Resumo: Medeia (Eurípides)

A história passa-se em Corinto, na Grécia, durante a Antiguidade mitológica.

Algum tempo antes, Jasão comandou a expedição dos Argonautas, cujo objetivo era reconquistar o Velo de Ouro. Durante a expedição, Jasão conheceu Medeia, filha do rei da Cólquida e poderosa feiticeira, que se apaixonara por ele. Usando suas artes mágicas, Medeia faz com que ele supere seus desafios e consiga o Velo de Ouro; em troca, Jasão prometeu levá-la para a Grécia e se casar com ela.

A peça começa com Medeia enraivecida com Jasão, pois ele descumprira sua promessa e se casará com Creusa, filha de Creonte, rei de Corinto. A Ama, ouvindo a angústia de Medeia, teme o que ela poderá fazer a si mesma ou aos filhos que tivera com Jasão.

Creonte, antecipando a ira de Medeia, chega e revela a sua decisão de mandá-la para o exílio. Medeia implora o adiamento da expulsão por um dia, acabando Creonte por concordar. Jasão chega para explicar sua aparente traição. Ele afirma que não podia perder a oportunidade de casar com uma princesa, sendo Medeia apenas uma mulher bárbara. Ele espera conseguir juntar as duas famílias no futuro, e manter Medeia como sua amante. Nem Medeia nem o Coro das mulheres coríntias acreditam nele. Ela lembra Jasão que deixou o seu próprio povo por ele, e que ela o salvou e adormeceu o dragão. Jasão promete apoiá-la após seu novo casamento, mas Medeia o rejeita.

A seguir Medeia encontra Egeu, rei de Atenas. Ele declara que, apesar de casado, ainda não tem filhos e que visitou o oráculo de Delfos para descobrir o que fazer. Medeia conta-lhe a sua situação e implora que ele a deixe ir para Atenas, prometendo em troca ajudá-lo a acabar com a sua infertilidade. Sem saber do plano de vingança de Medeia, Egeu concorda.

Medeia fica obcecada pela ideia de assassinar Creusa e Creonte. Ela examina alguns mantos, que eram uma herança da família e tinham sido presenteados por Hélio, o deus do Sol, do qual ela descendia. Medeia decide envenenar os mantos e uma coroa dourada, e dá-los como presentes para a noiva, na esperança de que ela os use e morra dolorosamente. Medeia decide também matar os seus próprios filhos, não porque as crianças tenham feito algo de mal, mas porque sente que é a melhor forma de magoar Jasão.

Ela chama Jasão mais uma vez. Quando ele chega, Medeia pede desculpas por contrariar a decisão dele de casar com Creusa. Jasão se convence do arrependimento dela. Ela pede permissão para presentear Creusa com algumas vestes para seu casamento próximo, dizendo esperar que Creusa interceda junto ao pai para evitar que ela e os filhos sejam exilados. Jasão acaba por concordar e permite que seus filhos entreguem a Creusa a coroa e os mantos envenenados.

Entra um mensageiro, que descreve as mortes de Creusa e de Creonte. Quando as crianças chegaram com os mantos e a coroa, Creusa as vestiu alegremente e foi procurar o pai. O veneno atingiu Creusa em pouco tempo e ela caiu no chão, morrendo logo depois. Tentando salvar a filha, Creonte tomou-a nos braços, mas também é envenenado ao tocar nas roupas e morre.

Enquanto se regozija com as duas mortes, Medeia resolve terminar sua vingança. Uma vez que Jasão a envergonhou ao tentar começar uma nova família, ela destruirá sua família anterior, matando os próprios filhos. Medeia hesita por alguns instantes, pensando na dor que sofrerá com as mortes dos seus filhos. No entanto, ela mantém sua determinação de causar a maior dor possível a Jasão. Medeia pega uma faca e sai. Enquanto o Coro lamenta a decisão dela, ouvem-se as crianças gritando. Jasão regressa para confrontar Medeia sobre o assassinato de Creonte e Creusa e rapidamente descobre que os seus filhos foram mortos também.

Então Medeia aparece acima do palco com os corpos de seus filhos na carruagem do deus Hélio. Medeia confronta Jasão, divertindo-se com a sua dor por ser incapaz de abraçar seus filhos novamente.

Medeia foge para Atenas, e a peça termina com o Coro afirmando que a vontade dos deuses foi cumprida.

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Resumo: A Casa de Bernarda Alba (Federico García Lorca)

 

A peça se passa num pequeno povoado do interior da Espanha, no interior da casa de Bernarda Alba.

