Resumo: Precisamos Falar sobre o Kevin (Lionel Shriver)

 

A história se passa nos Estados Unidos, no início do século XXI, e é contada do ponto de vista de Eva Khatchadourian, a mãe de Kevin, através de cartas que ela escreve após a série de assassinatos brutais que Kevin comete.

Quando criança, Kevin apresenta os sinais clássicos de um psicopata e demonstra pouca ou nenhuma afeição por sua família. Kevin parece reservar uma aversão especial à sua mãe. Ele a tortura desde cedo, recusando-se deliberadamente a usar o penico e borrifando tinta nas paredes de um quarto que Eva decora com mapas. A única coisa pela qual Kevin demonstra real interesse é o arco e flecha, depois de ler “”Robin Hood””.

À medida que Kevin cresce, seu comportamento piora. Ele comporta-se como um filho amoroso na frente do pai, mas continua a manipular e torturar a mãe, para horror de Eva e negação de seu pai, Franklin Plaskett. Eva tem outra filha, Celia, na tentativa de se sentir próxima de alguém de sua família; no entanto, um trágico acidente quando Celia tem 6 anos de idade piora o relacionamento de Eva e Franklin. Eva acredita que Kevin (que estava trabalhando como babá na época) é o culpado pela perda do olho de Celia. A negação contínua de Franklin em relação ao comportamento de Kevin leva ao afastamento do casal; por fim, Franklin pede o divórcio a Eva.

Pouco tempo depois, Kevin ataca com um arco nove colegas de classe, um funcionário da lanchonete e um professor de sua escola, depois de atirar e matar seu pai e Celia. Embora o motivo nunca fique claro, Eva especula que isso seja uma resposta ao fato de ele ter ouvido notícias sobre seu divórcio iminente de Franklin.

A história termina com a visita de Eva a Kevin, agora na cadeia, no segundo aniversário do massacre. Kevin está prestes a completar 18 anos e será transferido para uma prisão de segurança máxima. Nervoso, Kevin demonstra uma emoção aparentemente genuína pela primeira vez em sua vida quando Eva lhe pergunta por que ele cometeu o crime. Kevin responde que não tem mais certeza do motivo; ele devolve o olho falso de Celia e pede desculpas. Eva e Kevin se abraçam e ela vai embora, pensando que, apesar de tudo, ama seu filho e espera acolhê-lo em casa quando ele for libertado.

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Resumo: O Lobo do Mar (Jack London)

 

A história se passa em 1893, no Oceano Pacífico.

Humphrey Van Weyden, morador de São Francisco e conhecido crítico literário, atravessa a Baía de São Francisco numa balsa para visitar um amigo mas, no caminho, sofre um naufrágio e cai no mar. Ele é retirado da água pelo capitão da escuna Ghost, que é chamado de Lobo Larsen por todos a bordo. Larsen, em uma pequena escuna com uma tripulação de 22 pessoas, vai partir em busca de peles de focas no Japão e leva Van Weyden com ele à força, apesar de seus protestos desesperados.

Com a tripulação, Van Weyden fica sabendo que Lobo Larsen é conhecido no meio marítimo por sua coragem, que beira a imprudência, mas também por sua crueldade, ainda mais terrível. Sua fama de perverso faz com que ele tenha problemas até mesmo para recrutar tripulantes; sabe-se que ele já cometeu alguns assassinatos. A ordem no navio é mantida inteiramente pela extraordinária força física e pela autoridade de Lobo Larsen. Toda pessoa acusada por qualquer má conduta é severamente punida pelo capitão. Apesar de sua força terrível, regularmente Lobo Larsen sofre crises com fortes dores de cabeça.

Certa noite, Van Weyden vê Lobo Larsen atravessando o navio, completamente molhado e com a cabeça ensanguentada. Juntamente com Van Weyden, que não entende muito bem o que está acontecendo, o capitão desce à cabine e tenta determinar quais marinheiros estão dormindo e quais estão fingindo. Nesse momento, os marinheiros, liderados por Leach, atacam Lobo Larsen e tentam matá-lo, mas a falta de armas, a escuridão e a quantidade de atacantes fazem com que Lobo Larsen, usando sua extraordinária força física, consiga abrir caminho até a escada e escapar da cilada.

Após o motim fracassado, o tratamento dado pelo capitão à tripulação se torna ainda mais cruel, especialmente com Leach e Johnson. Todos têm certeza de que Lobo Larsen os matará. O próprio capitão diz isso, mas não mata Leach, apesar das novas tentativas dele contra sua vida. Ao mesmo tempo, o capitão tem ataques intensos de dor de cabeça, que duram vários dias. Johnson e Leach conseguem escapar num dos barcos. Durante a perseguição aos fugitivos, a tripulação da Ghost consegue capturar outro grupo de vítimas, incluindo uma jovem, a poetisa Maud Brewster. Desde o primeiro olhar, Humphrey se sente atraído por Maud.

Lobo Larsen tem um irmão, apelidado de Morte Larsen, capitão do barco de pesca Macedonia, que, segundo dizem, além de pescar focas, se dedica a várias atividades ilegais, como transporte de armas e ópio, comércio de escravos e pirataria. Os dois irmãos se odeiam. Certa vez, Lobo Larsen encontra Morte Larsen e, após uma batalha marítima nos barcos, captura vários membros da tripulação de seu irmão, forçando-os a caçar focas junto com sua equipe.

Lobo também se sente atraído por Maud e acaba tentando estuprá-la, mas abandona a tentativa devido a uma forte dor de cabeça. Van Weyden, que estava presente durante essa tentativa, enfrenta Larsen com uma faca por causa da indignação e do amor que sente por Maud. Naquela ocasião, ele viu pela primeira vez Lobo Larsen realmente assustado. Logo depois, Van Weyden e Maude decidem fugir da Ghost, aproveitando que Lobo Larsen está na sua cabine, com nova crise de dores de cabeça. Depois de pegar um barco com um pequeno suprimento de comida, eles navegam na direção do Japão. Algumas semanas depois, eles vagam pelo oceano e chegam a uma pequena ilha, que Maud e Humphrey chamam de ilha Endeavor. Eles não podem deixar a ilha e se preparam para um longo inverno.

Depois de um tempo, chega uma escuna semi-destruída à ilha. Espantosamente, era a Ghost, com apenas Lobo Larsen a bordo. Ele estava cego, devido a um tumor cerebral. Eles descobrem que, dois dias após a fuga deles, Morte Larsen abordou a Ghost e subornou os tripulantes, que partiram os mastros e abandonaram o navio e seu capitão, já incapacitado pelas dores de cabeça que o deixaram sem visão. Durante semanas, a escuna ficou à deriva no oceano até finalmente encalhar na ilha. Por ironia do destino, naquela ilha havia uma enorme colônia de focas, que Lobo Larsen havia procurado inutilmente por toda a sua vida.

Depois de esforços incríveis, Maud e Humphrey consertam a Ghost e levam a escuna para o mar aberto. Larsen, que está piorando constantemente, fica paralisado e morre. No momento em que Maud e Humphrey finalmente descobrem um navio de salvamento no oceano, eles se confessam apaixonados um pelo outro.

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Resumo: As Ilusões Perdidas (Honoré de Balzac)

 

A história se passa na França, no início do século XIX, durante a Restauração.

A história começa em Angoulême. David Séchard, filho de um impressor, é ligado por uma amizade profunda a Lucien Chardon, jovem belo e letrado. O pai de David revende sua tipografia ao seu filho sob condições muito desfavoráveis a ele. David, que possui pouco tato para os negócios, fica à beira da ruína. Contudo, ele consegue sobreviver graças ao devotamento e ao amor de sua mulher, Ève, irmã de Lucien. David procura em segredo um processo novo que torne possível a produção de papel de melhor qualidade a custos mais baixos do que os que então eram feitos.

Lucien enamora-se de uma mulher da nobreza, madame de Bargeton, que vê nele um grande talento para a poesia. Por sua vez, ele vê nela sua Laura e, imitando Petrarca, dedica-lhe uma coleção de sonetos. Ela o introduz na alta sociedade da província e apaixona-se por ele. Este amor, que permanece platônico, entre um jovem e uma mulher mais velha casada, relaciona-se perfeitamente ao esquema de amor cortês medieval, no qual o herói se inebria de ilusões, mais ou menos conscientes, para conquistar sua dama. Lucien e sua protetora viajam para Paris, onde ele planeja iniciar uma carreira literária.

Ao chegar a Paris, Lucien descobre-se bem miserável diante da elegância parisiense. Pobre e pouco familiarizado com os costumes da capital, ele comporta-se de modo ridículo na Ópera, onde ele dá seus primeiros passos na nova vida. Seu fracasso social faz com que madame de Bargeton, aconselhada por sua prima, a marquesa d’Espard, abandone-o rapidamente para não comprometer-se diante da alta sociedade parisiense. As tentativas de Lucien para publicar seus livros fracassam. Ele conhece um jovem filósofo liberal, Daniel d’Arthez. Da, que o introduz no Cenáculo, um círculo de cavalheiros de tendências políticas e ocupações diversas que compartilham, em uma amizade perfeita, uma vida ascética ao serviço da arte e da ciência.

Lucien frequenta o Cenáculo durante algum tempo. Todavia, demasiado impaciente para obter sucesso pela via árdua de seu trabalho literário, ele cede à tentação do jornalismo, um universo corrompido no qual ele consegue rapidamente se destacar. Lucien passa a assinar seus artigos como “Lucien de Rubempré”, usando o sobrenome aristocrático de sua mãe antes do casamento. Apaixona-se por uma jovem atriz, Coralie, e leva uma vida de luxo com ela.

