Resumo: O Poderoso Chefão (Mario Puzo)

A história começa na década de 1940, com Amerigo Bonasera lamentando a desgraça que atingiu sua filha: dois jovens a espancaram, deformando seu lindo rosto. Embora tenham sido presos, logo foram libertados, por serem de famílias importantes. Bonasera diz à sua esposa que estava decepcionado com a América, e apenas Don Vito Corleone, chefe da Família Corleone, pode fazer justiça a eles.

Don Vito recebe muitos convidados em sua casa, já que é o casamento de sua filha Connie e eles fizeram uma festa majestosa no último sábado do mês de agosto de 1945, que incluiu a presença do famoso cantor Johnny Fontane. Os filhos de Don Vito, Sonny, Freddo e Michael também estão presentes na celebração da família, assim como os homens de confiança do Don, os capos Sal Tessio e Peter Clemenza e o consigliere Tom Hagen. O Don recebe alguns convidados em seu escritório, já que nenhum siciliano pode negar um pedido no casamento de sua filha. O Don ouve o apelo de Bonasera e determina que Clemenza cuide dos dois sujeitos que atacaram a filha de Bonasera. Don Vito também recebe seu afilhado Johnny, que lhe pede para convencer um produtor de cinema a lhe dar um papel em sua nova produção de Hollywood. Ele designa Tom Hagen para falar com Jack Woltz, o produtor que brigou com Johnny. Nessa mesma reunião, Don Vito concorda em se encontrar com Virgil Sollozzo, um homem que tem um negócio para propor aos Corleones.

No dia seguinte, Clemenza e seus homens procuram os dois jovens agressores e os espancam até a morte. Bonasera descobre o que aconteceu pelos jornais e procura Don Vito para agradecer. Ele retruca que foi um favor para um velho amigo, e que tudo o que espera é que Bonasera possa retribuir o favor um dia. Bonasera se retira, agradecido e preocupado.

Enquanto isso, Hagen procura o produtor Woltz, e pede que ele dê o papel a Johnny Fontane. Woltz ri e recusa o pedido de Hagen, alegando que Johnny era mulherengo demais e que colocava quem bem entendia nos seus filmes. Então, os homens de Don Vito matam um dos cavalos favoritos de Woltz e colocam sua cabeça na cama dele, acompanhado de uma faca ensanguentada. Apavorado, Woltz cede e aceita Johnny no seu filme. Johnny se sai bem no novo papel e o filme é um sucesso, impulsionando novamente sua carreira.

Don Vito conhece Sollozzo, que lhe propõe entrar no tráfico de drogas. Seu plano é distribuí-los com a Família Tattaglia e ele precisa dos Corleones para protegê-lo em troca de 30% dos lucros. O Don recusa a proposta, afirmando que perderia seus privilégios com políticos e juízes se ele aceitasse esse tipo de negócio. Sollozzo se irrita com a recusa. Achando que o Don representará um problema, ele tenta assassinar Don Vito numa emboscada, mas consegue apenas deixá-lo seriamente ferido. Abalado com a visão do pai ferido, Freddo, o segundo filho de Don Vito, fraco e desinteressado pelos negócios, abandona completamente os assuntos da Família Corleone e aos poucos se transforma num bon vivant.

Furioso com o atentado, Sonny, o filho mais violento do Don, desencadeia uma guerra entre as Cinco Famílias mafiosas de Nova York, que começa quando Clemenza executa o traidor que permitiu a tentativa de assassinato do Don por Sollozzo. Michael Corleone propõe assassinar Sollozzo para que ele não tente mais nada, bem como o capitão da polícia que o protege. Ele executa o plano perfeitamente. A polícia procura Michael por toda parte e ele se refugia na Sicília.

Enquanto isso, Sonny mata Bruno Tattaglia como vingança pelo atentado ao pai, levando as outras Famílias a tentar acabar com Sonny. Em uma armadilha montada por seu próprio cunhado, Carlo Rizzi, Sonny sai furioso da propriedade dos Corleone ao saber que Carlo espancou sua irmã Connie. Carlo avisa as Famílias e eles o interceptam na estrada, matando-o brutalmente. Ao saber da notícia, Don Vito se levanta do leito do hospital e reassume os negócios da Família Corleone. Seu primeiro ato é procurar Amerigo Bonasera e cobrar o favor que lhe deve, pedindo que ele prepare o corpo de Sonny para o sepultamento.

