Resumo: O Mulato (Aluisio de Azevedo)

O jovem bacharel Raimundo, mulato de olhos azuis, desembarca em São Luís, em busca de suas origens familiares e dos misteriosos recursos que sustentaram os seus longos estudos em Portugal. Apesar de sua pele clara, ele desperta o preconceito racial dos provincianos e, ao mesmo tempo, a paixão histérica de Ana Rosa, filha do rico comerciante português Manuel Pedro, que vem a ser o tio e o tutor desconhecido do rapaz.

Mesmo não sabendo que Ana é sua prima, Raimundo evita-a completamente. Mais tarde, (e de maneira inexplicável) ele acabará por pedi-la em casamento, porém Manuel lhe negará a mão da filha. A negativa corresponde à percepção do racismo por parte do mulato. Como resposta, Raimundo e Ana resolvem enfrentar o mundo e se amam fisicamente, disso resultando a gravidez da moça.

Os lances melodramáticos, mesclados com candentes denúncias sociais, acentuam-se com a descoberta de vários crimes: o assassinato do pai do mulato, também ele um rico comerciante português, a loucura de sua mãe negra, induzida por bárbaras torturas escravagistas, etc. Por fim, revela-se o responsável pelo terror: é o cônego Diogo, padre devasso, sanguinário e racista.

Ao perceber que Raimundo encontrara o fio da meada, o cônego convence o caixeirinho Dias, ex-namorado de Ana Rosa, a matá-lo. O mulato é liquidado e a jovem, ao ver o amante morto, tem uma crise histérica e aborta.

Passam-se seis anos. O assassinato fica impune e ninguém lembra mais de Raimundo. Dias e Ana Rosa estão bem casados, prósperos e com três filhos.

Veja Também:

  • Artigo link externo sobre Aluisio de Azevedo na Wikipedia.

Resumo: O Cortiço (Aluisio de Azevedo)

A história se passa no Rio de Janeiro, no final do século XIX.

João Romão, um português bronco e ambicioso, trabalha como empregado numa venda e se esforça diariamente para juntar dinheiro e melhorar de vida. Depois de muitos sacrifícios, ele compra um pequeno estabelecimento comercial. Ao lado morava uma preta chamada Bertoleza, escrava fugida, trabalhadeira, que possuía uma quitanda e umas economias. Os dois decidem viver juntos e ela passa a trabalhar como burro de carga para João Romão. Para agradar a Bertoleza, ele forja uma carta de alforria.

Com o dinheiro da Bertoleza, o português compra alguns terrenos vizinhos e alarga sua propriedade. Tempos depois, João Romão compra mais terras e nelas constrói três casinhas que imediatamente aluga. O negócio prospera e novos cubículos se vão amontoando na propriedade do português. A procura de habitação é enorme, e João Romão, ganancioso, acaba construindo vasto e movimentado cortiço, que batiza de São Romão.

Ao lado do cortiço se instala outro português, o Senhor Miranda, de classe elevada e com certos ares de pessoa importante, acompanhado da filha e da mulher, que leva vida irregular. Miranda não se dá com João Romão, nem vê com bons olhos o cortiço perto de sua casa.

No São Romão moram os mais variados tipos populares: brancos, pretos, mulatos, lavadeiras, malandros, assassinos, vadios, benzedeiras, etc. Alguns dos moradores são a lavadeira Machona, cujos filhos não se pareciam uns com os outros; Alexandre, um mulato pernóstico; Pombinha, moça franzina que se desencaminha por influência das más companhias; Rita Baiana, bela mulata que andava amigada com Firmo, malandro valentão; e Jerônimo e sua mulher.

João Romão tem agora uma pedreira que lhe dá muito dinheiro. No cortiço acontecem festas com certa frequência, nas quais Rita Baiana se destaca como dançarina provocante e sensual, o que faz Jerônimo perder a cabeça. Enciumado, Firmo acaba brigando com Jerônimo e, hábil na capoeira, abre a barriga do rival com a navalha e foge. Naquela mesma rua, outro cortiço se forma. Os moradores do cortiço de João Romão chamam-no de “Cabeça-de-Gato”; como revide, recebem o apelido de “Carapicus”.

Firmo passa a morar no “Cabeça-de-Gato”, onde se torna chefe dos malandros. Jerônimo, que havia sido internado em um hospital após a briga com Firmo, arma uma emboscada traiçoeira para o malandro e o mata a pauladas. Em seguida, abandona a mulher e foge com Rita Baiana. Querendo vingar a morte de Firmo, os moradores do “Cabeça-de-Gato” travam séria briga com os “Carapicus”. No entanto, um incêndio em vários barracos do cortiço de João Romão põe fim à briga coletiva. Logo o português reconstrói o cortiço, dando-lhe nova feição.

João Romão, agora endinheirado, pretende realizar um objetivo que há tempos vinha alimentando: casar-se com uma mulher de fina educação. Ele se decide por Zulmira, a filha do Miranda. Botelho, um velho parasita que reside com a família do Miranda e com o qual goza de grande influência, concorda em aproximar João Romão da família, mediante o pagamento de vinte contos de réis.

Em pouco tempo os dois patrícios, por interesse, se tornam amigos e o casamento é coisa certa. Só há uma dificuldade: Bertoleza. João Romão arranja um plano para livrar-se dela: manda um aviso aos antigos proprietários da escrava, denunciando-lhe o paradeiro. Pouco tempo depois, surge a polícia na casa de João Romão para levar Bertoleza aos seus antigos senhores. A escrava compreende o destino que lhe estava reservado e se suicida, cortando o ventre com a mesma faca com que estava limpando o peixe para a refeição de João Romão.

Veja Também:

  • Artigo link externo sobre Aluisio de Azevedo na Wikipedia.

Resumo: A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água (Jorge Amado)

A história se passa na Salvador dos anos 40. Joaquim Soares da Cunha era funcionário público, e foi um pai e marido exemplar até o dia em que se aposentou. A partir daí, jogou tudo para o alto: família, respeitabilidade, conhecidos, amigos, tradição. Caiu na malandragem, no alcoolismo e na jogatina. Trocou a vida familiar pela convivência com as prostitutas, os bêbados, os marinheiros, os jogadores e pequenos meliantes e contraventores da ralé de Salvador. Fez-se respeitado e admirado entre seus novos companheiros e passou a ser chamado de Quincas. Ele era o paizinho, sábio e conselheiro, sempre disposto a mais uma farra ou bebedeira.

Quincas descansava nos braços acolhedores das prostitutas e saciava sua sede apenas com cachaça. Daí veio seu apelido: certo dia, deram-lhe um copo com um líquido incolor para beber. Quincas tomou-o de um só trago pensando ser cachaça, mas cuspiu tudo imediatamente, gritando “Água!!!”.

Sua opção pela bandalha representa o grito terrível do homem dominado e cerceado por preconceitos de toda sorte e que um dia rompe as amarras e grita por liberdade.

Quincas morreu solitariamente sobre uma enxerga imunda e sua morte detonou todo o processo de reconhecimento / desconhecimento por parte da família real e da família adotada. Durante o velório, os amigos se embriagam e resolvem levar o defunto para um último “giro” pelo baixo-mundo que habitavam. O passeio percorre os bordéis e botecos, terminando em um saveiro, onde há comida e mulheres. Vem uma tempestade e o corpo de Quincas cai ao mar.