A ambição de Lucien o faz se interessar pela política. Ele abandona o jornal liberal onde trabalhava, e passa a escrever para um jornal monarquista. Esta atitude é muito malvista no meio jornalístico. Seus antigos amigos atacam-no violentamente e seus novos colegas não o suportam. Em pouco tempo, Lucien fica arruinado. Além disso, Coralie cai em desgraça no teatro, adoece e acaba morrendo. Lucien resolve finalmente voltar a Angoulême para pedir ajuda a David, a quem ele já tinha recorrido em várias ocasiões para conseguir dinheiro, inclusive falsificando sua assinatura em letras promissórias, acumulando dívidas no nome dele.

Depois de numerosas experiências, David encontra o processo de fabricação de papel que tanto procurara. No entanto, os inescrupulosos irmãos Cointet, concorrentes de David, o arruínam com a ajuda de um espião empregado na tipografia dele para roubar seu segredo. David é preso por não quitar as dívidas feitas por Lucien em Paris. Atormentado pela desgraça que causou à família, Lucien decide suicidar-se. Porém, quando iria afogar-se, ele é impedido por um misterioso padre espanhol, Carlos Herrera. O padre lhe oferece dinheiro, glória e vingança, sob a condição de que Lucien o obedeça cegamente daí em diante. Lucien aceita o pacto. Ele envia a David a quantia necessária para quitar suas dívidas e parte para Paris com o padre Herrera. David chega a um acordo com os Cointet para que eles explorem sua invenção. David e Ève retiram-se para a pequena vila de Marsac, onde vivem no campo, de forma bucólica, simples e apaixonada.

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  • Artigo link externo sobre Honoré de Balzac na Wikipedia.

Resumo: A Queda do Anjo (Yukio Mishima)

(Livro 4 de ”O Mar da Fertilidade”)

 

A história começa no sábado, 2 de maio de 1970. Shigekuni Honda agora era um juiz aposentado, e sua esposa Rie tinha falecido há alguns anos. Keiko, uma feliz solteira lésbica, tornara-se uma companheira platônica para ele. Os dois tinham viajado juntos para a Europa, e costumam dar chás de caridade. Honda está preocupado com a sua vida de sonho e com o passado, e tem problemas com a sua governanta e empregadas domésticas. Na sua velhice, Keiko dedica-se ao estudo da cultura japonesa, mas o seu conhecimento é de segunda mão e superficial, e Honda chama-lhe um ”congelador cheio de legumes”.

Honda caminha ao longo da costa da Península de Izu, perto do porto de Shimizu. Ele observa distraído a presença de um rapaz olhando o mar numa plataforma alta, construída no topo de um tanque de água de uma fazenda de morangos.

O rapaz é um órfão de 16 anos chamado Toru Yasunaga. Ele trabalha como sinaleiro em Shimizu num turno de 24 horas a cada três dias, identificando os navios por telescópio e notificando os escritórios do porto. Naquela noite, Toru é visitado em seu posto por sua amiga Kinue, uma menina maluca que acredita que ela é incrivelmente bonita e que todos os homens estão atrás dela. Kinue conta-lhe uma longa história sobre como um rapaz a molestou no ônibus. Enquanto isso, em sua casa em Hongo, Honda dormia e sonhava com anjos voando sobre o Bosque Miho, que ele havia visitado naquele dia.

Durante a estadia de Honda e Keiko na região, eles visitam o Bosque Miho, uma armadilha turística que Honda já vira e não gostara. Eles tiraram uma foto, enfiando a cabeça em buracos numa prancha pintada para fazê-los parecer com Jirocho e sua esposa Ocho, antigos chefes do porto de Shimizu no século XIX. Eles veem o pinheiro gigante moribundo, onde, de acordo com a lenda, um anjo supostamente deixou seu manto e teve que dançar para o pescador que o roubou para recuperá-lo. Eles também visitam o Santuário de Mio.

Na viagem de volta para casa, eles pararam na estação de sinalização que Honda viu há vários dias. Ele é estranhamente atraído pelo lugar, e os dois entram para dar uma olhada. Como Toru só está vestindo uma camiseta, Honda vê que o menino tem três toupeiras no seu lado, as mesmas que seu amigo Kiyoaki possuía. De volta ao carro, Honda anuncia sua intenção de adotar o menino.

No quarto de hotel de Keiko em Nihondaira, Honda explica-lhe o significado das toupeiras e conta-lhe toda a história das duas reencarnações anteriores de Kiyoaki. Ela relutantemente aceita esta história. Honda a faz prometer não contar a ninguém, especialmente a Toru. Em 10 de agosto, Toru toma conhecimento de que ele está sendo investigado por detetives através de uma história de Kinue. Dias mais tarde, ele é visitado em casa pelo superintendente, que anuncia a intenção da Honda de adotá-lo. Em outubro, Toru mudou-se para a casa em Hongo e está recebendo aulas de boas maneiras e outras habilidades sociais. Honda está ansioso para protegê-lo da morte prematura e tenta inculcar o cinismo que Kiyoaki, Isao e Ying Chan não tinham.

Três tutores são empregados para Toru. No final de novembro, o tutor de literatura, Furusawa, leva-o a uma cafeteria local e conta-lhe uma parábola política sobre a natureza do suicídio e da autoridade. Toru de repente sente aversão por ele e planeja sua demissão. Apreciando a sensação de poder que isso lhe dá, ele se lança para uma vítima mais divertida.

No final da primavera de 1972, dois amigos de Honda tentam arranjar um casamento entre Toru e sua filha, Momoko Hamanaka. Depois do jantar, Momoko mostra álbuns de fotos de Toru no quarto dela e ele decide machucá-la. As duas famílias vão de férias para Shimoda; é lá que Honda percebe que Toru é secretamente hostil a Momoko.

À medida que a relação recatada progride, Toru analisa Momoko e, enquanto conversa com ela no Jardim Korakuen um ano ou mais após o primeiro encontro, ele decide deixá-la com ciúmes ao adquirir uma segunda namorada. Em um salão go-go no caminho de casa da escola, ele pega uma jovem de 25 anos que chama a si mesma de ”Nagisa” (”Senhorita Beira”) e eles fazem sexo alguns dias depois. Nagisa dá-lhe um medalhão com o monograma nela. Momoko não percebe até que eles vão nadar juntos, e ela dá ao ”N” uma interpretação inócua. É só quando Nagisa se aproxima de Toru na cafeteria que seu ciúme é despertado.

Momoko joga o medalhão num canal e insiste que Toru deve deixar Nagisa. Toru afirma que ele não pode fazer isso sozinho, e dita uma carta para Momoko enviar para Nagisa. Na carta, Momoko é obrigada a mentir que sua família está em dificuldades financeiras e que ela precisa se casar com Toru por seu dinheiro. Momoko espera inspirar culpa em Nagisa. Depois que a carta é entregue, Toru vai ao apartamento de Nagisa, a rouba e a leva para Honda. O casamento é cancelado.

Vários meses depois, no início de outubro de 1973, Honda e Toru visitam Yokohama, e no porto têm uma conversa. Toru percebe que Honda adivinhou que a carta era falsa, e que ele ficou satisfeito com a esperteza exibida pelo seu filho adotivo ao inventar aquela trama. Toru está furioso por ser analisado com tanta facilidade e joga seu diário na água. No final de 1973, ele termina a escola e é aceito na universidade.

Na primavera de 1974, Toru entra na maioridade e abandona todos os disfarces. Ele se torna violento com Honda e o intimida para conseguir tudo, levando Kinue para uma cabana no fundo do jardim, gastando dinheiro livremente e abusando das criadas. Em 3 de setembro de 1974, Honda é pego espionando casais no parque, e o incidente vai parar nos jornais. Toru se prepara para declará-lo senil.

Em 20 de dezembro, Toru vai a uma festa de Natal na casa de Keiko. Para seu espanto, ele é o único convidado. Keiko revela as verdadeiras motivações de Honda para adotá-lo, e alegremente explica que se ele não morrer em 1975, ele deve ser uma fraude. Toru volta para casa e exige o diário dos sonhos de Kiyoaki. Em 28 de dezembro, Toru tenta cometer suicídio bebendo metanol, mas ele sobrevive e fica apenas cego. Honda descobre que Keiko o traiu, e rompe contato com ela. Toru perde toda a motivação e passa os dias com Kinue na casa dela. Honda eventualmente conclui que Toru não era, de fato, a reencarnação de Kiyoaki.

Por esta altura, Honda está sendo afligido por dores há meses, mas ele nada faz a respeito. Em 22 de julho de 1975, pouco antes de uma consulta hospitalar, Honda vai ao Templo Gesshu pela primeira vez desde fevereiro de 1914. Satoko, que agora é a abadessa, o recebe. Durante a conversa ele menciona Kiyoaki, e ela afirma que nunca conheceu ninguém com esse nome. Pensativo, Honda responde ”Talvez então não tenha havido nenhum eu”.

Veja Também:

  • Artigo link externo sobre Yukio Mishima na Wikipedia.
  • Resumo de ”Neve da Primavera”.
  • Resumo de ”Cavalos em Fuga”.
  • Resumo de ”O Templo da Aurora”.

Resumo: O Templo da Aurora (Yukio Mishima)

(Livro 3 de “O Mar da Fertilidade”)

Em 1941, Shigekuni Honda é enviado para Bangkok como consultor jurídico da Itsui Products para tratar de um processo envolvendo um lote estragado de remédios antipiréticos. Ele aproveita a viagem para conhecer o máximo possível da Tailândia.

Depois de ver muitos grandes edifícios, ele visita o Templo do Amanhecer e fica profundamente impressionado com sua arquitetura suntuosa, que representa para o advogado sóbrio um luxo antirracionalista e uma “apatia dourada”. Honda comenta com Hishikawa, seu intérprete, que foi colega de escola de dois príncipes siameses, Pattanadid e seu primo Kridsada (conhecidos como Chao P e Kri, respectivamente). Ele diz a Honda que ambos estão no momento em Lausanne, com seu tio Rama VIII. Hishikawa também fala sobre a filha de sete anos de Pattanadid, Princesa Chantrapa (Ying Chan), que afirma ser a reencarnação de um rapaz japonês. Constrangidos com seu comportamento, seus pais a mantêm isolada no Palácio Chakri.