Após o funeral de Sonny, Don Vito convoca uma reunião das Cinco Famílias em Nova York. Ele esclarece sua posição sobre o negócio das drogas e pede que evitem a guerra, já que a vingança não reviveria Bruno ou Sonny, e só prejudicaria a todos. Além disso, ele pede segurança para Michael voltar. Relutantemente, todos concordam e uma trégua é aceita.

Assim que Michael retorna, Don Vito entra numa espécie de aposentadoria, passando a seu filho o controle executivo dos negócios dos Corleones. O Don lhe confidencia que descobrira que os Tattaglia não eram realmente os responsáveis. Emilio Barzini, Don da Família Barzini, era quem estava por trás de tudo. Ele também avisa Michael que há um traidor entre eles. O traidor poderá ser identificado quando fizerem a ele uma proposta para se encontrar com Barzini: quem trouxer a proposta será o traidor, e o encontro será uma armadilha.

Don Vito Corleone morre de parada cardíaca brincando com o neto no jardim. Michael Corleone se torna o novo Don. Dias depois da morte de Don Vito, Tessio propõe a Michael o encontro com Barzini, e ele manda assassiná-lo por ser o traidor. Tessio pede ao seu executor para dizer a Michael que “não foi pessoal, apenas negócios”. Mais tarde, Michael ordena o assassinato de todos os Dons de Nova York simultaneamente, tornando-se assim o homem mais poderoso da máfia nos Estados Unidos.

No entanto, ele decide se aposentar da vida como mafioso, pelo menos parcialmente. Ele dedica-se à indústria do jogo em Nevada, levando Tom Hagen com ele e permitindo que Peter Clemenza forme sua própria Família.

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Resumo: O Cônsul Honorário (Graham Greene)

A história se passa numa cidade no norte da Argentina, perto da fronteira com o Paraguai.

Eduardo Plarr é um jovem médico de origem inglesa. Quando era garoto, ele fugiu do Paraguai para Buenos Aires com sua mãe, enquanto seu pai inglês permanecia no país como rebelde político. Exceto por uma única carta entregue em mãos, os dois nunca mais ouviram falar dele.

Quando Plarr mudou-se para a quieta e úmida cidade, ele trava conhecimento com os dois únicos habitantes ingleses, o velho e amargo professor de inglês Humphries, e o Cônsul honorário Charles Fortnum, um divorciado alcoólatra deprimido, que abusa da sua posição. Outro conhecido de Plarr é Julio Saavedra, um escritor argentino arrogante e marginalizado, cujas novelas são cheias de machismo silencioso.

Ao visitar o bordel local com Saavedra, Plarr é atraído por uma das mulheres, mas ela é levada por outro homem. Dois anos depois, ele é chamado para tratar a nova esposa de Fortnum. Plarr descobre que é a mesma mulher do bordel, Clara. Plarr se considera um inglês frio e controlado (embora nunca tenha estado na Inglaterra), mas ele se torna obcecado por Clara. Mais tarde, ele a seduz comprando óculos escuros para ela. Os dois começam a ter um caso, embora ele tente se manter emocionalmente distante dela.

Clara engravida. Fortnum acha que o bebê é dele e começa a beber menos.

Alguns dos antigos amigos de escola de Plarr aparecem no seu consultório, entre eles um ex-padre chamado Rivas. Eles têm notícias sobre o pai de Plarr: ele está vivo, numa prisão paraguaia. O grupo tem um plano, para o qual eles precisam da ajuda do médico: sequestrar o embaixador americano, que passará pela cidade, e trocá-lo por vários prisioneiros políticos no Paraguai, incluindo o pai de Plarr.

O bando consegue realizar seu plano, mas sequestram o homem errado: Charles Fortnum, o Cônsul honorário, que eles levam para um barraco miserável numa favela.

Daí em diante, Plarr se esforça em conseguir a libertação de Fortnum, através dos esforços diplomáticos da Grã-Bretanha, cujo Embaixador em Buenos Aires é uma figura cômica, ou apelando para seus antigos colegas de escola. No entanto, ninguém o ouve. Saavedra e Humphries não conseguem o apoio de Plarr para seus esforços. A polícia suspeita do envolvimento de Plarr no sequestro, já que sabe do seu envolvimento com Clara e considera estranho seu comportamento. Eles também dizem que seu pai tinha sido morto no Paraguai quando tentava fugir.