Na verdade, a história poderia se chamar “As Três Mortes de Quincas Berro D’Água”. A primeira “morte” de Quincas foi quando ele renunciou à família e mudou de ambiente e de costumes. A segunda morte foi a morte física, no dia em Quincas morreu na solidão de seu quartinho imundo, envolvido por farrapos e curtindo a última bebedeira. Finalmente, a terceira “morte” foi quando seu corpo caiu no mar, eliminando qualquer testemunho físico de sua passagem pela vida e sobrevivendo apenas na lembrança dos seus companheiros de farra.

Veja Também:

  • Artigo link externo sobre Jorge Amado na Wikipedia.

Resumo: O Coronel e o Lobisomem (José Cândido de Carvalho)

A história é narrada pelo protagonista, Ponciano de Azeredo Furtado. Órfão muito novo, foi criado pelo avô Simeão, que enxerga no neto um futuro político, pois o menino era invencioneiro e linguarudo. Simeão deixa o menino aos cuidados de Sinhá Azeredo, velha tia solteirona. Ponciano cresce num lugar chamado Sossego, nos ermos, onde havia “algazarra de lobisomem”. A tia, beata, surpreende o menino em “delito de sem-vergonhismo” com uma mulatinha. No Sobradinho, fazenda do avô, fica de castigo. Vai estudar em Campos, morando na rua da Jaca, mas, em vez de estudos, prefere a vadiagem.

Quando Ponciano faz 15 anos, sua tia adoece e morre. O menino escuta a tosse da tia morta e chega a interrogar o fantasma. Começa daí a fama do futuro coronel, pois a história logo se espalha pela vizinhança. A velha Francisquinha, negra moradora do Mata-Cavalo, também posse de Simeão, vem cuidar do menino. A reza forte da negra faz sumir a tosse e o fantasma da tia morta. Francisquinha tem que proteger as negrinhas que vão morar com ela na rua da Jaca, pois Ponciano era bastante mulherengo. Já na adolescência, Ponciano era muito alto, recebendo do avô a patente de alferes da Guarda Nacional. De gênio muito explosivo, o rapaz só pensa em mulher, apaixonando-se por Branca dos Anjos, mocinha de tranças, moradora em Gargaú. Mas o pai da menina, para protegê-la das investidas de Ponciano, esconde-a no sertão distante.

Numa ida ao circo, Ponciano acaba sendo levado pelo povo a lutar contra um valentão que desafiava a cidade. Ele tenta se esquivar, dizendo que precisava de licença especial por ser militar, mas um velhinho, que era coronel, autoriza a luta. Num golpe de sorte, o alferes dá um rabo-de-arraia no valentão, vence a luta e é levado em triunfo. Mas o avô não gosta dessa fama de valente, queixando-se de que ele não aprende a estudar. Dessa “guerra no circo”, o rapaz ganha a patente de capitão.

Em sua juventude, Ponciano deixa crescer uma longa barba e passa o tempo na boemia, em serenatas. Afirma ser devoto fervoroso de São Jorge, Santo Antônio e São José, mas frequenta a casa de Dada Pereira, que era pensão de moças desencaminhadas. Com a morte do avô Simeão, Ponciano herda dele suas terras e a patente de coronel da Guarda Nacional. Ele começa a pensar em se casar. Uma prima é recusada por ser magra demais. Muda-se, juntamente com Francisquinha, para a fazenda do Sobradinho. Como os vizinhos estavam avançando em sua propriedade, escreve a eles uma carta educada, orientada pelo advogado Pernambuco Nogueira. Seus empregados, Antão Pereira e Saturnino, acham que esse jeito de proceder não era apropriado para lidar com os ladrões de pasto. Nas brigas na justiça, o coronel triunfa. Vem ajudá-lo a dirigir as terras o mulato Juquinha Quintanilha, que fixa residência em Mata-Cavalo. Devido às demandas de Foro, o coronel vira um andarilho. Ele é ameaçado de morte por Cicarino Dantas, que contratara o pistoleiro José Mateus. Apesar de dizer que não tinha medo, Ponciano passa a andar cercado de capangas armados. Um de seus acompanhantes é Sinhozinho Manco, que tinha língua afiada e visão profundamente crítica. O pistoleiro acaba sendo preso pelo delegado Totonho Borges. Ponciano acaba intercedendo por ele, dando-lhe dinheiro e ganhando sua amizade. Tudo acaba bem, pois, com a mediação do tabelião Pergentino de Araújo, Cicarino e Ponciano fazem as pazes. Cicarino é famoso por dormir com as mulatas de sua fazenda. Ponciano auxilia seu primo Juca Azeredo na compra do engenho de Paus Amarelos. No Sobradinho, um de seus auxiliares é o bêbado Janjão Caramujo.

Uma onça pintada ameaça a região. João Ramalho, um marcador de gado, vasculha as terras em busca da onça. Diziam que era um animal enorme e muito perigoso. Como a onça teria sido vista nas terras do major Badejo dos Santos, Ponciano desculpa-se com uma certa “pragmática militar”, mostrando-se impossibilitado de resolver o caso.. Um tal de Dioguinho do Poço diz que onça “deitava fogo pela goela”. Ponciano visita o primo em Paus Amarelos, que sofria com um bicho no pé. Ponciano tira o berne e ganha fama de grande curador. Juquinha diz ao coronel que um caçador chamado Zuza Barbirata mataria a onça por duzentos mil réis.

Numa noite de tempestade, Ponciano fica pondo medo nos outros, contando casos de assombração. Até que, de repente, seu avô aparece. Tenta chamar Quintanilha, mas a voz do coronel sai fraquinha. Ele se desculpa, dizendo que, para não contraria seus princípios, bateu em retirada. Ponciano crê que fora vítima de uma ilusão, pois viu o avô com esporas e, como todos sabem, assombração anda sem pé e voa sem asa.

Cercado pelos empregados, inclusive por Tutu Militão, curador de veneno de cobra, o coronel sai para caçar capivara. O bicho não aparece e Ponciano, então, mata um bem-te-vi. De repente, aparece a onça. Todos fogem, inclusive o coronel, que vai para o pântano. Depois, chega ao Sobradinho, ainda na frente dos outros, a quem acusa de covardia. À noite, tem um sonho erótico com Branca dos Anjos. A onça reaparece na fazenda; Ponciano, sempre se desculpando por causa de um juramento, não liquida a onça. Apesar disso, a fama do coronel se espalha, enquanto ele caçoa de seus empregados covardes. A onça visitara a casa de Dioguinho do Poço, que sobe no telhado. Ponciano passa a chamá-lo de Dioguinho do Telhado. Zuza, o valentão caçador de onça, chega ao Sobradinho, com sua voz alta. Ele e o coronel disputam quem fala mais grosso. Os dois saem para caçar a onça e treinam a pontaria matando pequenos pássaros. Quando a onça aparece, os dois fogem de medo. Um caboclinho é quem acaba matando a onça, mas o coronel, depois de afugentá-lo, fica com a fama e a pele da onça, que é colocada na sala do Sobradinho. Quanto a Zuza, nunca mais foi visto.