Ato 1

A história começa com um diálogo entre La Poncia, serva mais antiga da casa, e outra mulher chamada apenas de “Criada”. Elas conversam enquanto arrumam a sala de visitas para a chegada dos que acompanharam o cortejo fúnebre do segundo marido de Bernarda Alba, Antonio Maria Benavides. As duas descrevem a dona da casa como uma tirana de todos os que a rodeiam, além de ser uma mãe controladora das cinco filhas feias que lhe restaram com a morte do esposo – Angústias, Madalena, Amélia, Martírio e Adela. Angústias, a filha mais velha, é fruto do primeiro casamento de Bernarda Alba e a única detentora de um dote deixado pelo pai, ao contrário das suas irmãs, que nada herdariam do pai recém-falecido.

Chegam as mulheres vindas do enterro de Antonio, e Bernarda dá ordens às criadas para que sirvam os homens, que ficaram conversando do lado de fora da casa. Ela também conduz as orações pelo morto. Depois da saída das convidadas, Bernarda maldiz o falatório que, acredita, será iniciado pelas pessoas do povoado assim que passarem pelos umbrais de sua porta.

Bernarda anuncia que as mulheres da casa manterão um luto de oito anos, nos quais permanecerão trancadas naquela casa, sem contato com o mundo exterior. Ouvem-se gritos. A Criada entra e conta para Bernarda Alba os desvarios de Maria Josefa, a avó senil das moças. Ela ordena à serviçal que leve sua mãe para o pátio, para que os vizinhos não a ouçam, mas orienta em que lugar específico deve ser mantida a idosa para que os vizinhos não a vejam.

Dando por falta de sua filha Angústias, Bernarda descobre que a moça estava conversando com um homem no portão de casa e a espanca. Bernarda opõe-se à ideia de que suas filhas mantenham qualquer relacionamento com homens. Amélia e Martírio, apoiando Bernarda, contam a história do pai de Adelaida, uma moça do povoado. As desilusões que ele teria causado às mulheres são usadas como exemplo do terror que é a convivência com os homens.

Madalena conta às irmãs que Angústias será pedida em casamento por Pepe el Romano, o que atribui apenas ao interesse do rapaz pelo dote da irmã. Adela, a mais nova, apaixonada em segredo pelo pretendente da irmã, lamenta sua sorte.

Entra Maria Josefa, que pede aos gritos que a deixem ir embora para se casar e ter uma vida alegre, expressando na sua loucura a vontade das netas. Ela é levada para longe pela Criada.

Ato 2

As irmãs encontram-se num aposento no interior da casa, tecendo e bordando o enxoval de Angústias. Elas conversam sobre a corte de Pepe à irmã mais velha. La Poncia conta a sua história, descrevendo como conheceu e se casou com um marido que pouca alegria lhe trouxera.

Adela não está presente, e as irmãs preocupam-se com ela. Procurada pelas irmãs, Adela entra um tanto transtornada, e La Poncia diz-lhe em particular que seu mal é cobiçar o noivo de sua irmã. A serva tenta convencer Adela de que seu destino é aguardar que sua irmã venha a falecer para assumir o posto de segunda esposa de Pepe. La Poncia diz que assim está defendendo a honra da casa onde trabalha há tantos anos. Adela revolta-se com La Poncia e afirma que lutará por seu direito de amar o homem que deseja. As demais irmãs, por sua vez, lamentam seus destinos de mulheres solitárias.

La Poncia conta-lhes sobre os novos homens que chegaram ao povoado para trabalhar na colheita próxima. As irmãs ouvem o canto deles e saem para espiar pelas frestas das janelas os homens que passam na rua.

Ao retornarem, Angústias reclama o desaparecimento de uma fotografia de Pepe, que estava em seu quarto e fora presente de seu noivo. Bernarda ordena que La Poncia procure o retrato desaparecido. As suspeitas recaem sobre a mais jovem, Adela, mas a serva encontra o retrato entre as roupas de dormir de Martírio. Bernarda ameaça espancar a filha, que diz ter feito apenas uma brincadeira inocente com Angústias. Mas Adela acusa Martírio de nutrir uma paixão secreta por Pepe. As paixões ocultas, a inveja e a hipocrisia começam, então, a ser desmascaradas: Martírio e Adela dizem a Angústias que Pepe el Romano casa-se apenas por interesse em seu dote, e Bernarda ordena, rispidamente, que as filhas se calem.