Plarr vai até o barraco, onde Fortnum tinha levado um tiro na perna durante uma tentativa de fuga. Fortnum acha que morrerá, e passa boa parte do tempo se emocionando ao pensar em Clara e se lembrando da temível figura do seu pai. Ele acaba descobrindo que Plarr está tendo um caso com Clara e que Plarr é o pai da criança que ela está esperando.

Enquanto isso, alguns membros do grupo fogem e a polícia cerca o barraco, dando um prazo para se entregarem. O ex-padre Rivas celebra uma missa improvisada no barraco debaixo de chuva, enquanto a polícia espera o final do prazo para a rendição.

Plarr sai para falar com a polícia mas é morto por atiradores, junto com os outros sequestradores. As autoridades culpam os sequestradores pela morte de Plarr. A mãe dele e algumas das suas antigas amantes comparecem ao funeral. Saavedra lê uma homilia. A Embaixada da Grã-Bretanha afasta Fortnum do seu posto.

A história termina com Clara e Fortnum tentando se reconciliar, e ele decide chamar seu filho de Eduardo.

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Resumo: As Meninas (Lygia Fagundes Telles)

As Meninas

A história se passa em São Paulo, no final da década de 1960. Três universitárias de condição social e origens diversificadas se conhecem em um pensionato de freiras e se tornam muito amigas, apesar das diferenças de valores e personalidades.

Lorena Vaz Leme divaga em seu quarto dourado e rosa no pensionato Nossa Senhora de Fátima. Pensa na amiga Lia de Melo Schultz, que tem pretensões a escritora e é militante política; no gato Astronauta, que cresceu e abandonou-a; em Che Guevara, que foi líder de toda uma geração; em M.N., homem misterioso que lhe desperta desejos eróticos, em Jesus Cristo, a quem dedica a música de Jimi Hendrix; e na morte desse roqueiro e de Rômulo, seu irmãozinho querido. Lia aparece para pedir-lhe o carro de “mãezinha” emprestado, e enquanto tomam o chá especial de Lorena, conversam e divagam sobre tolices e sobre coisas sérias, entre as quais a greve na faculdade; a prisão de Miguel, namorado de Lia e também militante político; na alienação da burguesia acomodada; na repressão militar, nos amigos que estão presos e sendo torturados. Lorena lembra a morte traumática de Rômulo e sua agonia nos braços da mãe, vitimado por um tiro acidental dado pelo outro irmão, Remo. Da fuga de Remo para o exterior através da Diplomacia, dos frequentes presentes que ele envia a ela (sinos, lenços, roupas, comida…). Mistura a esses pensamentos a figura do médico Marcus Nemésios (o M.N.), casado e bem mais velho, de quem ela sonha receber amor, carinho e; evoca ainda a figura de Ana Clara, suas origens “suspeitas”, no excesso de tranquilizantes que consome; pensa na própria adolescência, ao piano, no gostoso convívio familiar, nos banhos de banheira, na decisão de morar no pensionato, no aluguel e decoração do quarto por Mieux, o atual namorado da mãe. Lia fala sobre o livro que escrevera e acabara por rasgar. Criticam Ana Clara e o namorado Max, traficante que a viciou em drogas, e o provável e desconhecido noivo rico com quem ela pretende se casar para “sair do buraco”, após plástica restauradora da virgindade, bancada por Lorena. Lia pede várias vezes o carro emprestado e um pouco de dinheiro para o “aparelho” do qual ela faz parte. Apesar de temer envolvimentos com o grupo e suas consequências, Lorena é incapaz de dizer “não” aos pedidos das amigas.

Ana Clara e Max drogam-se na cama e deliram. Ela sente-se travada, bloqueada, apesar das sessões de terapia (ela odeia o analista). Acha-se bonita e carente; a mãe, prostituta, nunca lhe deu atenção. Lembra-se do Dr. Algodãozinho, que deixava seus dentes apodrecerem para abusar sexualmente dela e da mãe, em sua cadeira de dentista. Pensa no quanto ama Max, mas que em janeiro casa-se com o noivo rico e resolve seus problemas. Sente ódio de Deus e de negros. Resgata a infância carente, repleta de ruídos e cheiros, nos prédios em construção, onde vivia com a mãe e os sucessivos amantes. Também evoca detalhes da vida das amigas Lia e Lorena. Max também delira. Reza. Teve educação esmerada mas empobreceu e tornou-se traficante. Tem uma irmã que sumiu com as jóias da família e encontra-se internada num sanatório. Ana e Max se amam, mas seu relacionamento é difícil e complicado.