Um breve encontro é arranjado para apresentar Honda à pequena princesa. Ying Chan quase imediatamente parece reconhecer Honda, afirma que ela é Isao e exige ser levada de volta ao Japão com ele. Honda a questiona e sai do encontro impressionado com as respostas sobre seu amigo. Contudo, num novo encontro, ele fica incomodado pela ausência das três toupeiras que o ajudaram a identificar Isao.

Na conclusão do processo no final de setembro, a Itsui dá um voucher de viagem a Honda como bônus, que ele usa para viajar para a Índia. Ele visita Calcutá, onde vê o festival de Durga; Benares, onde testemunha a cremação ao ar livre; Mogulsarai, Manmad, e finalmente as cavernas de Ajanta, intimamente associadas ao budismo, onde vê cascatas que o lembram da última promessa de Kiyoaki de “vê-lo novamente… debaixo das cataratas”.

Honda retorna a Bangkok em 23 de novembro, numa época em que as relações com o Japão estão se deteriorando, e é desagradavelmente afetado pela grosseria e feiúra dos turistas japoneses em seu hotel.

Ele faz uma última visita a Ying Chan no Palácio Chakri. O encontro termina de forma desastrosa, quando o intérprete deixa escapar que Honda está partindo para o Japão sem ela, e Ying Chan faz uma enorme pirraça.

Pouco depois ds volta de Honda ao Japão, é declarada a guerra com os Estados Unidos. A atmosfera é quase festiva. Honda passa todo o seu tempo livre estudando filosofia budista e não presta atenção à guerra. Mesmo quando confrontado por bairros residenciais bombardeados, ele não sente emoção; na verdade, seus estudos o deixaram ainda mais indiferente ao mundo exterior.

No final de maio de 1945, Honda encontra a antiga empregada, Tadeshina, na velha propriedade dos Matsugaes. Tadeshina lembra-o de Satoko Ayakura, que ainda está no Templo de Gesshu, para o qual se retirara muitos anos antes. Honda dá a ela um pouco de comida, e em troca Tadeshina lhe dá um livro que ela usa como talismã, o Mahamayurividyarajni, ou “Sutra do Grande Rei da Sabedoria do Pavão Dourado”. Honda tem um impulso para visitar Satoko, mas não consegue passagens de trem.

Em 1947, a nova Constituição resultou na resolução repentina de uma ação movida em 1900, como resultado da qual Honda ganhou 36 milhões de ienes por um único caso. Ele usa parte desse dinheiro para comprar uma vila em Ninooka, um resort de verão na área de Gotemba, com vista para o Monte Fuji. No mesmo ano em que ganhou o caso, ele redescobriu, numa loja de antiguidades de propriedade do príncipe Toin, o anel de esmeralda que o príncipe tailandês Chao P havia perdido na Escola de Pares em 1913.

Na festa de inauguração da vila, Honda recebe muitos convidados, entre os quais Keiko Hisamatsu, que morava numa propriedade vizinha; a Sra. Tsubakihara, uma triste estudante de poesia, aluna de Makiko Kito (que cometera perjúrio por causa de Isao em “Cavalos em Fuga“); e Yasushi Imanishi, um especialista em literatura alemã obcecado com elaboradas fantasias sadomasoquistas. Para decepção da Honda, Ying Chan, outra convidada que agora é estudante no Japão, não aparece. Durante a noite, Honda espreita o quarto de hóspedes e fica chocado ao ver dois de seus convidados fazendo sexo enquanto um terceiro assiste.

No dia seguinte, todos visitam o santuário do Monte Fuji. Mais tarde, Honda é informado por Keiko que Ying Chan apareceu na sua casa enquanto ele estava ausente. Ying Chan e Honda se encontram para jantar no Imperial Hotel em Tóquio e Honda devolve o anel de esmeralda. Voltando para casa, ele encontra Iinuma, o pai decrépito de Isao, que o aguardava. Durante uma longa conversa confessional, Iinuma conta-lhe sobre uma tentativa de suicídio que ele fez em 1945 e mostra-lhe a cicatriz. Quando ele sai, Honda sente pena dele e dá-lhe 50.000 ienes em um envelope.

Honda decide resolver de uma vez por todas a questão da “herança” de Ying Chan (as três toupeiras na barriga). Ele tenta fazer com que Katsumi Shimura, um sobrinho de Keiko, seduza Ying Chan, mas ele falha.

Finalmente, Honda convida Ying Chan para uma festa na piscina em sua vila. Agora que Ying Chan está vestida com um maiô, ele não vê nenhuma toupeira do lado dela. É só enquanto a espiava no quarto de hóspedes que ele finalmente descobre as três toupeiras. Para seu espanto, ela está dormindo com Keiko. Sua satisfação com esta prova ocular é de curta duração: Imanishi adormece enquanto fuma na cama, começa um incêndio e a vila de Honda é completamente destruída. Imanishi e Tsubakihara morrem no incêndio, mas os outros sobrevivem.

Pouco depois, Ying Chan retorna à Tailândia, e Honda fica convencido que a salvou do seu destino cármico.

Veja Também:

  • Artigo link externo sobre Yukio Mishima na Wikipedia.
  • Resumo de “Neve da Primavera”.
  • Resumo de ”Cavalos em Fuga”.
  • Resumo de ”A Queda do Anjo”.

Resumo: Cavalos em Fuga (Yukio Mishima)

(Livro 2 de “O Mar da Fertilidade”)

A história começa logo após o incidente de 15 de maio de 1932, quando houve uma tentativa de golpe para derrubar o governo japonês. Shigekuni Honda é agora um juiz associado júnior no Tribunal de Apelações de Osaka. Ele é convidado pelo juiz Sugawa para dar um discurso em um torneio de kendo (esgrima japonesa) em 16 de junho no Santuário Omiwa em Sakurai, Prefeitura de Nara.

No torneio, o principal sacerdote aponta a ele um atleta promissor chamado Isao Iinuma. Honda descobre que este é o filho de Shigeyuki Iinuma, o antigo tutor de Kiyoaki, agora uma “personalidade” de direita. Após o almoço, Honda sobe o Monte Miwa, e depois desce para as Cataratas Sanko para tomar banho. Alguns dos praticantes de kendo já estão lá. Honda fica surpreso ao ver que Isao tem três toupeiras no lado do corpo, idênticas às que Kiyoaki tinha. Ele se lembra das palavras finais de Kiyoaki: “Espero ver você novamente. Eu sei. Debaixo das cataratas.”

No dia seguinte, no Festival de Saigusa, no Santuário de Izagawa, em Nara, Honda é apresentado ao Sr. Iinuma. Ele agora dirige uma “Academia de Patriotismo” e vai lentamente fazer a semeadura ritual, falando morbidamente, com seu rosto marcado pelos anos e pelas tribulações comuns. Honda convida-o e ao seu filho para jantar naquela noite. Iinuma aceita e responde apresentando Honda ao poeta, ao tenente-general aposentado Kito e à filha divorciada de 30 anos, Makiko.

Iinuma e o filho partem para Tóquio depois do jantar. Pouco antes de irem, Isao empresta a Honda uma cópia de seu livro favorito, “A Liga do Vento Divino”, de Tsunanori Yamao, e o incentiva a lê-lo.

***

A Liga do Vento Divino

O livro começa lamentando a traição do augusto desejo do falecido Imperador Komei de expulsar os bárbaros do Japão. Pelo contrário, os tempos se tornaram sombrios. As espadas foram proibidas para as pessoas comuns. Foi decretado que os samurais deveriam cortar seu cabelo e abandonar suas espadas, adotando as maneiras dos bárbaros.

Em 1873, quatro samurais oram no Santuário Shingai, na Prefeitura de Kumamoto, e depois aguardam os resultados de um rito ukei (adivinhação) realizado pelo sacerdote Otaguro, o herdeiro do falecido, reverenciado Oen Hayashi, cujos 200 seguidores virão a ser conhecidos como “a Liga do Vento Divino”. As propostas que apresentaram aos deuses são: “Acabar com o mau governo, admoestando a autoridade até mesmo para o confisco da vida” e “derrubar os ministros indignos, golpeando nas trevas com a espada”. Ambas recebem a resposta “Não é propício”. Em 1874, a proposta que Otaguro coloca é aproveitar a vulnerabilidade induzida pela Rebelião de Saga. Novamente, o rito ukei responde “Não é propício”.

Em 18 de março de 1876, o uso de espadas é proibido. Harukata Kaya renuncia como sacerdote do Santuário Kinzan e apresenta uma petição ao governador da prefeitura. Em maio, o rito ukei é realizado por Otaguro, desta vez retornando “É propício”. Os outros desejam que Kaya se junte a eles na rebelião, mas ele está relutante. Um outro rito convence Kaya que é seu dever participar do movimento.

Ao chegar ao Castelo de Kumamoto na noite de 24 de outubro de 1876, os 200 guerreiros se dividiram em três grupos. O primeiro ataca as residências dos principais funcionários; o governador Yasuoka é morto. O segundo investe contra o batalhão de artilharia, com grande sucesso; o terceiro ataca o acampamento de infantaria, derrubando as portas do quartel e lançando granadas. A situação muda quando as tropas da guarnição conseguem pegar sua munição. Quando o segundo grupo corre para ajudar o terceiro, ele é aprisionado, e Kaya e Otaguro morrem.

Na manhã seguinte, no 9º dia do 9º mês, 46 sobreviventes se reúnem no Monte Kinpo, a menos de 6 quilômetros a oeste do Castelo de Kumamoto. Os seis barcos destinados à fuga estão presos na lama das marés e é debatido o que devem fazer. Os sete rebeldes mais jovens são mandados embora com Tsuruda, e o resto desce para a praia de Chikozu. Um grupo de reconhecimento regressa informando que uma repressão está em andamento, e que não se podem fazer novas ações militares. Assim, os sobreviventes se separaram. Um por um eles se rendem ou cometem seppuku (suicídio ritual), e é dado um relato detalhado sobre o fim de cada homem. O livro termina com uma citação de “O Romance do Fogo Divino”, o relato escrito por um rebelde sobrevivente.