A fama do coronel aumenta e ele se mostra indiferente a isso. Ele pensa vagamente em casamento, mas quem se casa é Juquinha e D. Alvarina. Depois de algum tempo, eles perdem o filho, cujo padrinho era o coronel. Ponciano tem problemas com a bexiga, uma antiga doença, que pegara nos seus tempos de libertinagem. Sua barba começa a embranquecer e ele se acha parecido com lobisomem. Também está muito barrigudo, parecido com um tal de Pedro Pita. Ponciano e Juju Bezerra, autoridade jurídica e dono de farmácia, conversavam safadezas e frequentavam o cabaré Moulin Rouge. Os dois eram muito parecidos nesse assunto de rabo-de-saia. Juju acha que Ponciano não deveria se casar, mas, apenas arrumar uma amante. O coronel não quer manchar sua reputação junto à irmandade religiosa a que se diz filiado, e também para não desagradar a seu padre confessor, Malaquias de Azevedo.

Em Mata-Cavalo, conhece e se apaixona por uma prima de D. Alvarina, Isabel Pimenta, professora muito jeitosinha. Isabel tinha olhos de água e gostava muito de ler. Ponciano vai sempre a Mata-Cavalo, mas é por demais tímido, e não consegue seduzir a professora. Faz perguntas bobas sobre mordida de cobra e visão de boitatá. Isabel não acredita nas tolices do povo. Ponciano diz que já tinha visto lobisomem e confessa não saber conversar “rasgando seda”, pois assunto para ele era “patifarias de cama e travesseiro”. Um dia resolve fazer o pedido de casamento: vai todo perfumado e fardado, mas Isabel fica de consultar sua família, em Caju. Ponciano leva-a até a cidade, para ela tomar o trem. Deseja corresponder-se com Isabel, por isso procura papel de carta em Santo Amaro, vilarejo próximo ao Sobradinho. Encontra-se com Tutu Militão, que se queixa da decadência do seu serviço de curar mordida de cobra, afinal, as farmácias vendem soro anti-ofídico. Ponciano não concorda, fala que Tutu ganha bem, mas, no fundo, fica profundamente abatido. Tutu traz a carta contendo a resposta do pedido de casamento. O coronel, ansioso, acende seu charuto Flor de Ouro, mas se decepciona, pois a moça rejeita seu pedido por ter compromisso com um primo. Ponciano sente que tem cobras dentro do peito, tamanha é a sua raiva. Dorme mal, tem pesadelos com lesmas, sapos, lacraias e minhocões Tem a impressão de ver um anjo lutando contra um demônio.

Depois de dois dias de chuva, sai para ver o trabalho das lavadeiras e nota um delas, uma sarará, chamada Nazaré, que usava a roupa muito apertada. Falso moralista, o coronel chama a atenção de Francisquinha, que era madrinha da sarará. Juju Bezerra, quando conhece Nazaré, comenta que ela é “montaria para muita sela”. O coronel, combalido desde o fora de Isabel, cai de cama, com maleita. Fica mais de dois meses adoentado. Como Juju o visitava sempre e ficava de olho em Nazaré, Ponciano manda a moça para Mata para ajudar D. Alvarina. Ponciano recebe muitas visitas, inclusive do padre Malaquias, que batiza os pagãos da fazenda. Em sua doença, o coronel xinga mais de quarenta nomes cabeludos, tem delírios com mulheres e com guerras. Muda-se para a rua da Jaca, é medicado por Coelho dos Santos e tem a companhia de D. Alvarina. Recebe a visita do advogado Pernambuco Nogueira e de sua esposa, D. Esmeraldina. Ponciano sente-se atraído por ela. Quando mira no espelho, ele vê que tem os olhos de fogo e “meia dúzia de bodes por dentro.”

Para restabelecer sua saúde, Ponciano passa uma quinzena em Paus Amarelos, engenho do primo Juca. Engorda muito e sente falta de mulheres: a única que tem ali é casada com o mestre de alambique Tude Gomes. Um dia, ele é procurado por um sujeitinho mirrado, major Serapião Lorena, que falava rápido. O major diz que em suas terras havia um ururau, uma espécie de jacaré-do-papo-amarelo, que soltava fogo pela goela. Ponciano está distraído, pensando em D. Esmeraldina. Lorena leva Ponciano à sua fazenda. Um maluco, chamado Norato, diz que o jacaré não respeita militar. Ponciano faz bravatas, desafiando o ururau. Ouve-se um barulho forte, e Ponciano corre de medo, escondendo-se atrás de uns balaios. Pensava que era o bicho, mas era somente um raio. Ele acaba arranjando uma desculpa para justificar sua fuga.

Numa noite de luar, Ponciano sai para caçar capivara com Serapião Lorena. Distraído, ele vai pensando em Branca dos Anjos, e seu cavalo o leva para longe, em direção ao mar. Ele ouve seu nome murmurado com doçura, vindo do mar. Ele encontra-se com uma sereia, que lhe propõe casamento. O coronel mente para a sereia, dizendo que tinha uma amante muitíssimo ciumenta. Muito triste, a sereia volta para o mar. O coronel fica com um cacho de seus cabelos louros. Ponciano diz que não gosta de fazer alardes, mas mesmo assim o seu encontro com a mulher encantada logo fica conhecido por todos. Ele faz questão de dizer que não abusou da parte de cima da sereia, como muita gente espalhou.

Em Campos, para resolver questões na Justiça, Ponciano fica no Hotel das Famílias e tem a companhia de Pergentino de Araújo, que era apaixonado por uma mulher casada, D. Estefânia, mulher de Totonho Monteiro. O advogado Pernambuco Nogueira tem um caso extraconjugal, que o deixa extremamente cansado. Ponciano está cada vez mais apaixonado por D. Esmeraldina, que ele compara a uma princesa de conto de fadas. Em visita ao casal, D. Esmeraldina, amuada como esposo, dá muita atenção ao coronel. Enquanto Nogueira cochila, a mulher mostra o quarto de hóspedes para Ponciano. Ele pensa em safadezas, mas não tem coragem de tomar a iniciativa.

Ao voltar para a fazenda, recebe um galinho de briga como presente de Serapião Lorena,. Seus empregados não dão nenhum valor ao bicho. Mas Ponciano sente firmeza no galinho, que mata um outro galo, bem maior. Saturnino Barba de Gato põe no galo o nome de Vermelhinho Pé de Pilão. O galo vai ser treinado em Poço Gordo, para ter “esporão de faca, asa de gavião e coice de mula”. Com seis meses de treinamento, o galo mestiço do Sobradinho ganha fama. Ponciano manda levantar uma casinha para a ave, mas o galo prefere o galho de limão-galego, de onde “dava ordens ao raiar do dia”. Até patente de capitão o galo recebe. O major Badejo dos Santos tinha um galo feroz, chamado Machadinho, que é vencido por Pé de Pilão. Tutu Militão traz recado do Dr. Caetano Meio, que desafia o galo capitãozinho. Juju Bezerra comenta com Ponciano que, em Ponta Grossa dos Fidalgos, fazenda de Caetano Meio, tinha uma moça muito bonita chamada D. Bebé. Um negro muito educado, Nicanor do Espírito Santo, traz carta de Meio, convidando para a disputa. O coronel aceita. Interessado em D. Bebé, Ponciano dá até um cavalinho de presente a Caetano Meio.