Lorena reflete sobre a violência do mundo; assaltos a bancos; a morte de Rômulo; a profissão de Remo propiciando sua “fuga” para o exterior. Gostaria de poder alienar-se desse mundo violento, como uma ostra dentro de sua concha dourada (como ela considera o seu quarto). Lembra a chegada de Lia e Ana Clara e a “invasão” das duas à sua privacidade, a amizade das três, apesar das personalidades opostas. Miúda e magra, mostra certa inveja da beleza de Ana Clara, apesar da diferença cultural. Lorena pensa sobre as duas amigas: Lia de Melo Schultz tem um “pé” baiano, da mãe Diú (D. Dionísia) e outro berlinense, do pai seu Pô (Herr Paul, ex-oficial nazista). Ela herdou do pai o vigor germânico, e da mãe, as proporções físicas, a cabeleira e a voz adocicada. É uma “mulher-hino”, enquanto Lorena vê-se como uma civilizada, requintada “balada medieval” (ou “Magnólia desmaiada”, para os colegas da Faculdade de Direito). Ana Clara invadira a privacidade de Lorena, obrigando-a a verdadeiros exercícios de caridade cristã: mexe em tudo, nos livros, nos objetos pessoais. Tem olhos verdes, é linda, mas muito confusa, deprimida e deprimente, muito afetada e mentirosa. Profundamente envolvida com sexo e drogas. Enquanto lancha ao sol, Lorena recorda o aborto de Aninha, resgatando a fábula da formiga e da cigarra (inconsciente, bagunceira, irresponsável), com quem compara a amiga. Recebe carta de Remo e pensa na morte de Rômulo. Filosofa sobre o lado omisso das relações humanas. Sonha em casar-se com M.N., pois sente-se frágil, insegura, precisando de um homem em tempo integral. Ao voltar para o quarto, pensa no colega Fabrízio, na noite chuvosa em que ele veio estudar mas preferiu envolvê-la nos braços, ameaçando sua virgindade; na falta de luz e subsequente chegada de Lia, estragando o momento mágico com suas alpargatas molhadas e suas pesquisas sobre a vida das prostitutas, sua obsessão por Miguel. Lia sai, mas chega Ana Clara, e se instala. Fim da noite para Fabrízio e Lorena. No dia seguinte, conheceu o Dr. M.N. na sua Faculdade e ganhou carona. Passa a viver aguardando seu telefonema, fantasiando um amor edipiano.

Max delira na cama. Gosta de Chopin, de Renoir. Conversa com a Coelha (Ana Clara) sobre a riqueza passada, as viagens. Ana compara os diferentes níveis de artistas abstratos e reclama de estar lúcida – teria tomado aspirina? Lembra o passado de miséria e sonha com o futuro promissor como psicóloga de ricaços. Quer esquecer a mãe, os amantes, Jorge, Aldo, Sérgio… e o suicídio com formicida. Lembra-se da amiga Adriana, feia e vesga, mas com casa na praia, onde Ana Clara tentou lavar a memória do passado num banho de mar. Max desperta e os dois deliram juntos. Ela está grávida e quer abortar. Ele deseja o filho, cuja voz diz ter ouvido. Vão ficar ricos e fazer cruzeiros pelo mundo. Ela é a gata borralheira, que tem encontro marcado com o noivo, que já deve estar inquieto com o atraso.

