximando-se da ilha de Creta, os argonautas são impedidos de atracar por Talos, um homem de bronze que circula pelas praias e ataca todos os estrangeiros com bolas de metal em chamas. Ele tinha uma única veia que se estendia do pescoço até os pés, e era fechada por um prego de bronze no tornozelo. Medeia o enfrentou e conseguiu matá-lo, retirando o prego do tornozelo e deixando seu líquido vital sair completamente do corpo.

Depois de ficarem uma única noite em Creta, os argonautas voltaram para o mar e finalmente chegam a salvo em Iolcos, tendo completado toda a viagem em quatro meses.

Veja Também:

  • Artigo link externo sobre Apolônio de Rodes na Wikipedia.
  • Resumo de “Medeia”.