No dia da disputa, o galo viaja no melhor cavalo. Ponciano se arruma todo e vai com grande comitiva até Ponta Grossa. D. Bebé, com caxumba, não aparece para o coronel, que se contenta em apreciar os dotes de D. Antônia, irmã de Caetano. O galo adversário, de pescoço pelado, tinha fama de furar os olhos de sua vítima. Depois do banquete, começa a rinha. O pescoço pelado quase estraçalha o Pé de Pilão. Sinhozinho Manco, chegando atrasado, ainda acredita na vitória do Vermelhinho, apostando nele. No intervalo da luta, Ponciano fala nos ouvidos do galinho, que deveria honrar a patente de capitão. Vermelhinho acaba vencendo, para a alegria do coronel e de sua comitiva, principalmente de Sinhozinho.

Dioguinho do Poço, sempre trazendo notícias, fala de um lobisomem que aparecera no Pilar. Ponciano demonstra ter conhecimento das raças desse bicho. D. Bebé, fugindo do assédio do coronel, depois que sara da caxumba, parte para Macaé. A atenção do coronel volta-se para a irmã de Caetano, mas ela é pedida por um comerciante de gado. Despeitado, Ponciano diz que não nascera para casamento. Tutu Militão adoece e se interna na Santa Casa. Ponciano fica sabendo que Jordão Tibiriçá, um meganha cobrador de impostos, fizera desfeita a Tutu. Ponciano se arma e leva sua comitiva para brigar com Tibiriçá, que estava ausente da cidade. Padre Malaquias intervém. Ponciano procura aproximar Juju Bezerra de padre Malaquias, que criticava o comportamento luxurioso do farmacêutico. A desavença entre Tibiriçá e Ponciano acaba, sobrando a raiva do coronel para um vendedor de passarinhos, que servira de leva-e-traz para os brigões.

Ponciano, ao encontrar-se com o negro Nicanor, põe nele medo de lobisomem. Nicanor conta que Juca, primo de Ponciano, iria se casar com gente da família de Pires de Meio. Ponciano fica com raiva de seu primo. À noite, uma cobra surucucu ronda o galinheiro provocando a raiva no galo Pé de Pilão O empregado João Ramalho foge com a filha do sacristão. Uma comitiva vem solicitar ao coronel ajuda para liquidar com o lobisomem. Ponciano conta vantagens, no que é criticado por Sinhozinho. Vestido com sua farda, Ponciano vai a um lugar chamado Colégio, para um batizado. No caminho, sua mula empaca. Aparece o lobisomem em sua frente. Sua desculpa é que o compromisso com o batizado o impede de enfrentar o monstro.. Com medo do lobisomem, a mula foge e o coronel trepa numa figueira. Depois de muita correria, ao sentir o focinho do bicho em suas “partes subalternas”, o coronel cobre o lobisomem de safanões. Depois da surra, em linguagem cerimoniosa, o coronel escuta a vozinha do lobisomem implorar piedade, dizendo que sua maldição acaba na próxima lua e irá voltar ao normal, já tendo até promessa de um emprego no governo. Ponciano deixa o coitado ir embora.

Morre Juju Bezerra, fato que traz muita infelicidade ao coronel. O enterro fora bastante concorrido, até discursos foram feitos. Ponciano diz que não pode rebater o discurso, pois a patente não lhe permitiria tal coisa.

O coronel muda-se para Campos, ficando no Hotel das Famílias. Frequenta a casa da rua dos Frades, onde mora o casal Pernambuco Nogueira e D. Esmeraldina. Com intenção de agradar à mulher, empresta dinheiro ao advogado. Ganha fama de demandista e passa a usar roupas vistosas. Torna-se sócio de João Fonseca, um tipo asmático, no comércio de compra e venda de açúcar. Fonseca é casado com D. Celeste, mora na rua do Gás e gosta muito de passarinhos. Fonseca não apreciava a companhia de Nogueira. O gerente do Banco Hipotecário fala mal do advogado, o que faz o coronel, sempre interessado em D. Esmeraldina, transferir sua conta para o Banco da Província, cujo gerente era o hipócrita Selatiel Castro, o Castrão. Artur Fontainha, um engomadinho que não gostava de Fonseca, passa a trabalhar para o coronel. A sociedade com Fonseca se desmancha, pois Ponciano é muito mais ambicioso do que o pobre asmático. O coronel monta um escritório na praça da Quitanda, num prédio chamado Livro Verde, O coronel, na casa de D. Esmeraldina, conhece o seresteiro Peixotinho do Cartório, que canta uma modinha falando em beija-flor, que é ironizada por Ponciano.

Ponciano faz sucesso no comércio. Deixa a administração de suas terras por conta de Juquinha Quintanilha. Continua os ajantarados na rua dos Frades. Recebe visita de Sinhozinho, que se antipatiza com Fontainha. No Hotel das Famílias, Sinhozinho é tratado de major Carneiro. Depois de duas semanas, o velho vai embora, deixando Ponciano triste. Este, em seu aniversário, é homenageado pelo casal Nogueira. Selatiel de Castro ronda D. Esmeraldina. Ponciano recebe abotoaduras de presente. Finge interessar-se por Mocinha Cerqueira para dissimular os ciúmes que sente por D. Esmeraldina. Depois dos discursos em sua homenagem, Ponciano vai com Mocinha até o jardim, Uma perereca assusta a moça, que se agarra ao coronel. Ele nota que Mocinha é uma falsa magra.

Vem do Sobradinho uma notícia ruim: sumira o galo Vermelhinho. Um tal de Quirino, aguardenteiro, relata que vira, num areal, uma cobra enorme brigando com o galinho. Pé de Pilão e a surucucu brigam pelo mar afora, deixando Quirino como que hipnotizado. Os homens do Sobradinho vão até esse areal e só encontram sinais da rixa: escamas e a marca do galo. Juquinha adoece e, por recomendação médica, deixa o serviço pesado de Mata-Cavalo, e muda-se para o Capão, próximo da cidade, onde vai mexer com comércio. D. Esmeraldina sugere o nome de Baltasar da Cunha, seu primo engenheiro, para tomar conta das terras do coronel. Apesar de Ponciano achar que esse primo não serve para o serviço, acaba por contratá-lo. Baltasar, em nome de melhoramentos na fazenda, começa a gastar muito dinheiro. O coronel só tem olhos para a “dama da rua dos Frades”, cuja beleza o acalmava. Ela deseja passar uns dias em Mata-Cavalo, o que faz o coronel liberar cada vez mais verba para Baltasar. Como Nogueira vai se candidatar a deputado, Ponciano lhe empresta muito dinheiro, bem como presenteia D. Esmeraldina com um anel caro.

Ponciano muda-se para o Hotel dos Estrangeiros, depois de uma briga entre Fontainha e Totonho Monteiro, proprietário do Hotel das Famílias. Ele se agrada da arrumadeira Titinha que tinha um corpo vistoso e um andar malemolente. A linguagem saliente de Ponciano assusta o sisudo Gastão Palhares, um sujeito puritano e formal.

Quem vem tomar mais dinheiro de Ponciano é o jornalista Nonô Portela, que escreve notas elogiosas ao coronel. Uma caxumba deixa o coronel por duas semanas acamado. Fontainha fica cada vez mais parecido com Baltasar da Cunha, permanecendo mais tempo na cidade do que na fazenda, torrando o dinheiro de Ponciano. Um dia, Pergentino de Araújo conta para Ponciano que flagrara D. Esmeraldina com Selatiel Castro. Os Nogueiras rompem com Pergentino, contando para Ponciano uma outra versão do caso, sugerindo que Pergentino estava ficando maluco. Quintanilha vem comentar com o coronel que o povo dos currais estava falando do comportamento galante de Ponciano, cada vez mais garboso. Ponciano rasga dinheiro na frente de Juquinha, afirmando que tinha poder econômico. Nicanor do Espírito Santo, o negro educado, pede a sarará Nazaré em casamento.