Lorena aguarda o telefonema de M.N., como sempre. Pensa em arte, em literatura (Dante, Beatriz), em jazz, no cheiro do incenso, na morte de Rômulo, na mãe e no carro (teme que Lia seja metralhada dentro dele). Gostaria de poder sair de moto com Fabrízio, um cinema, um jantar… mas acha que ele deve estar na faculdade, incitando a greve e namorando uma poetazinha que resolveu seduzi-lo. Recebe a visita da irmã Bula e desconfia que esta é a autora das cartas anônimas, que falam coisas horríveis sobre as meninas e as freiras, para Madre Alix, a superiora. Enquanto serve licor e biscoito para a freira, relembra a morte de Rômulo, as manchetes nos jornais; pensa em Lia, em Simone de Beauvoir, em segundo e terceiro sexos, em M.N., em Che Guevara, em morrer e renascer (segundo S. Marcos, “é necessário nascer de novo”). Recupera a teoria da amiga “terrorista” sobre a perda de pureza do baiano e do índio, e cita Gonçalves Dias. Coloca um Noturno de Chopin e serve constantemente vinho à freirinha. Quando tampa a garrafa, pensa na ferida de Rômulo, na fuga de Remo. Despede-se da Irmã Bula e de sua velhice sem sentido.

Na sala imunda e mal iluminada onde montaram o “aparelho”, Lia e Pedro começam a separar material para o jornal. Conversam sobre experiências homossexuais; Jango; o nazismo; conceito de santidade; Che Guevara; Martin Luther King; engajamento político-social; atuação da Igreja progressista; casamento de padres; amor… Sai para uma operação noturna com o Bugre, que lhe conta sobre a próxima deportação de Miguel para a Argélia. De volta ao pensionato, feliz, conversa com Madre Alix: fala de seu amor pela família, do passado com saudade; do presente; de Ana Clara, Max e seu envolvimento com drogas; na sua pretensa vocação para escritora; na desilusão com Miguel (muito cerebral) e Lorena (muito sofisticada). Madre Alix quer ajudá-las, mas sente-se impotente e teme por seu futuro. Sugere uma epígrafe para o livro de Lia e que serve para a vida das duas: “Sai da tua terra e da tua parentela e da casa de teu pai e vem para a terra que eu te mostrarei” (Gênesis).

A Irmã Clotilde leva frutas para Lorena, que se exercita na bicicleta. Falam sobre as duas Santas Teresas; sobre Tolstói; sobre homossexualismo (comenta-se no pensionato que a Irmã Clotilde é lésbica); sobre beleza, ideais, filosofias de vida. A freira vai lavar as mãos e volta criticando a cor, a saúde e a alimentação das três amigas. Lorena anseia por beleza e um telefonema… Quer ficar só, mas a freira se demora na visita e no exame do quarto, dos animais, dos livros da moça. Esta lê um pedaço de um livro de Direito, cita frases em latim, enquanto pensa sobre o lado oculto das pessoas: a vida é um jogo de espelhos, e Lorena tem sede de autenticidade… Lia chega, a freira se vai. Devolve a chave do carro, conta sobre a viagem à Argélia, brinca de entrevistar Lorena (os assuntos de sempre: virgindade, casamento, M.N., Fabrízio, Pedro) e diz que esta é edipiana. Ambas mostram-se preocupadas com a gravidez de Ana “Turva” e sua dependência. Divertem-se no jardim e despedem-se no portão. Lia pede roupas para os “revolucionários”. Lorena fica pensando na iniciação sexual das amigas e imagina como será sua primeira vez (M.N. é ginecologista e um “gentleman”).

Ana Clara e Max acordam e conversam: ele e Lorena são “aristocratas”, têm álbum de retratos… Os de Lorena estão na garagem do pensionato. Criticam o amante jovem de mãezinha, Mieux. Max vai até a geladeira, come e volta a dormir. Ana pensa na desculpa que vai inventar para o noivo aceitar seus sumiços. Arruma-se e sai. Chove. São quase onze horas da noite. Não consegue táxi e aceita carona de um industrial num Mercedes. Foge dele e refugia-se em um bar, onde encontra um velhote estranho que a convida para seu apartamento. Confundindo-o com um pai que nunca teve, segue-o. É um apartamento de boêmio, com retratos na parede, vitrola de corda e discos de tangos. Ana deita-se na cama e dorme, enquanto ele lê para ela textos sobre Napoleão, Rodolfo Valentino e tem um orgasmo. Ele diz que o platonismo amoroso é a forma mais sutil e temível da paixão infinita e insaciável.