La Poncia, em conversa reservada com Bernarda, diz suspeitar que Martírio escondera o retrato por conta do amor de Enrique Humanes, – um rapaz que a cortejara mas fora rechaçado pela mãe por ser de classe social inferior. Aborrecida com os comentários da serva, Bernarda relembra-a de que ela está naquela casa por piedade da matriarca, que a acolhera ainda jovem, mesmo sendo La Poncia filha de uma meretriz.

Sem perceber o perigo do comentário, La Poncia conta que Pepe esteve até as quatro e meia da madrugada a conversar com a noiva. Diante da negativa de Angústias, percebe-se que ele esteve em companhia de outra pessoa da casa. Martírio e Adela conversam em particular, e a mais jovem revela que Pepe el Romano está a cortejá-la em segredo.

La Poncia traz a notícia de uma jovem da aldeia que engravidara sendo solteira, dera à luz um menino em segredo e que o matara, sendo o crime revelado por acaso. Ouve-se o povo nas ruas que clama pelo linchamento da moça. Bernarda e Martírio saem em apoio à morte da pecadora, enquanto Adela desespera-se e clama pela libertação da moça, recordando que ela também corria perigo por seu amor secreto por Pepe.

Ato 3

Bernarda Alba recebe a visita de Prudência no pátio interno da casa, e com ela compartilha uma ceia modesta. A visitante fala sobre os desgostos causados por sua filha, expulsa de casa pelo pai.

Angústias e Martírio estão brigadas, e Bernarda insiste que elas façam as pazes ao menos para manter as aparências de um lar em harmonia. A filha mais velha diz desconfiar de Pepe, que lhe avisara que aquela noite não iria à casa por conta de compromissos com os pais em outro povoado, e todas se retiram para dormir.

Bernarda e La Poncia conversam sobre as suspeitas da empregada de que alguma coisa grande estaria se passando na casa. A matriarca rechaça essa ideia, dizendo que tem total controle sobre a casa e sua família. La Poncia parece antever a desgraça que se aproxima e comenta com a Criada sobre o envolvimento de Adela e Pepe.

Adela aparece no pátio e some logo em seguida, entrando no curral. Maria Josefa chega carregando uma ovelha nos braços e, em sua loucura, fala do poder de Pepe el Romano sobre todas as netas, para as quais prevê um destino cruel de solidão.

Martírio vai até o curral e chama Adela, que aparece algum tempo depois, recompondo-se. Elas brigam por conta do que Adela estaria fazendo com Angústias, ao roubar-lhe o futuro esposo. Adela acusa Martírio de também estar apaixonada pelo rapaz, e esta acaba por confessar que o ama. As duas discutem violentamente. Martírio diz que irá denunciar Adela, e esta última fala de sua intenção de fugir e tornar-se amante de Pepe el Romano. Bernarda aparece no pátio e ameaça surrar Adela. Esta toma-lhe o bastão das mãos e quebra-o ao meio. As outra mulheres chegam, atraídas pelo alvoroço. Então Adela diz a Angústias que ela, a mais jovem, é a verdadeira mulher de Pepe.

Bernarda se afasta e retorna com uma espingarda. Ela entra no curral e atira na escuridão. Martírio mente, dando a entender que a mãe matara Pepe el Romano, que na verdade apenas correra ao ouvir o disparo. Adela corre para o curral e lá se tranca. Bernarda ordena que Adela abra a porta, mas é La Poncia quem abre o curral e descobre a tragédia. Adela está morta, enforcada. Bernarda, diante da comoção de todas e da notícia trazida pela criada de que os vizinhos já se levantavam para ver o que acontecia naquela casa, ordena que a filha morta fosse vestida como se fosse donzela e que as demais filhas mantivessem silêncio sobre o que ali se passara.

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  • Artigo link externo sobre Federico García Lorca na Wikipedia.

Resumo: Um Deus Chamado Dinheiro (Aristófanes)

 

A peça se passa em Atenas, na Antiguidade.

Crêmilo está de tal maneira indignado ao ver ricos desonestos por todos os lados, enquanto ele mesmo é honesto e pobre, que consulta o oráculo de Apolo para saber se deveria ou não educar seu filho como um trapaceiro. O deus aconselha-o a seguir a primeira pessoa que encontre ao deixar o santuário e levá-la para ir morar com ele em sua casa. Essa pessoa é um velho cego que, sob pressão de ameaças, revela sua identidade: trata-se de Pluto, o deus da riqueza, que Zeus cegara por estar desgostoso com os homens.