Generoso, o coronel dá mais dinheiro a Pernambuco Nogueira, que acaba perdendo as eleições. Ponciano escuta ofensas de Baltasar da Cunha, mas não reage. Vai pedir satisfação a Fontainha, que defende o primo de D. Esmeraldina, mostrando o dedo em riste para o dono do Sobradinho. Nogueira adverte Ponciano que Baltasar poderia entrar na Justiça contra ele. Ponciano pensa em romper com os Nogueira, mas D. Esmeraldina faz novo convite para ele visitá-los, na rua dos Frades. Quando Ponciano chega à casa dos Nogueira, fica sabendo que eles viajaram. Cai numa grande melancolia. Titinha faz uma mandinga para curá-lo. Seus seios acabam tocando o rosto do coronel e eles acabam fazendo amor.

Sorte no amor, azar no dinheiro: os negócios começam a piorar. Uma enchente devasta o Sobradinho. Apesar dos conselhos de Fonseca, Ponciano faz péssima compra de açúcar. Deve mais de quatrocentos contos ao banco. O novo gerente, Seabra, ameaça o coronel, que acaba por vender as terras de Mata-Cavalo. Depois que liquida a dívida, dá uma surra em Seabra e o joga no meio da rua.

A crise econômica faz com que o comerciante Juventino Ferreira cometa suicídio. Ponciano não quer dar o braço a torcer, achando-se ainda poderoso, crescido na desgraça. Mas é obrigado a vender a casa da rua da Jaca. Saturnino deixa o Sobradinho e vai mexer com venda em Poço Gordo. Padre Malaquias vai para o sertão. Retoma amizade com o primo Juca, que promete pôr o nome de Ponciano em seu futuro filho. No Livro Verde, o coronel recebe a visita de Portela e Fontainha. Eles vêm comunicar que Baltasar da Cunha entrará na Justiça contra ele. Depois de uma fala macia, Ponciano joga os dois escada abaixo. Vai ao escritório de Pernambuco Nogueira e é mal recebido. O coronel sente-se furioso. Pernambuco falava com o advogado de Baltasar da Cunha, Macedo Costa. Este advogado é ofendido por Ponciano. Xinga também Nogueira, mandando-o “limpar o rabo” com o recibo do empréstimo pago ao banco. Fecha seu escritório e contrata o rábula Serafim Carqueja para a demanda contra Baltasar da Cunha. Vence a causa. Mas, em compensação, perde um amigo: morre João Fonseca. Vende o relógio e a corrente de ouro para dar um enterro de luxo ao ex-sócio. Ganha da viúva D. Celeste um sabiá-laranjeira, o que o faz chorar de emoção.

Padilha, o dono do Hotel dos Estrangeiros, quer que o coronel deixe seus aposentos. Titinha, que levava jeito de ser prostituta, acusava-o de ser ele o responsável por ela ter perdido sua virgindade. Carqueja vem amaciar o problema, e o coronel acaba se mudando para a casa de Quintanilha, O dinheiro vai diminuindo, mas Ponciano faz planos cada vez mais grandiosos: ele fala em comprar usina, em viajar para o estrangeiro. Um dia, ao passar diante de um salão de barbeiro, nota que Baltasar da Cunha estava debochando dele. Compra um chicote e dá uma surra no barbeiro e no engenheiro.

Os jornais anunciam que Pernambuco Nogueira, agora do lado do governo, arrumou um bom cargo em Niterói. Ao ver passar D. Esmeraldina, o despeitado coronel diz sua última palavra a respeito dela: “Vaca!” Depois dos péssimos negócios na rua do Rosário, Ponciano frequenta o belchior da rua Formosa, vendendo seus anéis, para pagar as taxas contra o Sobradinho. Depois de três anos de ausência, vai voltar para a fazenda, de bolso vazio, mas cheio de boas experiências. Compra passagem até para seu sabiá-laranjeira. Ao passar de trem pelas ruínas do engenho do Visconde, começa a reclamar com sua fala grossa, prevendo o estado de seu Sobradinho.

Quando deixa a estação e entra pelo sertão, ele escuta o canto agoureiro do pássaro peito-ferido. Sua casa estava abandonada; aos poucos, vê a chegada do cachaceiro Janjão Caramujo, do gago Antão Pereira e de Tutu Militão, que só de falar em Jordão Tibiriçá, dá início a um processo de delírio do coronel: este começa a disparar ofensas contra Jordão Tibiriçá e contra o governo. Enlouquecido, vê cobradores de impostos por toda parte. Ao tentar subir, pulando de dois em dois, os degraus do paiol, sente forte agulhada no peito e cai no chão.

Ele se vê nas terras de Badejo dos Santos e tem seu último pensamento erótico em relação à sobrinha do major. Beirando seus sessenta anos, o coronel está no além, pois vê passar o falecido Felisberto, que morrera há muito tempo, picado por uma cobra. Felisberto está de asas, com “patente de anjo”, na linguagem do coronel. Ponciano, montado na mulinha de São Jorge, parte para lutar contra o capeta. Um menino-anjo, que Ponciano conhecera há muito tempo, que morrera comendo terra, anuncia que o valente Coronel Ponciano de Azeredo Furtado, em sua mulinha de desencantar lobisomem, vai para a guerra do Demônio. De novo jovem, com a barba negra dos tempos em que lutou contra o valentão no circo, Ponciano galopa para travar a luta contra o demo, ao som de um belo canto que vinha do mar.

Veja Também:

  • Artigo link externo sobre José Cândido de Carvalho na Wikipedia.

Resumo: Menino de Engenho (José Lins do Rego)

A história é narrada por Carlinhos e começa no Recife. Carlinhos, aos quatro anos, estava em casa quando seu pai assassina sua mãe com um tiro. Seu tio Juca vai buscá-lo para ir morar com seu avô materno José Paulino em seu engenho, chamado Santa Rosa. Chegando lá, ao ter contato com o campo, fica encantado. Logo que chega, recebe cuidados carinhosos de sua tia Maria. Aos poucos, vai se familiarizando com o ambiente e seus familiares até então desconhecidos. A tristeza vai dando lugar à curiosidade de um menino diante da novidade.

A rotina do engenho com seus costumes e tradições diferentes da cidade, surpreende e encanta o menino. A chegada de um cangaceiro, histórias contadas pelas negras da viagem até o Brasil, lendas de lobisomem; tudo vai marcando sua infância. O menino vivencia o sofrimento com as secas e posteriormente as enchentes, quando seu avô e os outros senhores de engenho perdem tudo. Com isso, no engenho, o alimento fica escasso, mas, mesmo assim, os servos não o abandonam, num laço de fidelidade. José Paulino diz que escravo tem que ser bem alimentado para poder trabalhar mais. Através dos passeios com seu avô pelo engenho para ver os problemas existentes, aprende como o homem tem que ser justo, duro, tendo caráter e bondade, ajudando quem precisa e merece, assim como faz Zé Paulino.