***

Honda devolve o livro com uma carta que Isao lê quando chega à escola. Na carta, Honda expressa um novo respeito pela Liga e pelas forças do irracional em geral (influenciado por sua nova crença na reencarnação, embora isso seja um segredo) e discute o falecido Kiyoaki e sua paixão por Satoko. No entanto, ele adverte Isao que o conto da Liga é perigoso e “inadequado” para ele, e discorre longamente sobre a necessidade de compreender “o quadro abrangente oferecido pela história”.

Isao conclui que a idade e a profissão da Honda o transformaram num covarde, mas que o juiz ainda é, em certo sentido, “um homem de ‘pureza'”.

Depois da escola, Isao e dois colegas de escola, Izutsu e Sagara, vão para a pensão de uma celebridade de direita, o tenente Hori. Isao corajosamente anuncia sua intenção de organizar uma “Liga Showa” e expressa sentimentos radicais pelos quais Hori expressa simpatia. No entanto, ele fica tenso quando Isao faz perguntas diretas sobre as conexões de Hori com os homens envolvidos no Incidente de 15 de maio. Os três rapazes ficam na pensão até tarde da noite, ouvindo-o discutir assuntos atuais. Isao empresta ao tenente “A Liga do Vento Divino”.

Numa manhã de domingo, em julho, Isao realiza um treino de kendo para rapazes na sala de treinamento da delegacia de polícia do bairro. Enquanto um detetive chamado Tsuboi fala com ele, quatro comunistas são levados para a prisão, e Isao sente uma pontada de inveja. Iinuma dirige uma “Academia de Patriotismo” numa ala da sua grande casa em Hongo para vários estudantes, incluido um homem de 40 anos chamado Sawa. Após a palestra de domingo do Mestre Kaido, Isao mostra aos seus dois colegas de escola um mapa de Tóquio, sugerindo um ataque aéreo nas áreas que ele pintou de roxo. Mais tarde, eles jantam com Makiko em sua casa, e os quatro discutem quem no Japão mais merece ser assassinado. Isao indica Kurahara. Makiko guardou os lírios que Isao trouxe do Santuário de Izagawa há um mês, e entrega uma flor para cada um.

Isao visita Hori na guarnição. Hori expressa irritação com a conversa inflamada de Isao. Durante a prática de kendo, ele fica impressionado com as habilidades de Isao, e propõe levá-lo a uma audiência com o príncipe Harunori Toin, o militar e membro da realeza a quem Satoko tinha sido destinada.

O Barão Shinkawa dá um banquete na sua vila em Karuizawa. Cinco casais sentam-se e conversam em seu jardim antes do jantar: os Matsugaes, os Shinkawas, os Kuraharas, os Matsudairas, e o Ministro de Estado e sua esposa. Eles discutem os assuntos atuais em grande detalhe, com destaque para a personalidade e as opiniões monetaristas de Kurahara. Os convidados não demonstram muito respeito pela família Matsugae. O próprio Marquês Matsugae é humilhado por sua insignificância, demonstrada pelo fato de não ter guarda-costas.

Isao tem uma audiência com o Príncipe Toin, contra a vontade de Iinuma. Hori e o Príncipe conversam por algum tempo. Quando o Príncipe critica a nobreza, Isao aproveita a oportunidade para lhe dar a “Liga” e expressar suas ideias sobre o bushido.

A essa altura, Isao reuniu mais 20 jovens em seu círculo, e Izutsu e Sagara estudaram o uso de explosivos. Duas semanas antes do final das férias de verão, ele envia a todos os rapazes um telegrama ordenando que retornem a Tóquio para uma reunião no santuário da escola às 18h. Todos aparecem e ficam atordoados quando Isao diz que foi apenas um exercício; três saem. Isao, então, faz com que os jovens restantes façam votos de fidelidade. Para surpresa de Isao, Makiko aparece e os leva para jantar em um restaurante em Shibuya.

Honda vai a Osaka e assiste uma peça . Ao ver duas mulheres fantasmagóricas colocarem água do mar em seu carrinho de salmoura, Honda de repente decide que sua dor por Kiyoaki o enganou e que não poderia haver nenhuma conexão real entre Kiyoaki e Isao.

Em outubro, Sawa pergunta a Isao se ele e seu “grupo de estudo” podem ir ao campo de treinamento do Mestre Kaido na semana que começa no dia 20. Isao não responde. Sawa, enquanto lhe servia chá em seu próprio quarto, começa a descrever como há três anos Iinuma ajudou a extorquir 50.000 ienes de um jornal e usou sua parte de 10.000 ienes para reforçar a Academia. Isao fica desapontado, mas não chocado até que Sawa o avisa, sem dar detalhes, que não pode ferir Kurahara sem trair seu pai. Se perguntando se Kurahara é um patrono secreto da Academia, Isao mais tarde retorna ao quarto de Sawa e exige uma explicação. Sawa responde implorando para ser autorizado a matar o próprio Kurahara. Mas depois de ouvi-lo, Isao sorri e nega que haja qualquer trama.

Honda ouve um relato do golpe de Estado que ocorreu no Sião em 24 de junho, durante o qual o país se tornou uma monarquia constitucional controlada pelo coronel Phahon Phonphayuhasena. Na sexta-feira, 21 de outubro, Honda participa de uma conferência judicial em Tóquio, e no domingo vai com Iinuma para ver Isao no campo de treinamento ribeirinho em Yanagawa. Isao está em apuros: ele se ofendeu com o xintoísmo brando defendido pelo Mestre Kaido e saiu para matar um animal depois de ter sido ritualmente purificado. Quando ele acompanha todo o grupo à procura de Isao, Honda fica surpreso ao perceber que um dos sonhos no diário de Kiyoaki está agora sendo realizado em detalhes.

Isao realiza uma reunião secreta na segunda-feira à noite e mostra aos outros rapazes seu plano elaborado para uma “Restauração Showa” colocando todas as funções do governo sob o controle do Imperador. Ele planeja destruir seis subestações transformadoras elétricas de Tóquio, assassinar Shinkawa, Nagasaki e Kurahara, e queimar o Banco do Japão. Estes eventos levariam à desejada declaração de lei marcial, após o que todos eles cometeriam seppuku. O plano menciona Hori e o Príncipe Toin. Eles discutem os detalhes da trama; Isao indica ao acaso o dia 3 de dezembro para iniciar a rebelião, e o grupo recebe uma inesperada soma de 1000 ienes de Sawa, que alega que conseguiu o dinheiro vendendo terra.

Honda visita o túmulo de Kiyoaki antes de retornar a Osaka. Em 7 de novembro, o tenente Hori convoca Isao e diz que ele vai ser enviado para a Manchúria em 15 de novembro. Quando Hori sugere mudar a data do golpe para esta semana, Isao percebe que ele não tem intenção de participar. Hori de repente exorta Isao a desistir do golpe, e Isao finge ser persuadido. Na sede secreta do grupo (uma casa alugada em Yotsuya Sumon), Isao tenta salvar o plano. Seyama, Tsujimura e Ui discutem com Isao em particular, e ele os dispensa do grupo. Em poucos dias, restam apenas dez conspiradores com Isao, e em 12 de novembro eles são acompanhados por Sawa, que estabelece um plano onde cada um dos doze rebeldes irá assassinar um capitalista. Sawa recebe Kurahara como alvo, e Isao recebe o Barão Shinkawa.

Isao visita os Kitos uma última vez em 29 de novembro para entregar um presente de ostras, mas Makiko o segue, supondo que ele resolveu morrer, e eles se beijam em uma colina em frente ao Parque Hakusan. Makiko promete ir ao Santuário Omiwa em Sakurai e trazer um talismã para cada um deles no dia anterior. Isao não admite que eles já têm uma das pétalas de lírio dela.

Na manhã de 1º de dezembro, os conspiradores estão em seu esconderijo, discutindo os punhais que compraram, quando são presos por detetives. À tarde, Sawa é preso na Academia.

Ao ler sobre Isao no jornal, Honda decide salvá-lo e renuncia ao cargo de juiz para atuar como seu advogado de defesa. Em Tóquio, Iinuma agradece-lhe, e depois afirma que foi ele mesmo quem informou a polícia, para salvar o filho da morte. O Príncipe Toin convoca Honda para sua casa em 30 de dezembro. O príncipe expressa simpatia pelos doze, mas fica horrorizado quando Honda informa que ele foi mencionado pelo nome nos folhetos de propaganda que eles prepararam, e perde o interesse em ajudá-los. Honda salva a situação, convencendo-o a apoiar-se no Ministro da Casa Imperial para suprimir essa parte das provas.

Isao é transferido para a prisão de Ichigaya no final de janeiro, e um longo sonho profético é descrito. Ele descobre que Honda estará defendendo-o, e percebe que ele despertou simpatia popular. Durante um interrogatório, ele ouve comunistas sendo torturados e pergunta por que ele não é torturado; o interrogador responde que, como um direitista, ele tem o coração no lugar certo. Em junho, ele recebe um lírio do Festival de Saigusa de Makiko, que ela percorreu todo o caminho até Nara para escolher. O julgamento começa em 25 de junho. As provas dos folhetos foram suprimidas, e torna-se claro que é improvável que o tenente Hori seja indiciado.

Na segunda sessão, em 19 de julho, Isao ousadamente admite ter planejado os assassinatos. Honda tenta desviar o foco desse tema, falando sobre a compra dos punhais e levando a testemunha Izutsu a admitir que, como imitadores da “Liga do Vento Divino”, essas armas seriam mais apropriadas para realizar seppuku do que para cometer assassinatos. O estalajadeiro Kitazaki é chamado como testemunha, e ele diz que ouviu Hori dizer a um visitante solitário: “Desista!” embora não soubesse com quem Hori estava falando. Pressionado para identificar a pessoa, Kitazaki aponta para Isao, mas suas palavras estranhas parecem sugerir que ele está confundindo Isao com Kiyoaki, embora eles não tivessem nenhuma semelhança física. A maioria assume que ele é senil. Apenas Honda percebe o significado de sua confusão entre Kiyoaki e Isao.