Crêmilo decide obter a cura da cegueira de Pluto, de tal maneira que ele possa evitar as pessoas más e enriquecer apenas as virtuosas. Pluto teme a vingança de Zeus, porém convence-se logo de que é realmente mais poderoso que o próprio Zeus, e deixa-se levar até o templo de Asclépio, deus-médico, para ser curado. A Pobreza intervém e tenta convencer Crêmilo a desistir de sua ideia, alertando-o para as consequências desastrosas de sua decisão, pois a pobreza é a fonte de todas as virtudes, a força motriz de todo esforço humano e causa da grandeza da Hélade. Mas Crêmilo não se deixa persuadir.

A sessão de cura no templo de Asclépio é descrita hilariantemente e Pluto, já com a visão recuperada, volta à casa de Crêmilo, que agora ficara rico. Apesar da riqueza estar sendo dada apenas a quem merece, os problemas parecem aumentar cada vez mais. Os próprios deuses se queixam que os sacrifícios acabaram e eles estão sendo deixados de lado, já que a prosperidade não depende mais deles.

Diversos visitantes chegam à casa de Crêmilo: um homem honesto, que fora pobre durante muito tempo e agora está próspero, desejoso de consagrar ao deus seu manto e suas sandálias velhas e estragadas; um sicofanta, indignado por estar reduzido à ruína; uma velha, abandonada pelo gigolô que antes a adulava para explorá-la; o deus Hermes, que agora nada obtém no Olimpo para comer e procura emprego na Terra; e finalmente o próprio sacerdote de Zeus, também na iminência de morrer de fome.

A situação se torna intolerável até que Pluto resolve voltar a proceder como antes, distribuindo a riqueza ao acaso, sem levar em conta o mérito de quem a recebe. Em pouco tempo, o descontentamento diminui. A história acaba com uma procissão acompanhando Pluto até sua nova morada no Partenon.

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Resumo: As Nuvens (Aristófanes)

 

A peça se passa em Atenas, na Antiguidade.

Estrepsíades, um fazendeiro idoso, estava sendo arruinado por sua mulher, de família rica, e por seu filho Fidípides, fanático por carros e cavalos. Estrepsíades ouviu falar no filósofo Sócrates, que, usando seus sofismas, era capaz de fazer a causa pior parecer a melhor. Ele ficou esperançoso de poder enganar seus credores valendo-se dos ensinamentos socráticos. Como seu filho recusa-se a entrar para a escola de Sócrates (chamada de “Pensatório”, ou “Oficina de Pensamento”), Estrepsíades toma a decisão de ele próprio frequentá-la.

No Pensatório, o fazendeiro é apresentado por Sócrates às Nuvens, as verdadeiras divindades causadoras dos trovões e das chuvas (e não Zeus, o deus maior dos gregos, como se supunha). No entanto, Estrepsíades é tão simplório e está tão preocupado com suas dívidas que nada consegue aprender. Fidípides acaba se tornando aluno de Sócrates no lugar de seu pai.

Sócrates entrega Fidípides ao Raciocínio Justo e ao Raciocínio Injusto para receber lições diretamente deles. Há um debate entre os dois Raciocínios, no qual o vencedor é o Raciocínio Injusto. Com a ajuda das lições recebidas por Fidípides, Estrepsíades consegue livrar-se de seus credores.

A situação vira-se contra Estrepsíades quando, valendo-se das mesmas lições, Fidípides passa a espancar o pai e prova que, agindo assim, está fazendo apenas justiça. Desgostoso com a situação, Estrepsíades incendeia o Pensatório, para desespero dos demais discípulos de Sócrates.

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Resumo: A Escola das Mulheres (Molière)

Arnolfo, também chamado de Sr. de Vendaval, é um homem maduro que gostaria de desfrutar da felicidade conjugal, mas é atormentado pelo medo de ser enganado por uma mulher. Então ele decidiu se casar com sua jovem pupila Inês, criada na ignorância das coisas do mundo, reclusa num convento desde os quatro anos de idade. Ao retornar de uma breve viagem ao campo, ele anuncia seus planos para seu amigo Crisaldo. Ele desaprova a forma como a jovem foi mantida longe da realidade e critica Arnolfo por desejar uma esposa estúpida. Arnolfo rebate seus argumentos, informando que já retirou Inês do convento há alguns dias, e a instalou numa casa próxima, para evitar comentários maliciosos. Ele também lembra Crisaldo que deseja ser chamado pelo seu imaginário título de Sr. de Vendaval, que prefere ao próprio nome.