Apaixona-se por sua prima Maria Clara, quando ela vem passar as férias no engenho, e tem com ela seu primeiro beijo. Ela volta para a cidade, e ele fica muito solitário, chegando a chorar. Na casa, é caçoado por tanto sentimento. Um dia, chega uma carta do hospício onde seu pai está internado, e Carlinhos fica ciente da situação. Ele então fica com medo de ficar igual ao seu pai. Carlinhos tinha também muito medo de morrer. Por ter asma crônica, se sentia como um pássaro preso; não podia tomar banho de rio, brincar até tarde, pois podia ter uma crise. Era cercado de cuidados até que Tia Maria casa-se e ele se sente ainda mais sozinho e solitário. Tia Sinhazinha passa a cuidar dele.

Aos 12 anos tem seu primeiro contato com uma mulher; uma negra chamada Zefa Cajá, e pega uma “doença de homem”. Quando descobrem o que houve, prendem Zefa e todos fazem piadas com Carlinhos, tratando-o como menino precoce, assim como seu avô. Carlinhos sente que é um menino feito para a maldade. Era qualificado como libertino, perdido, e não religioso. Sentia-se mal com tantos desejos sexuais. Seu avô decide então colocá-lo num internato, como salvação.

A história termina com a partida de Carlinhos de trem, já sentindo saudade do engenho onde passou sua infância e aprendeu tanta coisa.

Veja Também:

  • Artigo link externo sobre José Lins do Rego na Wikipedia.

Resumo: O Ateneu (Raul Pompéia)

A história se passa no século XIX. O narrador, Sérgio, inicia a história descrevendo seus primeiros contatos de Sérgio com o Ateneu, um colégio interno no qual o seu pai o matricula, ainda mesmo antes de ser admitido para matrícula pelo rígido diretor do estabelecimento, Aristarco. Para Sérgio, a entrada no Ateneu representa a passagem para a idade adulta, por conta de seu afastamento dos pais, sobretudo dos carinhos e da proteção materna. Antes de entrar para o Ateneu, Sérgio cursara apenas algumas aulas num externato familiar e tivera aulas com um preceptor.

O Ateneu era uma instituição de ensino localizada no bairro do Rio Comprido, no Rio de Janeiro, e era frequentado pelos filhos de famílias abastadas, ainda que admitisse alguns alunos pelas vias da caridade. Por isso, seus educandos representavam “a fina-flor da mocidade brasileira”, recebendo alunos de diversos Estados, que eram enviados à Corte e ao estabelecimento de Aristarco por conta da fama do pedagogo e dos livros que este enviava a todos os cantos do país como propaganda de sua instituição.

Antes de sua matrícula, Sérgio e o pai foram recebidos por Aristarco em sua residência, a qual se localizava ao lado do Ateneu. Nesta ocasião, Sérgio conhece D. Ema, a única pessoa que iria lhe tratar com candura desinteressada em seus anos no Ateneu e por quem desenvolverá uma paixão platônica. No primeiro dia de aula, Sérgio foi recebido na sala do professor Mânlio, e percebe as diferenças na recepção dada pelo professor aos alunos, de acordo com o grau de importância de sua família. Após se despedir do pai, Sérgio sentiu-se deslocado, mas foi de imediato recomendado pelo professor a Rebelo, um dos melhores alunos. Rebelo lhe dá inúmeras recomendações sobre o “microcosmo” do Ateneu – as amizades que deveria evitar, as atitudes das quais deveria se esquivar, os tipos nos quais não deveria se transformar. Ele o alerta sobre as deturpações de gênero que acontecem naquela realidade de colégio interno de rapazes, aconselhando-o a ser forte e não admitir protetores.

A narrativa, então, faz uma pausa para uma descrição de alguns dos primeiros colegas de classe de Sérgio, com destaque para o Sanches, o primeiro da turma, de quem Sérgio iria se aproximar mais adiante. Sérgio também conhece outros alunos do Ateneu, como o Franco, sempre usado por Aristarco como exemplo negativo e, por conta disso, continuamente humilhado.

Na primeira aula, ao ser chamado pelo professor Mânlio ao quadro, Sérgio sofre um desmaio e é levado para a rouparia, onde vê por acaso um exemplar de folheto obsceno. Depois do vexame do desmaio, começa a ser ridicularizado e assediado por Barbalho, com quem tem sua primeira briga. Ao final deste primeiro dia de aulas, Sérgio sentiu que seus ideais de camaradagem, de crescimento pelo conhecimento, de grandeza moral despertados pelos eventos que assistira antes de entrar no Ateneu dificilmente seriam aplicáveis ali.

A narrativa salta para um episódio no qual Sérgio é salvo de um afogamento por Sanches – um acidente que Sérgio suspeita ter sido provocado pelo próprio Sanches durante uma aula de natação. Isso parece se confirmar pela proximidade que se criou entre os dois, pois Sérgio sentiu-se em dívida de gratidão com Sanches. Sérgio viu em Sanches um protetor e uma companhia vantajosa em termos acadêmicos, já que este último era o primeiro da classe. Com o tempo, contudo, Sanches forçou uma aproximação, insinuando-se para Sérgio, que o repeliu. Isso fez com que Sanches se tornasse inimigo de Sérgio e, como era um dos vigilantes da turma, ele começa a usar sua posição para prejudicar e ferir Sérgio.

O episódio com o Sanches fez com que Sérgio se tornasse de bom aluno a um dos que frequentavam o temido “livro de notas” de Aristarco, no qual os professores anotavam as supostas indisciplinas dos alunos faltosos, as quais sempre rendiam humilhações públicas comandadas por Aristarco por ocasião das refeições. Ele converteu-se também em religioso, mas para uma espécie de religiosidade particular, mística, sem respaldo dos sacramentos católicos. Durante um breve período, ele se aproxima de Barreto, um aluno beato para quem a religião girava em torno de um sem-número de objetos de adoração e dos castigos do inferno guardados para os pecadores. No entanto, essa religiosidade excessiva faz apagar as últimas chamas de fervor de Sérgio.

Sua condição de deprimido e faltoso contumaz fez com que ele se aproximasse do Franco – uma amizade que despertou o desprezo dos inspetores e do próprio diretor. Após uma terrível traquinagem de Franco que, por sorte, não teve maiores consequências, Sérgio decidiu se tornar independente. Após uma visita ao pai, na qual lhe contou a “verdade” sobre o Ateneu, Sérgio fica mais altivo e independente e, por isso, atraindo a animosidade de muitos.

Chegou, então, à escola um novo aluno, o Nearco, filho de uma nobre família pernambucana e atleta valoroso, além de excelente orador, destacado no grêmio literário do colégio. Nas reuniões do grêmio, Sérgio comparecia como simples assistente e, como a agremiação possuía farta biblioteca, Sérgio começou a frequentá-la, travando amizade com o Bento Alves, um aluno gaúcho, mais velho que ele e que trabalhava como bibliotecário. A amizade entre os dois tornou-se imensamente íntima e próxima, e logo a proximidade entre Sérgio e Bento Alves começou a gerar comentários no Ateneu. Paralelamente a estes fatos, ocorre um assassinato passional nas dependências da escola: um jardineiro mata, a facadas, um outro funcionário, por amor a Ângela, uma espanhola que trabalhava em casa de Aristarco e D. Ema.

Sérgio narra, então, os exames primários e a ocorrência de uma exposição artística: é o início de um novo ano, e o narrador fala dos passeios e jornadas programados por Aristarco, em especial de um jantar no Jardim Botânico no qual ficam evidenciados os maus modos de alunos e inspetores. Bento Alves, que no início do ano mostra-se amoroso com Sérgio, repentinamente volta-se contra ele e o espanca sem maiores explicações. Sérgio reage e, no calor da briga, acaba por agredir também Aristarco, que surgiu a tempo de apartar os dois alunos. Curiosamente, Sérgio não é castigado pelo gesto ousado.