Makiko é chamada como testemunha, e ela lê uma falsa entrada de um diário datada de 29 de novembro, no qual ela afirma que Isao estava planejando abandonar a conspiração. Ela espera que Isao seja finalmente forçado a começar a mentir, a fim de salvá-la de acusação de perjúrio. No entanto, Isao alega que não quis dizer o que ele supostamente disse a ela, mas queria poupá-la de quaisquer consequências de suas ações. O juiz, que se torna solidário, permite que Isao explique seus motivos, e ele faz um longo discurso sobre o sofrimento das pessoas comuns e a necessidade de destruir o espírito mortal que está envenenando o Japão. O promotor expressa dúvidas sobre o testemunho de Makiko, mas é claro que ele sente a derrota.

O veredito é proferido em 26 de dezembro. Eles são considerados culpados, mas o castigo é perdoado por causa de sua juventude e motivos puros, e eles são libertados. Naquela noite, um jantar comemorativo é realizado na Academia de Patriotismo. Tsumura, o estudante mais jovem, está irritado com a atmosfera alegre e mostra a Isao um relato de jornal com uma lista de profanações feitas por Kurahara em 16 de dezembro no Santuário Interior de Ise. Iinuma, bêbado, diz a Isao que ele era o informante. Isao não se surpreende até Iinuma dizer que a Academia é administrada inteiramente com dinheiro pago pelo Barão Shinkawa como proteção. Além disso, pouco antes do Incidente de 15 de maio, Shinkawa o fez prometer nunca permitir que Kurahara fosse tocado. Mais tarde, Honda ouve Isao murmurar durante o sono “Longe ao sul… Muito quente… sob o brilho rosado do sol de uma terra do sul”, prevendo a sua próxima reencarnação. De manhã, ele conhece Tsuboi, que lhe pede para ensinar kendo às crianças, e ele tem uma visão de si mesmo fazendo isso até a velhice. Sawa leva Isao para o seu quarto e deixa-o saber que foi Makiko (a quem Isao não tem visto desde o julgamento) que contou a Iinuma sobre o plano deles por telefone. Esta é a gota d’água para Isao.

Em 29 de dezembro, Isao foge de Sawa durante uma procissão de lanternas, compra um punhal e viaja para Inamura, uma vila à beira-mar perto de Atami, Shizuoka. Ele invade a casa de fim de semana de Kurahara, esfaqueia-o até a morte, depois corre pelos seus pomares até uma gruta na costa, onde comete seppuku.

Veja Também:

  • Artigo link externo sobre Yukio Mishima na Wikipedia.
  • Resumo de “Neve da Primavera”.
  • Resumo de “O Templo da Aurora”.
  • Resumo de “A Queda do Anjo”.

Resumo: Neve da Primavera (Yukio Mishima)

(Livro 1 de “O Mar da Fertilidade”)

A história se passa no Japão no início do século XX e começa descrevendo Kiyoaki Matsugae, filho de uma família rica mas sem tradição e seu amigo da Escola de Pares, o sério e compenetrado Shigekuni Honda, ambos com 18 anos. Kiyoaki conversa com Honda, recordando alguns momentos da sua infância nos anos após a Guerra Russo-Japonesa: uma procissão de tochas; uma fotografia dos serviços comemorativos no Templo de Tokuri, em 26 de junho de 1904; a beleza da propriedade dos Matsugae perto de Shibuya; uma visita do Imperador Meiji; e sua experiência como pajem da Princesa Kasuga durante as Festas de Ano Novo no Palácio Imperial. Kiyoaki possui uma marca de nascença no lado esquerdo do torso, que lembra três toupeiras enfileiradas. Entre alguns hábitos excêntricos de Kiyoaki, um dos principais é manter um diário dos sonhos, onde registra tudo o que lembra de ter sonhado.

No domingo, 27 de outubro de 1912, Kiyoaki e Honda estão conversando em uma ilha no lago ornamental da propriedade quando chegam a mãe de Kiyoaki, suas criadas e duas convidadas: Satoko Ayakura, a filha de 20 anos de um conde, e sua tia-avó, a Abadessa de Gesshu. A família Ayakura é uma das vinte e oito da aristocrática classe urin, e vivem em Azabu. Kiyoaki está ciente de que Satoko tem uma queda por ele e finge indiferença por ela. Pouco depois de todos se encontrarem, há um mau presságio: eles vêem um cão preto morto no topo de uma alta cachoeira. A Abadessa oferece-se para rezar por isso. Satoko insiste em colher flores para o cão com Kiyoaki. Enquanto Satoko está sozinha com Kiyoaki, ela deixa escapar: ”Kiyo, o que você faria se de repente eu não estivesse mais aqui?”. Ele fica desconcertado com a pergunta inexplicável, e ressente-se do fato de que ela o tenha assustado com isso.

De volta à casa, a Abadessa faz um sermão sobre a doutrina de Yuishiki, ou a teoria da consciência pura do budismo Hosso. Ela conta a parábola de Yuan Hsiao, o homem que, na escuridão do breu, bebeu de um crânio por acidente. A Abadessa argumenta que o significado de um objeto é concedido pelo observador.

Dez dias depois, em 6 de novembro, Kiyoaki janta com seus pais. Eles discutem seu otachimachi (ritual de adivinhação), que havia sido realizado em 17 de agosto de 1909, e mencionam que Satoko acaba de rejeitar uma oferta de casamento. Isso explica a pergunta misteriosa dela. Kiyoaki e o seu pai, o Marquês Matsugae, jogam bilhar, depois saem para um passeio. O Marquês tenta persuadi-lo a ir com ele a um bordel e ele se afasta em desgosto. Mais tarde, ele não consegue dormir, resolvendo se vingar de Satoko por deixá-lo perplexo deliberadamente.

Em dezembro, dois príncipes chegam do Sião para estudar na Escola de Pares e recebem quartos dos Matsugae. Eles são o príncipe Pattanadid (um irmão mais novo do novo rei, Rama VI) e seu primo, o príncipe Kridsada (um neto de Rama IV), apelidados respectivamente de ”Chao P” e ”Kri”. Chao P está profundamente apaixonado pela irmã de Kri, a princesa Chantrapa (”Ying Chan”), e usa um anel de esmeralda que ela lhe deu como presente. Eles perguntam a Kiyoaki se ele tem uma namorada. Ele menciona Satoko, embora tenha acabado de lhe enviar uma ”carta insultante” na véspera, onde afirma falsamente que visitou um bordel pela primeira vez e perdeu todo o respeito pelas mulheres, incluindo ela. Para salvar a situação, ele telefona para Satoko e faz com que ela prometa queimar sem ler qualquer carta que receber dele. Mais tarde, os dois príncipes se encontram com Satoko no Teatro Imperial em Tóquio. Ela é cortês, e Kiyoaki conclui que Satoko destruiu a carta.

Enquanto isso, Kiyoaki continua se aborrecendo com seu exigente tutor, Shigeyuki Iinuma, um reacionário puritano de 23 anos de Kagoshima. Ele frequentemente faz suas orações no santuário da família Matsugae, enquanto lamenta sua ineficácia nos seis anos do seu papel de tutor, a lentidão do aprendizado do seu pupilo, e a visível decadência dos costumes e da sociedade no Japão. Pouco depois do ano novo, Kiyoaki revela-lhe que sabe do seu caso com uma empregada doméstica, Miné, e o chantageia para esconder seus próprios encontros com Satoko. A empregada de Satoko, a velha Tadeshina, promete ajudar.

Certo dia em fevereiro, os pais de Satoko viajam para Kyoto para ver um parente doente. Aproveitando a oportunidade, Satoko convence Kiyoaki a faltar à escola e se juntar a ela em um passeio de riquixá pela neve. Os dois se beijam pela primeira vez. Quando eles passam pelo terreno do desfile do 3º Regimento Azabu, ele tem uma visão de milhares de soldados fantasmagóricos em cima dele, reproduzindo a cena na fotografia descrita no início da história. A quilômetros de distância, Honda tem um tremor premonitório semelhante, vendo a mesa vazia do amigo na sala de aula. Na manhã seguinte, eles se encontram muito cedo no recinto da escola e têm uma longa conversa. Honda declara acreditar na realidade do destino, que não pode ser alterado e é sempre inevitável.

Kiyoaki recompensa Iinuma por sua cooperação, dando-lhe a chave da biblioteca para que o tutor possa fazer sexo com Miné lá secretamente. Iinuma o odeia por isso, mas aceita o acordo. Satoko escreve sua primeira carta de amor. Kiyoaki, dividido entre seu orgulho mórbido e sua paixão genuína, finalmente responde a ela sinceramente.

Em 6 de abril de 1913, o Marquês Matsugae organiza uma festa para o seu amigo Príncipe Haruhisa Toin, convidando apenas Satoko e seus pais, os dois príncipes, e o Barão Shinkawa e sua esposa. Os hóspedes são retratados como ridiculamente meio ocidentalizados. Durante um momento privado, Satoko e Kiyoaki se abraçam, mas de repente Satoko se vira e o rejeita, chamando-o de infantil. Enfurecido, Kiyoaki conta a Iinuma o que aconteceu. O tutor responde com uma história que o faz perceber que Satoko realmente leu a carta que deveria ter queimado. Kiyoaki conclui que ela o tem conduzido o tempo todo para humilhá-lo. Rompendo todos os contatos, ele eventualmente queima uma carta de Satoko na frente de Iinuma.