Na banheira, Lorena filosofa sobre “ser” ou “estar” no mundo – na desintegração do ser humano na cidade grande, no papel do filósofo, do advogado, do médico, do psiquiatra. Sente todos os sintomas de todas as doenças mentais, apesar de charmosa e inteligente. Lembra-se da fazenda, das procissões em que se vestia de anjo. Rememora o primeiro encontro com M.N. e imagina as reações de mãezinha quando lhe contar sobre ele. Sai do banho emocionada e veste um roupão. Chega o colega Guga, que lhe conta ter abandonado a família, a escola e estar vivendo em um porão, numa comunidade. Escandalizada com sua sujeira, Lorena corta-lhe as unhas, alerta-o sobre promiscuidade e lê para ele uma carta de M.N. Guga se excita e tenta amá-la. Ela quase cede, mas reage e ele se vai. Chega Lia. Conversam sobre filosofia, Lacan, auto-identificação, transferência de afetos. Lia quer provar que M.N. está mais para pai que para namorado, mas Lorena não admite. Falam sobre o telefonema de Herr Pô e da promessa de ajuda em dinheiro para a viagem. Lorena entrega a Lia um cheque em branco e pede-lhe para usar uma cruz na corrente, enquanto filosofa sobre Deus, religião, fé. Lia sai rindo. Lorena faz caretas.

Lia pega carona com o motorista da mãezinha de Lorena e vai visitá-la. No caminho, consegue confundir a cabeça do senhor com seu discurso sobre família e liberdade. Recebida no hall pelo mordomo, fuma, examina os objetos e tapetes luxuosos, enquanto imagina sua viagem, a desunião da esquerda; vê-se na Argélia escrevendo seu diário e exaltando a Pátria. Mãezinha chora, na cama, a morte do psiquiatra Dr. Francis. Desajeitada, Lia tenta consolá-la e ouve suas lamúrias sobre a diferença de idade entre ela e Mieux, a impossibilidade de acompanhá-lo em seus programas, a dificuldade em aceitar a velhice e a morte. Lia lembra-se de sua família com saudade e amor. Mãezinha acha Lia um tanto masculinizada. Ela pergunta sobre os namoros de Lorena e Lia e quer trazer a filha de volta à casa. Conta uma versão totalmente diferente sobre a morte de Rômulo: uma falência cardíaca, ainda bebê. Lia sente-se nauseada e pensa em ver o álbum de fotos na garagem: acha que mãezinha está escamoteando a tragédia por auto-defesa. Ganha roupas e mala para a viagem.

Tarde da noite, Ana Clara chega transtornada ao quarto de Lorena, que está estudando para a prova no dia seguinte, pois a greve terminara. Entra arrastada, gritando de dor no peito e imunda. Lorena coloca-a na banheira. O corpo dela está cheio de nódoas roxas e sofre alucinações com formigas, baratas, Deus e Max. Pede uísque e a bolsa. Delira. Lorena pensa no abismo entre o ser e o estar, num futuro feliz no campo, fora de sua casca. As novelas da vizinhança encobrem os ruídos e finalmente Ana Clara adormece. Lorena toma chá. Finalmente Lia chega para preparar as malas para a viagem na manhã seguinte e Lorena vai até seu quarto. Conversam muito – sabem que estão se despedindo – e Lia conta-lhe que Guga virá procurá-la. Não vêem futuro na relação com M.N., que jamais abandonará a família. Ao voltar para o quarto, Lorena tem um choque: Ana Clara está morta.

Lia corre aos acenos da amiga. Ao entrar, encontra Lorena massageando o peito de Ana Clara, tentando revivê-la, enquanto reza. Lia pensa em chamar o pronto-socorro, em acordar todo mundo, em que poderia ter feito mais pela amiga, além dos “discursos”. A bolsa de Ana Clara está aberta: talvez dali ela tirara a própria morte. Lorena tem ideias e age: encomenda o corpo, reza em latim, veste e pinta Ana Clara como se esta fosse a uma festa. Elimina todas as pista comprometedoras para Aninha e Max, além das freiras do pensionato. As duas amigas carregam Ana Clara através da noite providencialmente nebulosa e abandonam o corpo num banco de uma linda praça do bairro. Voltam para o pensionato e separam-se. Cada uma vai viver a própria vida, Lia no exílio e Lorena de volta para a casa de mãezinha, deixando sua concha para a futura hóspede, que vem do Pará.

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Resumo: O Espião que Veio do Frio (John Le Carré)

O Espião que Veio do Frio

A história se passa na Europa, durante a Guerra Fria.