Horácio, filho de Oronte, chega para visitar Arnolfo, velho amigo do seu pai. Ele diz que chegou há alguns dias, mas não o encontrou em casa. Confiando em Arnolfo e sem saber do seu papel de tutor, Horácio confessa que apaixonou-se por Inês à primeira vista e a cortejou. Ele também zomba do desconhecido Sr. de Vendaval. Arnolfo ouve tudo sem manifestar sua secreta amargura.

Após a partida de Horácio, Arnolfo repreende os criados, Alan e Georgete, por permitir que um jovem conheça sua pupila. Arnolfo chama Inês e a interroga para saber o que aconteceu durante esta entrevista e o conteúdo de seus comentários. Ele se tranquiliza com a história que ela lhe conta, uma vez que sua reputação não foi manchada, mas Arnolfo decide apressar o casamento. Inês, acreditando que seu futuro marido é Horácio, expressa sua gratidão a ele, mas o tutor a corrige sem rodeios.

Arnolfo ensina à sua futura esposa o básico dos deveres conjugais, sem esquecer os terríveis efeitos da infidelidade. Inês parece resignar-se a este triste futuro. Horácio encontra o tutor, que saboreia a decepção do rapaz: os criados recusaram-lhe outra visita, e a bela jovem o mandou embora jogando uma pedra nele… à qual estava anexada uma palavra de amor. Arnolfo se enfurece, forçado a reconhecer seu ciúme e, portanto, seu amor; e ele gostaria de ser amado em troca.

Ainda mais determinado, Arnolfo dá instruções drásticas a seus criados. Se Horácio aparecer novamente para ver Inês, eles devem expulsá-lo com golpes de vara. Pouco depois, o tutor e o pretendente se encontram novamente. Horácio informa que conseguiu entrar na casa, mas que a chegada inesperada do Sr. de Vendaval obrigou Inês a escondê-lo em um armário. Ele também lhe confidencia que tem um encontro marcado para aquela noite e que planeja raptar a jovem. Assim informado, Arnolfo chama seu tabelião para redigir o contrato de casamento e se prepara para colocar seu rival diante de um fato consumado.

A armadilha funcionou bem. Ao chegar, Horácio foi espancado pelos dois servos e ele não tem escolha a não ser nocauteá-los. Inês fugiu e se juntou a seu amante, não querendo voltar para seu tutor. Horácio, ainda sem saber a identidade do tutor, pede a Arnolfo que abrigue e proteja a jovem. Arnolfo triunfa, mas Inês ignora soberbamente seu discurso exaltado.

Chega Oronte, pai de Horácio, afirmando que quer unir o filho à filha do amigo Henrique, de volta das Américas, após longa estada. Horácio pede ajuda a Arnolfo, que ironicamente revela sua identidade a ele. Durante a discussão, é revelado que Inês é filha de Henrique, fruto de um relacionamento secreto dele com uma camponesa. Era a mesma mulher que, como mãe solteira, entregara Inês para ser criada pelo Sr. de Vendaval… Então Henrique entrega a jovem aos servos de Arnolfo; os amantes poderão unir seus destinos, para grande desespero do ex-guardião. Arnolfo nada pode fazer a não ser se conformar.

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  • Artigo link externo sobre Molière na Wikipedia.

Resumo: A Cantora Careca (Eugène Ionesco)

A peça se passa em Londres. São nove horas da noite em um interior burguês, a sala de estar do Sr. e Sra. Smith. O relógio toca as “dezessete badaladas inglesas”.

O Sr. e a Sra. Smith terminaram o jantar. Eles conversam perto do fogo. O Sr. Smith vasculha o diário dele. O casal faz diversos comentários fúteis, muitas vezes absurdos, até mesmo incoerentes. Seu raciocínio é surpreendente e passa sem transição de um assunto para outro.

Eles falam especialmente sobre uma família na qual todos os membros se chamam Bobby Watson. O Sr. Smith, por outro lado, sente-se surpreso por ser sempre mencionada a idade dos falecidos e nunca a dos recém-nascidos. Os dois parecem discordar, mas rapidamente se reconciliam. O relógio continua tocando “sete vezes”, depois “três vezes”, “cinco vezes”, “duas vezes”…

Mary, a empregada, entra em cena e também faz comentários bastante incoerentes. Logo a seguir, ela anuncia a visita de um casal amigo, os Martin. O Sr. e a Sra. Smith deixam a peça para ir se vestir. Mary recebe os convidados, os repreende pelo atraso e também sai.