A seguir, o diretor revela a descoberta de um caso de “amor” entre dois alunos, feita a partir de uma carta encontrada por um dos inspetores na qual Cândido – que no bilhete assina como “Cândida” – aceita um convite de outro aluno, Emílio, para um encontro no jardim. Aristarco humilha-os publicamente, a eles e aos supostos cúmplices, outros alunos que conheciam o fato e não os teriam denunciado ao diretor. Em seguida ao evento, os alunos se amotinam contra Silvino, um inspetor que resolveu humilhar Franco sem razão aparente. A rebelião dos alunos é motivo de escândalo do diretor. No entanto, para não perder os alunos e o dinheiro das suas anuidades, Aristarco ameniza a situação, conversando mansamente com os alunos e colocando “panos quentes” no assunto.

Sérgio conquistou um amigo verdadeiro, Egbert, de origem inglesa, com quem o narrador construiu uma amizade sem interesses, compartilhou o amor ao saber e arriscou-se a escrever seus primeiros versos. Ele comparece com Egbert a um jantar em casa de Aristarco, por terem se destacado nos estudos, e teve a oportunidade de rever D. Ema, que o reconheceu.

Chegaram, então, os tempos dos exames na secretaria de Instrução Pública. Nessa época, Sérgio já dormia no alojamento dos alunos maiores, onde viveu um ambiente mais adulto e, também, mais propício para novas peripécias, como a de espiar o sono do inspetor Silvino ou entrar no grupo dos que haviam criado uma passagem secreta por uma janela para o jardim de Aristarco. Sérgio usa essa passagem para se vingar de Rômulo, que lhe espancara no passado, deixando-o do lado de fora do prédio, no jardim do diretor, sem jeito de voltar ao alojamento. Mais tarde, morre o amigo Franco, vítima dos maus tratos que sempre sofrera tanto em casa quanto dos funcionários do Ateneu.

Ao término do ano letivo, os alunos cotizaram-se e mandam erigir um busto em bronze do diretor que, orgulhoso, primeiramente se sente lisonjeado com a homenagem e, posteriormente, em insensata competição com a estátua.

A história termina com o fim do Ateneu, consumido por um incêndio que acreditam ser criminoso, causado por um aluno recém-admitido, Américo, que ali estava forçado pelo pai. Aristarco viu seu patrimônio ser dilapidado pelas chamas, enquanto Sérgio, que por dias e dias estava na casa do diretor sob os cuidados de D. Ema, que demonstrou ter imenso amor maternal pelo jovem, acompanhava a derrocada final.

Veja Também:

  • Artigo link externo sobre Pompéia na Wikipedia.

Resumo: O Bom-Crioulo (Adolfo Caminha)

Amaro, o Bom-Crioulo, é um jovem escravo fugido que se alista como marujo e impressiona a todos por sua extraordinária massa muscular, além de sua simpatia e disposição para o trabalho.

Fracasso sexuais com mulheres e, sobretudo, impulsos fisiológicos incontroláveis, levam-no a apaixonar-se por Aleixo, um jovem grumete loiro de apenas quinze anos. Este aceita o assédio de Amaro e, quando estão em terra, vivem juntos num quartinho sórdido de uma casa de cômodos. Enlouquecido de paixão, o Bom-Crioulo torna-se péssimo marinheiro, mete-se em confusões e é transferido para outro navio.

Seu amante adolescente acaba aceitando a proposta amorosa da dona da casa de pensão que, apesar de quarentona, também o deseja ardentemente. Bom-Crioulo estava no hospital, convalescendo de um terrível castigo físico ordenado pelo oficial da sua embarcação. Ao descobrir a traição, Bom-Crioulo foge do hospital e assassina Aleixo em plena rua, sendo preso de imediato.

Veja Também:

  • Artigo link externo sobre Adolfo Caminha na Wikipedia.

Resumo: Amar Verbo Intransitivo (Mário de Andrade)

Amar Verbo Intransitivo

A história se passa em São Paulo, no final da década de 1920.

Souza Costa é o pai de uma típica família burguesa paulista do início do século. Ele contrata os “serviços” da alemã Elza, conhecida como Fräulein, com o intuito de que seu filho inicie sua vida sexual de forma limpa, asséptica, sem se “sujar” com prostitutas e aproveitadoras. Ela afirma naturalmente que é uma profissional, séria, e que não gostaria de ser tomada como aventureira. Oficialmente, Fräulein seria a professora de alemão e piano da família Souza Costa.

Carlos aparece brincando com as irmã, ainda muito “menino”. No início, Fräulein se ressente por não prender a atenção de Carlos, pois ele era muito disperso, mas gradualmente vai envolvendo-o na sua sedução. Eles tinham todas as tardes aulas de alemão e cada vez mais Carlos se esforçava para aprender e aguardava ansioso as aulas.

Fräulein, em momentos de devaneios, criticava os modos dos latinos, se sentia uma raça superior, admirava e lia incessantemente os clássicos alemães, Goethe, Schiller e Wagner. Compreendia o expressionismo mas voltava à Goethe e Schiller. A esposa de Souza Costa, vendo as intimidades do filho para com ela, resolve falar com Elza e pedir para que deixem a família. Fräulein esclarece seu propósito de forma incrivelmente natural, e após uma conversa com o marido, a mãe decide que é melhor para seu filho que ela continuasse com suas lições.

Carlos após ter tido a aula mestra, começa a viciar-se em “estudar”. Certamente a didática de Fräulein era muito boa. Era tempo para Fräulein se despedir, tendo este trabalho concluído. Ela sabia que os afastamentos eram sempre seguidos de muitos protestos e gritos, então organiza um flagrante com o pai de Carlos. Souza Costa surpreende Carlos com Fräulein e utiliza-se deste pretexto para separá-los. Carlos reage e defende Fräulein, mas mesmo ele fica aturdido diante do argumento do pai: e se ele tivesse um filho? Ainda relutante, ele deixa-a ir.

Depois algumas semanas apático, Carlos volta a viver normalmente. Após se recuperar, Carlos avista acidentalmente Fräulein, já em um novo trabalho, e apenas a saúda com a cabeça. A vida continua para Carlos. Fräulein ainda iria seguir com alguns trabalhos a mais até conseguir dinheiro suficiente para voltar à sua terra.

Veja Também:

  • Artigo link externo sobre Mário de Andrade na Wikipedia.

 

Resumo: Os Ratos (Dyonélio Machado)

Os Ratos

Naziazeno é um simples funcionário público que dispõe de apenas um dia para pagar a dívida com o leiteiro do bairro, que o intima a liquidar suas contas atrasadas sob ameaça de corte no fornecimento de leite. Então, ele pega o bonde que leva à repartição onde trabalha e onde planeja pedir dinheiro emprestado ao diretor da repartição, seu chefe, e recorrer ao amigo Duque.