No final de abril, o Marquês diz a Kiyoaki que Satoko está sendo considerada para esposa do terceiro filho do Príncipe Toin. Kiyoaki responde com indiferença. O Marquês então anuncia para a surpresa do filho que Iinuma deve ser dispensado: o caso com Miné foi descoberto. Na mesma noite, Kiyoaki tem outro sonho premonitório.

No início de maio, Satoko visita a vila Toinnomiya à beira-mar e encontra o Príncipe Harunori. As propostas formais seguem rapidamente pelo correio. Kiyoaki está cheio de satisfação ao ver Satoko, Tadeshina e Iinuma se afastarem de sua vida. Ele se orgulha de sua falta de emoção quando Iinuma se afasta em lágrimas, mais tarde comparando sua própria conduta ultra-correta com o elegante progresso de um besouro no peitoril da sua janela. A ausência de Iinuma torna o festival omiyasama daquele ano, comemorando o avô de Kiyoaki, mais rotineiro do que nunca.

Enquanto isso, os príncipes tailandeses mudaram-se da casa dos Matsugae para dormitórios privados no terreno da Escola de Pares. Chao P pede a Kiyoaki que lhe devolva seu anel de esmeralda, que estava sob a guarda do Marquês; ele não recebe uma carta de Ying Chan há meses e está ansioso por ela. Kiyoaki rasga a última carta que recebe de Satoko. Um dia, sua mãe parte para a vila de Ayakura para parabenizar a família, informando-o casualmente de que o casamento de Satoko com o Príncipe Harunori agora estava decidido. De repente, Kiyoaki se sente emocionalmente despedaçado e passa as próximas horas atordoado.

Ele leva um riquixá para a vila de Ayakura e, certificando-se de que sua mãe partiu, vai procurar Tadeshina. Surpresa, ela o leva a uma pensão obscura em Kasumicho, onde ele ameaça mostrar a última carta de Satoko (que ele rasgou) para o Príncipe Toin se ela não marcar um encontro. Três dias depois, ele volta para a pensão e encontra Satoko. Os dois fazem amor; depois, para desespero de Tadeshina, ele exige outro encontro.

Kiyoaki vai diretamente até Honda e dá um relato completo de tudo o que aconteceu. Seu amigo fica espantado, mas o apoia; não muito tempo depois, uma visita ao tribunal distrital solidifica sua decisão de não se envolver no drama da vida de outras pessoas.

Neste momento, Chao P perde seu anel de esmeralda na Escola de Pares. Kri insiste que foi roubado, mas o prefeito força os dois tailandeses a procurá-lo num gramado de 200 metros quadrados em plena chuva. Este incidente leva-os a sair da escola. O Marquês Matsugae, temendo que eles deixem o Japão com memórias desagradáveis, pede-lhes que não voltem imediatamente ao Sião, mas que se juntem à sua família na sua casa de férias em Kamakura durante o verão. É aí que o tema da reencarnação é abordado pela primeira vez, nas conversas entre Kri, Chao P, Honda e Kiyoaki. A ligação entre Kiyoaki e Satoko é mantida por Honda, que providencia um Ford Modelo T para transportar Satoko entre Tóquio e Kamakura em segredo. Kiyoaki tem um terceiro grande sonho profético.

Os príncipes tailandeses recebem uma carta informando-os da morte de Ying Chan. Devastados, eles voltam ao Sião uma semana depois.

Tadeshina descobre com o mordomo dos Matsugae que Kiyoaki não possui a última carta de Satoko, mas continua a acobertá-los. Em outubro, ela percebe que Satoko está grávida, um fato que ambas escondem de Kiyoaki. No restaurante da loja de departamentos Mitsukoshi, elas o informam que não pode haver mais contato. Kiyoaki e Honda, enquanto discutem isso, se deparam com outro mau presságio: uma toupeira morta no caminho à frente deles. Kiyoaki a pega e joga num lago.

Depois de um longo período sem notícias, Kiyoaki é convocado para a sala de bilhar por seu pai. Tadeshina tentou suicídio, deixando um bilhete confidencial para o Marquês revelando o caso para ele. No início, o Marquês fala calmamente, mas quando Kiyoaki não se desculpa, ele espanca o filho com o taco de bilhar. Kiyoaki é resgatado pela sua avó; a família imediatamente começa a se concentrar em limitar os danos.

O Conde Ayakura está fortemente tentado a punir Tadeshina, mas ela demais sobre seu ressentimento secreto contra os Matsugae. O Conde não pode permitir que Tadeshina revele a instrução que deu a ela em 1905 de que Satoko deveria perder sua virgindade antes que qualquer noivo escolhido pelo Marquês a tocasse.

O Marquês Matsugae encontra o Conde Ayakura e eles organizam um aborto para Satoko em Osaka. No caminho de volta para Tóquio, Satoko e sua mãe param no Templo Gesshu para ver a Abadessa. Satoko foge e se esconde de sua mãe, que mais tarde descobre que ela cortou o cabelo e resolveu se tornar uma freira. A Abadessa, que suspeita que uma conspiração contra o Imperador está em andamento, espera frustrá-la protegendo Satoko. Perplexa quanto ao que fazer, a fraca Condessa retorna a Tóquio para pedir ajuda. Mas nem o Conde nem o Marquês conseguem remover Satoko do convento.

O noivado é cancelado com um atestado médico falso, datado de um mês antes, declarando Satoko doente mental. Em fevereiro de 1914, Honda dá dinheiro a Kiyoaki para viajar para o convento em um esforço para encontrar Satoko. Ele aparece na porta da frente repetidamente, mas sua entrada é sempre recusada. A saúde de Kiyoaki piora gradativamente, pois ele se força a caminhar pela neve entre a pousada em Obitoke e o convento como uma forma de penitência. Eventualmente Honda vem procurá-lo depois de receber um telegrama, e fica chocado ao ver como ele está doente. Concluindo que uma reunião com Satoko é vital, Honda vai para o convento sozinho em 27 de fevereiro, mas a Abadessa se recusa firmemente a permitir qualquer encontro. Na mesma noite, Honda e Kiyoaki partem para Tóquio.

Durante a viagem de trem, o moribundo Kiyoaki diz a Honda: ”Ainda agora tive um sonho. Espero ver você novamente. Eu sei. Debaixo das cataratas.”. Ele escreve um bilhete para a mãe, pedindo-lhe para dar a Honda seu diário de sonhos. Dois dias após seu retorno, em 2 de março de 1914, Kiyoaki morre, aos 20 anos de idade.

Veja Também:

  • Artigo link externo sobre Yukio Mishima na Wikipedia.
  • Resumo de “Cavalos em Fuga”.
  • Resumo de “O Templo da Aurora”.
  • Resumo de “A Queda do Anjo”.

Resumo: Os Argonautas (Apolônio de Rodes)

A história se passa na Grécia, durante a Antiguidade mitológica.

Após a morte do rei Creteu, o eólio Pélias usurpou o trono de seu meio-irmão Esão e tornou-se o rei de Iolcos, na Tessália. Por causa desse ato ilegal, um oráculo o avisou que um descendente de Éolo buscaria vingança. Pélias matou todos os descendentes proeminentes de Éolo que ele podia, mas poupou Esão por causa dos apelos de sua mãe Tiro. Em vez disso, Pélias manteve Esão prisioneiro e forçou-o a renunciar a sua herança. Esão casou-se com Alcimede, que lhe deu um filho chamado Jasão. Pélias pretendia matar o bebê imediatamente, mas Alcimede convocou suas parentes para chorar por ele como se ele tivesse nascido morto. Ela forjou um enterro e contrabandeou o bebê para o Monte Pelion. Ele foi criado pelo centauro Quíron, o treinador de heróis.

Quando Jasão tinha vinte anos, um oráculo ordenou que ele se vestisse como um magnésio e fosse para a corte de Iolcos. Durante a viagem, Jasão perdeu uma sandália ao atravessar o lamacento rio Anavros enquanto ajudava uma velha. Essa velha era a deusa Hera disfarçada. A deusa estava zangada com o rei Pélias porque ele matara sua madrasta Sidero dentro do templo de Hera, desprezando o direito de santuário que era concedido a quem se refugiava lá. Ofendida, Hera decidiu usar Jasão como instrumento da sua vingança.

Outro oráculo avisou Pélias para estar em guarda contra um homem com um sapato. Pélias estava presidindo um sacrifício para Poseidon com vários reis vizinhos presentes. Entre a multidão estava um jovem alto em pele de leopardo com apenas uma sandália. Pélias reconheceu que Jasão era sobrinho dele. Ele não podia matá-lo porque estava na presença dos outros reis. Em vez disso, Pélias perguntou a Jasão o que ele faria se um oráculo anunciasse que um dos seus concidadãos estava destinado a matá-lo. Jasão respondeu que o enviaria para buscar o Velo de Ouro, sem saber que Hera havia colocado essas palavras em sua boca.

Jasão soube mais tarde que Pélias estava sendo assombrado pelo fantasma de Frixo. Frixo tinha fugido de Orcomenos montado em um carneiro divino para evitar ser sacrificado e refugiou-se na Cólquida, onde mais tarde lhe foi negado o enterro adequado. De acordo com um oráculo, Iolcos nunca prosperaria a menos que seu fantasma fosse levado de volta a um navio, juntamente com o velo do carneiro dourado. Este velo estava pendurado em uma árvore no bosque de Ares na Cólquida, vigiado noite e dia por um dragão que nunca dormia. Pélias jurou diante de Zeus que ele desistiria do trono no retorno de Jasão, embora esperasse secretamente que Jasão morresse ao tentar roubar o Velo de Ouro. No entanto, Hera agiu em favor de Jasão durante a perigosa jornada.

Jasão reuniu quarenta e nove heróis de toda a Grécia para buscar o Velo de Ouro. Entre eles, estavam Héracles, o mais forte dos homens; Orfeu, grande poeta e cantor; Lince, o de visão apurada; os gêmeos Castor e Pólux; Peleu, pai de Aquiles, e seu irmão Télamo, pai de Ajax; e muitos outros. Eles construíram e tripularam o navio “Argo”, e tornaram-se conhecidos como os argonautas. Após fazerem sacrifícios ao deus Febo, eles embarcaram e partiram para a Cólquida.