Os Martins estão esperando na sala dos Smiths. Sentam-se frente a frente. Eles aparentemente não se conhecem. O diálogo que se inicia, no entanto, permite-lhes observar uma série de coincidências curiosas. Ambos são de Manchester. Cerca de cinco semanas atrás, eles pegaram o mesmo trem, ocuparam o mesmo vagão e o mesmo compartimento. Eles também descobrem que moram em Londres, na mesma rua, no mesmo número, no mesmo apartamento e que dormem no mesmo quarto. Eles acabam caindo nos braços um do outro quando descobrem que são marido e mulher. Os dois cônjuges se beijam e adormecem.

Mas, Mary, a empregada, de volta ao palco, questiona esta reunião e revela ao público que, na realidade, o casal Martin não é o casal Martin. Ela mesma confessa sua verdadeira identidade: “Meu nome verdadeiro é Sherlock Holmes.” Os Martins preferem ignorar a feia verdade. Eles estão muito felizes por terem se encontrado e prometem um ao outro que não se perderão novamente.

Os Smiths entram para cumprimentar seus convidados. O relógio continua a soar incoerentemente. Os Smiths e os Martins agora estão conversando para não dizer nada. Então, a campainha da porta soa três vezes. A Sra. Smith vai abrir, mas ninguém está lá. Ela chega a esta conclusão paradoxal: “A experiência nos ensina que quando você ouve a campainha tocando, nunca há ninguém lá”. Esta afirmação desencadeou uma viva controvérsia. A campainha toca uma quarta vez. O Sr. Smith vai abrir. Aparece desta vez o capitão dos bombeiros.

Os dois casais questionam o capitão dos bombeiros para tentar desvendar o mistério da campainha tocando. Mas esse enigma parece insolúvel. O capitão dos bombeiros reclama dos incêndios que estão se tornando cada vez mais raros. Então ele começa a contar anedotas incoerentes que os dois casais cumprimentam com comentários estranhos.

Reaparece Mary, que também deseja contar uma anedota. Os Smiths estão indignados com a atitude da sua empregada. Descobre-se então que a empregada e o bombeiro são ex-amantes. Mary quer desesperadamente recitar um poema em homenagem ao capitão. Por insistência dos Martins, ela é autorizada a falar, depois é empurrada para fora da sala. O bombeiro então se despede, invocando um incêndio que se espera “em três quartos de hora e dezesseis minutos exatamente”. Antes de sair, ele pede notícias da cantora careca. Os convidados fazem um silêncio constrangedor, então a Sra. Smith responde: “Ela sempre faz o cabelo da mesma maneira.”

Os Smiths e os Martins retomam seus lugares e trocam uma série de frases desprovidas de qualquer lógica. As frases vão ficando cada vez mais curtas, se tornam uma série de palavras e depois uma onomatopeia. A situação fica frenética. Todos acabam repetindo a mesma frase: “Não é lá, é aqui!”. Eles então saem do palco, gritando no escuro.

A luz volta. O Sr. e a Sra. Martin estão sentados no lugar dos Smiths. Eles repetem as falas da primeira cena. A peça parece recomeçar, como se os personagens, e os indivíduos em geral, fossem intercambiáveis. Então a cortina se fecha lentamente.

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  • Artigo link externo sobre Eugène Ionesco na Wikipedia.

Frases: Eurípides

  • Aia: Se mal padeces, teu mal bem termina. (“Hipólito”)
  • Aia: Vida não nos convém muito severa. (“Hipólito”)
  • Ama: As almas jovens não conhecem o sofrimento. (“Medeia”)
  • Creonte: Uma pessoa se resguarda mais facilmente dos impulsos de cólera do que de tramas silenciosas. (“Medeia”)
  • Electra: Os maus, muitas vezes, proporcionam aos bons a oportunidade para a prática de ações exemplares. (“Electra”)
  • Electra: Para os mortais é uma felicidade encontrar quem os conforte no infortúnio. (“Electra”)
  • Electra: Que ninguém se considere vencedor enquanto não tiver atingido o termo da vida humana! (“Electra”)
  • Escravo: Todo homem ama mais a si próprio do que a seu próximo. (“Medeia”)
  • Hipólito: Dizer o bom a muitos, é louvável. (“Hipólito”)
  • Hipólito: Sou o mesmo aos de longe, e aos de perto. (“Hipólito”)
  • Medeia: A mulher é comumente temerosa, foge da luta, estremece à vista da arma; mas, quando seu leito é ultrajado, não existe alma mais sedenta de sangue. (“Medeia”)
  • Orestes: A compaixão é natural, não nas naturezas rudes, mas no coração dos sábios; mas a prudência em excesso pode ser prejudicial a quem a possui. (“Electra”)
  • Orestes: Não há sinal seguro quanto à virtude de um homem. (“Electra”)

Veja Também:

  • Artigo sobre Eurípides na Wikipedia.
  • Resumo de “Electra”.
  • Resumo de “Hipólito”.