O escritório do Circo em Berlim Oriental, sob o comando do oficial de inteligência Alec Leamas, estava tendo um péssimo desempenho. A gota d’água foi o assassinato de Karl Riemeck, o último e melhor dos agentes duplos, morto logo antes da sua fuga para Berlim Ocidental pelos agentes alemães orientais comandados pelo lendário Mundt.

Com toda a sua rede de espionagem na Alemanha Oriental destruída por Mundt, Leamas cai em desgraça e o Controle o chama de volta para o Circo em Londres. Depois de algum tempo, ele recebe uma última chance de se redimir. Sua missão será se passar para o outro lado e fornecer informações falsas para os alemães orientais, que implicam Mundt como um agente duplo britânico. Isso irá reforçar as suspeitas de Fiedler, o assistente de Mundt, e fará com que a Abteilung mate Mundt. O Controle afirma a Leamas que Fiedler é a melhor pessoa para derrubar Mundt. Goerge Smiley e seu antigo assistente, Peter Guillam, preparam Leamas para sua missão. O Controle informa Leamas que Smiley não retornara à ativa devido a escrúpulos morais sobre operações antiéticas do Circo.

Para fazer com que os alemães orientais o considerem pronto para uma deserção, o Circo articula sua decadência. Leamas é afastado do serviço com uma pensão insuficiente, acompanhado de rumores sobre ter sido apanhado desviando dinheiro. Ele consegue um emprego miserável numa pequena biblioteca local, mas é demitido por beber durante o expediente. Na biblioteca, ele trabalha com Liz Gold, uma jovem judia altruísta, que também é a secretária da sua célula local do Partido Comunista britânico. Apesar da atuação política dela, os dois se apaixonam e criam um relacionamento. Antes de imergir definitivamente no esquema do Controle, Leamas se despede de Liz e faz com que ela prometa que não irá procurar por ele em nenhuma circunstância. Leamas também pede que o Controle deixe Liz em paz; o Controle concorda. Então, como planejado, Leamas assalta uma loja e é preso.

Depois da prisão, um agente da Alemanha Oriental recruta Leamas. Ele é levado para o exterior; primeiramente para a Holanda, depois para a Alemanha Oriental. No caminho, ele se encontra com membros do alto escalão da Stasi, o Serviço de Inteligência alemão oriental. Durante esse processo, Leamas faz insinuações que indicam pagamentos britânicos para um agente duplo na Stasi, ao mesmo tempo em que finge não ver as implicações. Enquanto isso, na Inglaterra, George Smiley e Peter Guillam aparecem no apartamento de Liz Gold, declarando serem amigos de Alec. Eles fazem perguntas sobre Leamas e oferecem ajuda financeira a ela.

Na Alemanha Oriental, Leamas se encontra com Fiedler. Eles têm muitas conversas numa cabana na floresta, nas quais Fiedler busca provas conclusivas contra Mundt e se envolve em discussões ideológicas e filosóficas com o pragmático Leamas. Na avaliação de Leamas, Fiedler parece contente em viver na sombra de Mundt, apesar de ser jovem e brilhante. Ele simpatiza com Fiedler e suas atitudes; um judeu que vivera no Canadá durante a Segunda Guerra Mundial e um comunista idealista que leva em conta o aspecto moral dos seus atos. Por outro lado, Leamas vê Mundt como um mercenário brutal e oportunista, que era um nazista até 1945, se juntara aos comunistas simplesmente porque eles eram os os novos chefes, e que continuava a ser um antissemita. Leamas acha que ajudar Fiedler a destruir Mundt é uma ação valiosa. Enquanto isso, Liz Gold é convidada a ir à Alemanha Oriental para um intercâmbio de informações entre os Partidos Comunistas.

A luta mortal pelo poder na Abteilung explode abertamente quando Mundt ordena que Fiedler e Leamas sejam presos e torturados. No entanto, os líderes comunistas alemães intervêm, pois Fiedler tinha pedido a prisão de Mundt no mesmo dia em que ele mandara prender Fiedler e Leamas. Eles são libertados, e Fiedler e Mundt são convocados para apresentar seus casos num tribunal secreto, na cidade de Görlitz.