Os argonautas primeiro pararam em Lemnos, onde souberam que todos os homens haviam sido assassinados. A razão disso foi a seguinte: durante vários anos, as mulheres não honraram e nem fizeram oferendas a Afrodite. Enfurecida, a deusa fizera com que todas passassem a cheirar mal e emitir ruídos desagradáveis constantemente. Como consequência, seus cônjuges as deixaram de lado, capturaram mulheres do país vizinho da Trácia e se deitaram com elas. Desonradas, todas as mulheres lemnitas, exceto Ipsipile, foram instigadas pela mesma deusa a conspirar para matar seus pais e maridos. Eles então depuseram o rei Toas, que deveria ter morrido junto com todos os homens, mas foi secretamente poupado por sua filha Ipsipile. Ela colocou Toas a bordo de um navio que uma tempestade levou para a ilha de Táurica.

Segundo as leis da ilha, as lemnitas deveriam ter matado todos os argonautas ao desembarcarem. No entanto, elas decidiram recebê-los amistosamente, pois precisavam de homens para conceber mais filhos. Os argonautas deitaram-se com as lemnitas, sendo que Ipsipile apaixonou-se pelo capitão Jasão e dormiu com ele. Os argonautas permaneceram muitos dias na ilha, até que foram repreendidos por Héracles e convencidos a retomar a viagem. Meses mais tarde, as lemnitas deram à luz as crianças concebidas naqueles dias, e todas receberam os nomes dos pais argonautas, exceto os filhos de Ipsipile, que foram chamados de Euneu e Deipilus. Surgiu assim o povo conhecido como minions, que um dia seria expulso da ilha e se instalaria na Lacedemônia.

Depois de Lemnos, os argonautas fizeram sua segunda parada na Montanha do Urso, uma ilha da Propôntida em forma de urso. Os habitantes locais, chamados de dólios, eram todos descendentes de Poseidon. Seu rei Cízico, filho de Eusoro, que acabara de se casar, recebeu os argonautas com generosa hospitalidade e decidiu dar uma grande festa para eles. Durante esse evento, o rei tentou dizer a Jasão para não ir para o lado oriental da ilha, mas ele se distraiu com Héracles, e esqueceu de alertar Jasão.

Quando eles deixaram o rei e navegaram um dia inteiro, uma tempestade que surgiu na noite os trouxe sem saber para a mesma ilha. Cízico, pensando que eram o exército dos pelasgos, seus inimigos, atacou-os na costa à noite, sem se reconhecerem. Os argonautas mataram muitos deles, incluindo Cízico, que foi morto pelo próprio Jasão. No dia seguinte, quando chegaram perto da costa e souberam o que tinham feito, os argonautas choraram e cortaram seus cabelos. Jasão deu a Cízico um enterro suntuoso e entregou o reino aos filhos dele.

Após o enterro, os argonautas partiram e atracaram em Mísia. Héracles desembarcou em busca de madeira para consertar seu remo quebrado. Hilas, filho de Tiodamas, foi enviado para pegar água e acabou sendo sequestrado pelas ninfas devido à sua beleza. Polifemo ouviu-o gritar e perseguiu-o, acreditando que estava a ser levado por ladrões. Sem perceber que faltavam alguns homens, o “Argo” foi para o mar enquanto os dois procuravam Hilas. Polifemo acabou fundando a cidade de Cio na Mísia, tornando-se seu rei, enquanto Héracles conseguiu retornar a Argos por outro caminho.

De Mísia, partiram para a terra dos bebrices que era governada pelo rei Amico, filho de Poseidon e da ninfa Melie. Sendo um homem arrogante, Amico obrigava os estrangeiros que chegavam ao seu reino a lutar boxe com ele, e matava os vencidos. Quando Amico desafiou o melhor homem da tripulação para uma luta, Pólux aceitou e acabou matando-o com um golpe de cotovelo. Para vingar a morte do seu rei, os bebrices lutaram com os argonautas, mas foram derrotados e sofreram grande mortandade.

Os argonautas lançaram-se ao mar e chegaram a Salmidesso, na Trácia, onde Fineu residia. Agraciado por Febo com o dom da profecia, Fineu tinha perdido a visão de ambos os olhos por Zeus por ter revelado as deliberações dos deuses aos homens. Além disso, como castigo suplementar, Zeus ordenou que as harpias o visitassem em todas as refeições. As harpias eram aves ferozes com cabeça humana, que arrancavam a maioria dos alimentos de seus lábios, e deixavam o restante emporcalhado, para que ninguém pudesse tocá-lo.

Quando os argonautas o consultaram sobre a viagem, ele disse que os aconselharia sobre isso se o libertassem da punição de Zeus. Então os argonautas colocaram uma mesa com alimentos ao lado dele, e as harpias chegaram gritando e arrebatando toda a comida. Vendo isso, Zetes e Calais, filhos de Bóreas, desembainharam as espadas e, tendo asas na cabeça e nos pés, as perseguiram pelo ar. A perseguição os levou até as ilhas Estrófades, onde as exaustas harpias pararam, e foram obrigadas a jurar que não castigariam mais Fineu.

Livrando-se das harpias, Fineu revelou aos argonautas o curso de sua viagem, e os aconselhou sobre as Rochas Esmagadoras no mar. Estes eram penhascos enormes, que, correndo juntos pela força dos ventos, fechavam a passagem do mar. Era espessa a névoa que pairava sobre eles, e era impossível até mesmo para os pássaros passarem entre eles. Fineu disse-lhes para deixar voar uma pomba entre as rochas. Se vissem que ela passava em segurança, podiam atravessar os estreitos tranquilamente; mas se vissem a pomba perecer, então não deveriam forçar uma passagem. Quando os argonautas ouviram isso, eles se lançaram ao mar. Ao se aproximarem dos estreitos, deixaram uma pomba voar da proa. Quando ela passou, o choque das Rochas arrancou a ponta de sua cauda. Então, esperando até que as rochas tivessem recuado, remaram com muita intensidade e com a ajuda de Hera, eles passaram, e apenas o ornamento da popa do “Argo” foi raspado por elas. Desse dia em diante, as Rochas Esmagadoras ficaram paradas; pois estava destinado que, assim que um navio fizesse a passagem, elas viessem a descansar completamente.

Quando os argonautas entraram no mar Euxino, eles chegaram no país dos mariandinos. Seu rei Lico recebeu-os gentilmente, grato por terem matado Amico, que o tinha atacado frequentemente. Enquanto os argonautas ficavam com Lico e saíam para colher palha, o vidente Idmon foi morto por um javali e morreu. Além disso, Tifis, o timoneiro da “Argo”, adoeceu e logo morreu, e Anceu comprometeu-se a dirigir o navio.

Pela vontade de Hera eles foram levados para a ilha de Ares. Essa ilha era infestada de pássaros ferozes, que feriam todos os seres vivos que encontravam, usando suas penas como setas. Os argonautas têm dificuldade em enfrentar tamanha quantidade de pássaros. Seguindo o conselho de Fineu, eles tomaram suas lanças e começaram a bater com elas nos escudos. O barulho intenso acaba dispersando os pássaros.

Os argonautas também encontraram homens nus e indefesos na ilha. São os filhos de Frisso e Calcíope – Argos, Prôntides, Melas e Cilindros. Eles contaram a Jasão que haviam naufragado ali quando estavam navegando até a Cólquida para encontrar seu avô Atamas. Jasão acolheu-os no grupo dos argonautas e os ajudou. Passando o Termodonte e o Cáucaso, chegaram ao rio Fásis, que já está na Cólquida. Os filhos de Frisso levaram Jasão à terra e ordenaram aos argonautas que escondessem o navio. Eles mesmos foram até sua mãe Calcíope, falaram sobre a bondade de Jasão, e por que eles tinham vindo. Então Calciope falou com sua irmã Medeia, e levou-a com os filhos até Jasão. Quando o viu, Medeia reconheceu-o como o homem com que sonhara repetidamente e se apaixonara, influenciada por Afrodite. A deusa Hera, sabendo que Medeia era uma poderosa feiticeira e que Jasão enfrentaria terríveis perigos, havia convencido Afrodite e Eros a fazer com que Medeia se apaixonasse por Jasão para que ela o ajudasse quando necessário. Calcíope e Medeia levaram Jasão até o palácio, onde vivia o rei Eetes.

Um oráculo tinha anunciado a Eetes que ele manteria seu reino enquanto o Velo de Ouro permanecesse no templo de Ares. Ao ser apresentado a Eetes, Jasão anunciou a missão que Pélias havia lhe imposto e pediu ao rei que lhe desse o Velo. Indignado com o atrevimento de Jasão, Eetes disse que somente lhe daria o Velo a ele conseguisse realizar uma proeza dificílima. Primeiro, Jasão tinha que domar sozinho dois touros selvagens enormes, que tinham patas feitas de bronze e lançavam chamas de suas bocas e narinas. Depois, ele teria que colocar arreios nestas criaturas e arar um campo com elas, semeando dentes de dragão. Das sementes surgiriam gigantes armados e Jasão teria que derrotar todos eles.