Resumo: O Falecido Matias Pascal (Luigi Pirandello)

A história começa com o personagem principal, Matias Pascal, passando pelas sensações confusas da adolescência, que incluem o interesse amoroso pela sua amiga Sofia, e as responsabilidades que se aproximam por estar se tornando um adulto. Após insucesso inicial com Sofia, Matias se envolve com outra moça, Romilda, a engravida e acaba se vendo obrigado a se casar com ela. Sua sogra, a viúva Pescattore, o atormenta constantemente. Ele arranja um emprego mal pago como bibliotecário, e vive infeliz. Seu sofrimento chega ao auge quando seu filho e sua mãe morrem.

Abalado, ele larga tudo na primeira oportunidade e foge para Monte Carlo, Mônaco. Matias aposta todo seu dinheiro no cassino, e, inacreditavelmente, vence todas as apostas, conseguindo uma pequena fortuna. No caminho para retornar ao seu odiado cotidiano, descobre que os jornais de sua região o estão declarando morto. As notícias afirmam que ele havia se suicidado numa propriedade de sua família; sua esposa e sua sogra tinham identificado o morto como sendo Matias.

Apesar de perplexo com a situação, ele percebe a oportunidade de se afastar da vida infeliz que levava. Mas, para isso, precisa se separar completamente do ”falecido” Matias Pascal. Assume então uma nova identidade, denominando-se Adriano Meis, e mudando completamente seu visual: roupas, óculos e, até mesmo, eventualmente fazendo uma cirurgia para consertar o olho estrábico que possuía. Enquanto isso, ele começa a se hospedar em Roma no quarto da casa de uma família, onde se apaixona pela filha do dono, Adriana.

O cunhado de Adriana, no entanto, tem interesse financeiro em se casar com ela e, percebendo a ameaça representada por ”Adriano”, planeja afastar os dois. Ele rouba o dinheiro de ”Adriano” guardado no seu cofre e lhe apresenta Pepita, filha de um barão. Apesar de não gostar tanto de Pepita, ”Adriano” começa a cortejar a moça, despertando os ciúmes do amante dela, que o desafia para um duelo.

”Adriano” aceita, porém não consegue um padrinho e, sentindo-se desgraçado, resolve ”matar” Adriano Meis e ”ressuscitar” Matias Pascal. Ele forja um suicídio e retorna a Miragno, sua cidade natal. Lá, em visita a seu primo, descobre que sua esposa casou-se com seu amigo Pomino e que eles já tem um filho. Matias então vai à casa onde moram o casal e a viúva Pescattore e os confronta, decidindo, por fim, deixá-los em paz e recomeçando sua vida como Matias.

Veja Também:

  • Artigo link externo sobre Luigi Pirandello na Wikipedia.

Resumo: Auto da Barca do Inferno (Gil Vicente)

A peça se passa durante a Idade Média. Em um porto imaginário, estão ancorados dois barcos. O primeiro chama-se a Barca da Glória; ele é comandado por um anjo, e tem como destino o Paraíso. O segundo é a Barca do Inferno, e é tripulado pelo Diabo e seu companheiro. Os barcos estão ancorados e aguardam a chegada das almas, que serão julgadas de acordo com seus atos enquanto eram vivas e destinadas a um dos dois barcos. O anjo se mostra um tanto silencioso e modesto; já o Diabo e seu companheiro estão muito animados, pois esperam lotar rapidamente sua embarcação.

O primeiro a chegar é o fidalgo. Ele vem vestido com uma roupa requintada e vem acompanhado de um pajem, que carrega uma cadeira, simbolizando o seu status social. Esse representante da nobreza é condenado à Barca do Inferno por ter sido um tirano e levado uma vida cheia de luxúria e pecados. A arrogância e o orgulho do fidalgo são tamanhos que ele zomba do Diabo ao ser informado do seu destino, pois havia deixado no mundo dos vivos quem rezasse por ele. Ele dirige-se para a Barca da Glória mas é rejeitado pelo anjo. Só então percebe que de nada valem as orações encomendadas e se mostra arrependido. De nada adianta, e ele é obrigado a embarcar no barco infernal.

O segundo personagem a ser julgado é o agiota. Ao chegar ao porto, o Diabo o saúda como se fosse seu parente e manda que ele entre. Ao descobrir o destino do barco infernal, o agiota recusa-se a embarcar e vai até a Barca da Glorificação, mas o anjo o recusa pela sua ganância, usura e avareza. O agiota tenta então convencer o Diabo a deixá-lo voltar ao mundo dos vivos para buscar o dinheiro que acumulou durante a sua vida. Mas o Diabo não cede a seus argumentos e ele acaba entrando na Barca do Inferno.