Quando chega à repartição, seus planos vão por terra: não consegue encontrar o chefe nem seu amigo Duque. Quando finalmente defronta-se com o chefe, este recusa-se emprestar a quantia, agravando ainda mais sua condição psicológica. Angustiado, Naziazeno consegue algum dinheiro emprestado para apostar na roleta. Ao chegar no cassino, Naziazeno pensa em apostar em apenas um número, porém se arrepende, e acaba apostando em cinco números diferentes, incluindo o que estava disposto a apostar. Por azar, o resultado acaba sendo bem aquele que ele iria apostar sozinho e, em vez dos cento e setenta e cinco mil-réis que teria ganho se tivesse apostado em um único número, ele ganha quinze mil-réis; guarda dez no bolso e pega cinco, com os quais compra mais fichas de aposta, na esperança de multiplicar seus ganhos. Porém, ele perde tudo.

No fim do dia, encontra os amigos Alcides e Duque, e os três procuram casas de agiotas, sem sucesso. Duque convence Alcides, que possui um anel penhorado com um agiota, a reavê-lo e renovar a penhora com outro agiota. Porém, para recuperar o anel, o trio é levado a fazer um empréstimo com outro agiota, Mondina.

Com o anel em mãos, Naziazeno e Alcides são instruídos por Duque a procurar Dupasquier, um comerciante de ouro. Mas conselho de Duque não logra êxito, já que Dupasquier trabalha apenas com venda, não com penhora. Quando finalmente os três conseguem negociar o penhor do objeto, e conseguem o dinheiro, Naziazeno chega em casa, exausto, e pensa e repensa o dia que passara, em estado psicológico abalado e de crescente angústia. O clímax da paranoia chega à forma de uma alucinação: seu subconsciente devaneia uma legião crescente de ratos que, com o passar do tempo, roem o dinheiro que obtivera, reduzindo-o a migalhas. Ele fantasia ouvir o barulho dos ratos na cozinha, nos pratos, nas panelas, na mesa.

De repente, tudo fica em silêncio, e Naziazeno se dá conta que está sentado na cama, ao lado de sua mulher, Adelaide. Ele fica insone por horas a fio, até o amanhecer. Naziazeno só dorme após perceber o leite sendo deixado à porta de sua casa.

Veja Também:

  • Artigo link externo sobre Dyonélio Machado na Wikipedia.

 

Resumo: Memórias de um Sargento de Milícias (Manuel Antonio de Almeida)

Memórias de um Sargento de Milícias

A história se passa no Rio de Janeiro, em meados do século XIX. Ela começa narrando a origem do protagonista, Leonardo Pataca. Ele é fruto de uma pisadela e de um beliscão – estranha forma de cortejo entre seu pai (também chamado Leonardo Pataca) e sua mãe (Maria Saloia) que garantiu a atribulada união do casal. Nasce daí Leonardinho, que já desde bebê mostra-se um tormento, com sua capacidade de chorar uma oitava acima do normal. Na infância, a melhor definição para seu comportamento é “flagelo”, tal o terror que causa aos que o rodeiam.

Uma importante mudança acontece ainda na meninice de Leonardinho. Seu pai flagrou Maria Saloia em flagrante de adultério, o que provoca a separação espalhafatosa do casal e o abandono da criança nas mãos do padrinho, o Barbeiro.

Pouco depois da separação, Leonardo Pataca apaixona-se por uma cigana, que o abandona mais tarde. Na esperança de reconquistá-la, chega a participar de um ritual de magia negra, o que o faz ser humilhantemente preso pelo temido chefe da polícia do Rio de Janeiro da época, o Major Vidigal. Ainda assim, ao descobrir que o motivo do desprezo é a presença de um outro homem, um padre (Mestre de Cerimônias), apronta vingança extremamente maquiavélica: com a ajuda de um amigo arruaceiro, Chico-Juca, ele consegue causar imensa confusão na festa de aniversário da cigana, provocando a prisão de vários presentes, inclusive do sacerdote, que estava no quarto da cigana, em roupa íntima.

Complicações também vão existir do lado de Leonardinho. Seu padrinho entrega-se todo ao menino, estragando-o com tanto mimo. Seu projeto é transformá-lo em padre, mas o garoto é um completo desastre na escola. Nem mesmo sua atividade como coroinha é perfeita, pois, mais preocupado em brincar e aprontar do que em exercer sua função corretamente, ele acaba sendo expulso.

Assim, de fracasso em fracasso, Leonardo acaba-se tornando um exemplo perfeito da vadiagem. Até que surge uma interessante oportunidade: casar-se com a abastada Luisinha, sobrinha da rica D. Maria. Porém, Leonardo precisa vencer dois obstáculos para conquistar o coração de sua amada: o caráter desligado de Luisinha e a concorrência do esperto José Manuel. A Comadre, sempre protetora do afilhado, consegue eliminar o rival, atribuindo-lhe falsamente a responsabilidade do rapto de uma moça.

No entanto, com a morte do Barbeiro, Leonardo volta a ficar sob a guarda do seu pai, num ambiente mergulhado de desentendimentos, o que provoca sua fuga de casa. Neste momento, ele reencontra o amigo de traquinagens dos tempos de coroinha, que o acolhe em casa. Enquanto está morando com ele, Leonardo conhece Vidinha, por quem se apaixona. O projeto de casamento é esquecido, o que é vantagem para José Manuel, que, com a ajuda do Mestre de Rezas, tem seu lugar garantido na casa de D. Maria e, portanto, consegue o casamento.

A situação de Leonardo é instável. Seu enlace amoroso com Vidinha irrita dois primos dela, que já a disputavam. Dessa forma, eles tramam contra o intruso invocando a autoridade legal: Leonardo quase é preso por crime de vadiagem. Por sorte, ele consegue fugir, num lance que deixa Vidigal extremamente irritado com a afronta. Só escapa da vingança do poderoso porque a Comadre arranja-lhe um emprego na Ucharia Real, o que o afasta do crime de vadiagem.

No entanto, Leonardo é flagrado em situação inadequada com a esposa de um funcionário da Ucharia, o Toma-Largura. Tal escândalo tem consequências complicadas. A primeira é a perda do emprego. A segunda é a explosão de ciúme de Vidinha que, ao saber do motivo da demissão, vai tomar satisfações na Ucharia. Leonardo segue-a, na tentativa de impedi-la de causar mais escândalo, mas, antes que entre no antigo local de trabalho, acaba preso por Vidigal.

O encarceramento provoca a aproximação entre Vidinha e Toma-Largura e a elevação de Leonardo a soldado. Ainda assim, ele não se acerta, pois acaba detido duas vezes: a primeira quando é flagrado participando de uma brincadeira em que se ironizava o Major e a segunda quando se descobre que ajudou na fuga de um procurado pela polícia, o Teotônio. Na realidade, essas faltas revelam uma fraqueza de caráter motivada mais pela bondade de Leonardo do que por uma suposta malignidade.

Por infringir demais a ordem, o castigo de Leonardo pode incluir algo mais grave do que o encarceramento: chibata. A Comadre e D. Maria vão, então, interceder junto a Vidigal e, para tanto, utilizarão uma pessoa bastante influente: Maria Regalada, caso antigo do policial. Com a intervenção delas e principalmente com a promessa de que, em troca, finalmente iria morar com Maria Regalada, Vidigal não só liberta Leonardo, mas também o promove a sargento de milícias.

Finalmente, a vida de Leonardo ganha estabilidade. Morre José Manuel, Luisinha fica viúva para pouco depois se casar com Leonardo, o qual, tendo dado baixa de seu cargo, pode garantir uma situação tranquila para sua esposa.

Veja Também:

  • Artigo link externo sobre Manuel Antonio de Almeida na Wikipedia.