Enquanto Jasão meditava sobre como realizar tamanho desafio, Medeia o chamou à parte. Apaixonada por Jasão e temendo pela sua vida, ela secretamente prometeu ensiná-lo a superar todos os perigos. Em troca, Medeia pediu que Jasão jurasse que ela se tornaria sua esposa e a levaria com ele na viagem para a Grécia. Depois que Jasão fez o juramento, Medeia lhe deu um unguento e disse para passá-lo no seu corpo, na lança e no escudo. Esse unguento impedia que ele fosse ferido por ferro ou pelo fogo por um único dia. Medeia também disse a ele que, quando os dentes fossem semeados e os gigantes armados surgissem do chão, ele deveria se afastar e jogar pedras no meio deles. Eles passariam a lutar entre si e Jasão poderia matá-los. Ao ouvir isso, Jasão passou o unguento conforme Medeia dissera. Ele chegou ao bosque do templo e procurou os touros. E, embora os touros o atacassem com um jorro de fogo, ele conseguiu dominá-los e colocá-los no arado. Então, quando ele tinha semeado os dentes, os gigantes armados levantaram-se da terra e se lançaram na sua direção. Mas Jasão se esquivava, lançava pedras entre eles e, quando estavam ocupados lutando entre si, Jasão aproximava-se e os matava.

Jasão retornou triunfante com os touros amarrados, mas Eetes não deu o Velo a ele, pois desejava secretamente queimar o “Argo” e matar Jasão e os argonautas. Mas antes que Eetes pudesse fazer isso, Medeia levou Jasão à noite para o templo de Ares. Tendo adormecido o dragão que o guardava com uma poção, ela se apoderou do Velo. Medeia e Jasão foram até o “Argo”, e os argonautas zarparam naquela mesma noite rumo ao seu país.

Quando a traição de Medeia foi descoberta, Eetes e seu filho Absirto lançaram-se atrás do “Argo”. Medeia percebeu a aproximação do navio do seu irmão e fez com que ele fosse morto e esquartejado. Eetes deteve-se no mar para recolher os pedaços do corpo do seu filho, abandonando a perseguição aos argonautas. Retornando ao seu reino, ele enviou muitos colcos em busca de Medeia, ordenando-lhes que voltassem com ela, e ameaçando-os com castigos tremendos se falhassem. Assim, eles se separaram e s procuraram em diversos lugares.

Furioso com o assassinato de Absirto, Zeus lançou uma tremenda tempestade contra os argonautas, e os lançou fora de seu curso. Enquanto passavam pelas ilhas Absírtidas, o navio falou, anunciando que a ira de Zeus não cessaria a menos que fossem purificados pela feiticeira Circe pelo assassinato. Assim, a “Argo” fez um longo desvio e seguiu até a ilha de Ea, onde Jasão e Medeia fizeram súplicas a Circe e foram purificados. Eles são obrigados por Circe a partir imediatamente e a “Argo” lança-se ao mar novamente.

No mar, os argonautas enfrentam novos perigos: as Sereias, com seu canto mortal, que é contido por Orfeu, cantando uma contra-melodia; Cila, o monstro de muitos braços que devora marinheiros; e Caribde, o redemoinho gigante que arrasta navios para o fundo do oceano. Por ordem de Hera, Tétis e as nereidas conduziram o “Argo” em segurança através de todos os obstáculos.

Os argonautas desembarcam na ilha dos Feácios, governada pelo rei Alcinoo, ao qual contam sua história. Mas chega à ilha um grupo de colcos, que exige a entrega de Medeia. Alcinoo não quer que haja guerra no seu reino, e decide que a moça deve ser entregue ao pai se ainda for virgem. Arete, esposa de Alcinoo, informa Jasão da decisão do marido. E para evitar que Medeia seja forçada a ser devolvida ao pai dela, celebra-se o casamento entre Jasão e Medeia. Isto acontece na caverna já habitada por Macride, filha de Aristeu, com a participação das ninfas e dos heróis.

Uma tempestade empurra a “Argo” para a costa da Líbia, onde se situa Sirte. Os argonautas são ajudados pelas heroínas protetoras da Líbia, porém eles são obrigados a transportar a nau pelo deserto até ao lago Tritonide, onde podem retomar a navegação. O esforço tremendo do transporte os leva a buscar uma fonte restauradora que lhes foi indicada pelas ninfas das Hespérides. Sua busca não leva a nada, e acaba causando a morte dos argonautas Canto e Mopso. A “Argo” consegue sair do lago Tritonide com muita dificuldade.

Aproximando-se da ilha de Creta, os argonautas são impedidos de atracar por Talos, um homem de bronze que circula pelas praias e ataca todos os estrangeiros com bolas de metal em chamas. Ele tinha uma única veia que se estendia do pescoço até os pés, e era fechada por um prego de bronze no tornozelo. Medeia o enfrentou e conseguiu matá-lo, retirando o prego do tornozelo e deixando seu líquido vital sair completamente do corpo.

Depois de ficarem uma única noite em Creta, os argonautas voltaram para o mar e finalmente chegam a salvo em Iolcos, tendo completado toda a viagem em quatro meses.

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Resumo: Mrs. Dalloway (Virginia Woolf)

A história se passa na Inglaterra, na década de 1920.

Clarissa Dalloway anda por Londres durante a manhã, preparando-se para a festa que dará nessa noite. O bom tempo do dia lembra-a da sua juventude vivida no campo, em Bourton, e faz questionar-se sobre a sua escolha de marido. Ela casou-se com o confiável Richard Dalloway, ao invés do enigmático e exigente Peter Walsh. No entanto, sua verdadeira atração era pela sua melhor amiga, Sally Seton, mas ficar com ela era algo fora de questão. Peter reaviva esses conflitos ao visitá-la nessa manhã.

Septimus Warren Smith, um veterano da Primeira Guerra Mundial que sofre de neurose de guerra, passa o dia no parque com a sua esposa italiana Lucrezia, onde Peter Walsh os observa. Septimus tem frequentemente alucinações perturbadoras, a maior parte relacionada ao seu grande amigo Evans, que morreu na guerra.

Mais tarde nesse dia, após ser receber a recomendação de internamento forçado em um hospital psiquiátrico, ele comete suicídio pulando da janela.

A festa de Clarissa naquela noite é um lento e suave sucesso. Muitos convidados comparecem, inclusive o Primeiro-Ministro e várias pessoas que foram significativas no seu passado. Clarissa reencontra Sally, agora Lady Rosseter, e descobre que ela se tornara uma perfeita mulher convencional, casada, dona de casa e mãe de cinco filhos.

Clarissa ouve falar na festa sobre o suicídio de Septimus, que não conhecia. Gradualmente, Clarissa passa a admirar esse ato alheio, que vê como uma tentativa de preservar a pureza da sua felicidade. Ela se afasta de seus convidados algumas vezes; quando finalmente retorna, já quase no final da festa, Peter a observa com admiração, relembrando seu amor de trinta e cinco anos atrás.

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Resumo: Bonequinha de Luxo (Truman Capote)

A vida de Holly Golightly, uma garota ao mesmo tempo doce, teimosa, cínica e sonhadora, é contada por um narrador anônimo, seu amigo e vizinho, além de aspirante a escritor.

A história começa com a descoberta, pelo bartender Joe (apaixonado por Holly), de uma estranha foto que retrata uma estátua africana com as características da garota. A partir daqui se desenrola um longo flashback em que o narrador lembra de anos anteriores, quando conheceu Holly, sua vizinha no Upper East Side de Nova York. Ela estava procurando seu lugar no mundo, um lugar como a joalheria Tiffany, onde se sentiria protegida e segura, e pararia de ter momentos de desespero e de melancolia. Enquanto isso, no entanto, ela vive uma vida altamente desregrada, feita de mundanismo e excessos. Para manter esse estilo de vida, ela recorre aos mais variados expedientes. Um deles é acompanhar homens ricos e esbanjadores, pelos quais ela não está absolutamente apaixonada. Outro é visitar toda quinta-feira Sally Tomato, um gângster da Máfia numa cela em Sing Sing e relatar ao seu advogado sobre a misteriosa ““previsão do tempo””. A única companhia permanente de Holly é a de um gato vermelho sem nome.

Entre o narrador e Holly nasce uma relação de difícil classificação: amor platônico, amizade entre homem e mulher, cumplicidade que às vezes parece aludir à homossexualidade do narrador. Ele admira o caráter e estilo de vida da garota, até conhecer Doc, um veterinário do Texas, que revela muitas coisas sobre Holly. Ele conta que o nome verdadeiro dela é Lola Mae e que ela é sua esposa. O veterinário afirma que se casou com ela quando ela ainda era muito jovem, uma órfã que ele tinha adotado com seu irmão Fred. Doc tenta trazê-la para casa, mas ela se recusa.

Esta revelação, combinada com o relacionamento de Holly com Rusty Tawler, um bilionário imaturo e detestável, leva a vários atritos entre o narrador e a garota, que acabam gerando um rompimento entre eles. Mas ela se acalma quando ele a socorre após uma crise relacionada com a morte de seu irmão Fred na guerra. Mais tarde, ao final do relacionamento com Rusty, Holly fica noiva de José, um político brasileiro, que é gentil, mas muito preocupado com sua imagem pública. Logo Holly engravida, e José decide levá-la para o Brasil para se casar com ela.

Quando tudo parece ter sido decidido, Holly convida o narrador para um passeio no parque. O cavalo dele dispara e, no esforço para salvá-lo, Holly acaba perdendo o bebê. Ao retornar para casa, Holly é presa: a “”previsão do tempo”” que ela levava de Sally Tomato para seu advogado eram na verdade instruções para a Máfia. Holly é libertada graças à intercessão do seu ex-chefe, mas José a abandona dizendo que não quer ser vítima de um escândalo, casando-se com ela. Holly, no entanto, decide não desistir de ir para o Brasil, e assim abandona seu gato no Harlem, a caminho do aeroporto. Pouco antes de partir, ela se arrepende e, chorando, corre para procurar o animal, entendendo o quanto eles estavam realmente ligados e pertenciam um ao outro (e, indiretamente, ela estava ligada ao narrador). Mas, infelizmente, ele não consegue encontrá-lo e, depois de ter arrancado do amigo a promessa de encontrar o gato, ela parte para o Brasil.

O narrador nunca mais soube de Holly, exceto por uma única carta que ele recebeu alguns meses depois da sua partida. Ele encontrou o gato, que agora vive com uma família, e espera que Holly também tenha encontrado seu lugar no mundo.

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