A próxima alma a chegar é o pobre. Desprovido de tudo, ele é recebido pelo Diabo, que tenta convencê-lo a entrar em sua barca. Ao descobrir o destino do barco, o pobre xinga o Diabo e vai até o anjo. Lá chegando, o pobre diz não ser ninguém e, por causa da sua humildade e modéstia, ele é aceito na Barca da Glorificação.

O outro personagem que chega é o sapateiro, que traz consigo todas as sua ferramentas de trabalho. Ele é condenado por roubar o povo com seu ofício durante trinta anos e por sua falsidade religiosa. De nada adianta seu apelo ao anjo.

Acompanhado pela amante, chega o frade. Alegre, cantante e bom dançarino, o frade veste-se com as tradicionais roupas sacerdotais mas traz sob elas instrumentos e roupas usadas pelos praticantes da esgrima, na qual ele é muito hábil. O Diabo o convida a entrar na sua embarcação, o que causa indignação no frade, pois ele foi um religioso e acredita que seus pecados deveriam ser perdoados. Ele e a amante seguem para o Barco da Glorificação, onde o anjo sequer lhe dirige a palavra, tamanha a sua reprovação. Cabe ao pobre a tarefa de condenar o frade à Barca do Inferno por seu falso moralismo religioso e comportamento escandaloso.

Depois do frade, chega Brísida Vaz, uma mistura de feiticeira e alcoviteira. Ao ser recebida pelo Diabo, ela declara possuir muitas joias e três arcas cheias de materiais usados em feitiçaria. Ela gaba-se de ter prostituído seiscentas meninas, nem todas das quais eram virgens, tendo assim também enganado muitos homens. Ela tenta convencer o anjo a deixá-la entrar no seu barco, usando todos os recursos de sedução que dispõe, mas de nada adianta. Ela é condenada à Barca do Inferno pela prática de feitiçaria, prostituição e alcovitagem.

A seguir, chega o judeu, acompanhado de seu bode, símbolo do Judaísmo. Ele dirige-se ao barco infernal e até mesmo o Diabo, que sempre mostrou-se muito ansioso por almas, recusa-se a levá-lo. Então o judeu tenta subornar o Diabo, mas ele o aconselha a procurar a outra embarcação, alegando que não pode levar bodes na sua barca. A seguir, o judeu tenta aproximar-se do anjo, mas o pobre o impede, alegando que ele em vida desrespeitou o Cristianismo. Por alguns instantes, parece que o destino do judeu é ficar vagando sem destino pelo porto, mas o Diabo acaba decidindo levar o judeu e seu bode rebocados na sua barca.

Depois do judeu, surge o juiz, trazendo consigo vários processos. Ao ser convidado a embarcar na Barca do Inferno ele começa a argumentar em sua defesa. No meio da argumentação, chega o procurador, trazendo consigo vários livros. Ao ser chamado a embarcar, ele também se recusa e os dois conversam sobre os crimes que cometeram juntos enquanto seguem para a Barca da Glorificação. Os dois usam vários termos em latim misturados a termos jurídicos, de difícil compreensão. No entanto, o anjo, ajudado pelo pobre, não permite que eles embarquem, condenando-os à barca infernal por usarem o poder do Judiciário em benefício próprio. Dentro da Barca do Inferno, o juiz e o procurador conversam animadamente com Brísida Vaz, mostrando assim que eles se conheciam muito bem.

O próximo personagem a ser julgado é Pero de Lisboa, que tinha sido enforcado, e ainda traz no pescoço a corda usada na sua execução. Tudo indica que ele tinha cometido vários crimes em nome de seu chefe, Garcia Moniz. Ele acredita que a morte na forca o redime dos seus pecados, mas isso não ocorre e ele é condenado. Ao entrar na Barca do Inferno, ele é saudado por Brísida Vaz; aparentemente, Pero também trabalhava no Judiciário e conhecia vários dos condenados.

Os últimos personagens a chegar são quatro cavaleiros que morreram nas Cruzadas em defesa do Cristianismo. Eles passam cantando pelo barco infernal. O Diabo os convida a entrar, mas eles o ignoram e seguem em direção à Barca da Glorificação, onde são recebidos pelo anjo. O fato de morrer por Cristo garante a eles uma espécie de passaporte para a salvação.

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