No julgamento, Leamas apresenta registros de pagamentos numa conta bancária secreta, que Fiedler associa aos movimentos de Mundt. Fiedler também demonstra que o agente Karl Riemeck passara a Leamas informações as quais ele não tinha acesso formal, mas que eram do conhecimento de Mundt. Fiedler apresenta ao tribunal várias outras provas de que Mundt era um agente duplo britânico, afirmando que ele tinha sido capturado na Inglaterra, e que sua fuga fora autorizada somente quando ele aceitara trabalhar para os britânicos.

O advogado de Mundt chama uma testemunha surpresa para a defesa: Liz Gold, que sabia nada sobre o julgamento. Embora não queira testemunhar contra Alec Leamas, ela admite que George Smiley tinha pago o aluguel do seu apartamento depois de visitá-la; que ela tinha prometido a Leamas não procurar por ele quando ele desapareceu; e que ele tinha se despedido dela na véspera do assalto à loja. Percebendo que a operação estava exposta, Leamas se oferece para contar tudo à Stasi, em troca da liberdade de Liz. Ele confessa que o Controle o tinha recrutado para incriminar Mundt e que Fiedler nada sabia sobre deste plano. No entanto, o tribunal zomba dele. Durante a acareação, Fiedler pergunta a Mundt como ele sabia que alguém estava pagando o aluguel de Liz, já que ela nunca diria isso a ninguém. Mundt hesita antes de responder; o tribunal interrompe o julgamento e prende Fiedler. Finalmente, Leamas compreende a verdadeira natureza da operação do Controle e de Smiley.

Liz é mandada para uma cela, mas Mundt a coloca num carro com Leamas ao volante. Eles rumam para Berlim, onde uma rota de fuga para Berlim Ocidental está preparada. Durante a viagem, Leamas explica a operação a ela, inclusive as partes que ele compreendera apenas depois do julgamento. Os falsos pagamentos bancários eram reais, e Mundt era de fato um agente duplo britânico que se reportava a Smiley e Guillam. A operação era contra Fiedler, não Mundt, como Leamas fora levado a acreditar, porque Fiedler estava prestes a desmascarar Mundt. Como Fiedler era poderoso demais para Mundt eliminá-lo sozinho, o Controle e Smiley o tinham ajudado. Tudo tinha sido planejado, inclusive colocar Leamas e Liz no mesmo local de trabalho. Ao se apaixonarem, eles apenas tinham tornado as coisas mais fáceis. Liz fica horrorizada ao constatar que o Serviço Secreto britânico planejara a derrocada de Fiedler, um homem inteligente e compreensivo, para proteger o desprezível Mundt. Ela pergunta a Leamas qual será o destino de Fiedler; ele responde que Fiedler provavelmente será fuzilado.

Apesar do seu choque moral, Liz acompanha Leamas até a brecha do arame farpado em frente ao Muro de Berlim, o qual eles precisarão escalar para fugir da Alemanha Oriental. Leamas sobe primeiro e, quando ele está puxando Liz, holofotes se acendem do lado oriental e ouvem-se tiros. Liz é atingida e escorrega para o chão. Do lado ocidental do Muro, Leamas ouve Smiley chamando por ele e pedindo que ele salte. Vendo Liz morta, Leamas desce novamente o Muro do lado oriental, para estar perto dela. Os guardas da fronteira atiram nele e o matam.

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Resumo: O Dia do Chacal (Frederick Forsyth)

O Dia do Chacal

Parte 1: Anatomia de um Complô

A história começa com o atentado fracassado contra a vida do Presidente da França, Charles de Gaulle, planejado pelo coronel Jean-Marie Bastien-Thiry, em Petit-Clamart, um subúrbio de Paris. Depois da prisão de Bastien-Thiry, as forças de segurança francesas deflagram uma pequena e extremamente cruel guerra “subterrânea” contra os terroristas da OEA, um grupo militante de extrema-direita que marcaram De Gaulle como um traidor da França após a sua concessão da independência à Argélia. O serviço secreto francês é altamente eficaz em se infiltrar na organização terrorista com os seus próprios informantes, permitindo que elas sequestrem e neutralizem o chefe das operações terroristas, Antoine Argoud. O fracasso do assassinato de Petit-Clamart, e de uma tentativa subsequente na Escola Militar, juntamente com a eventual execução Bastien-Thiry por fuzilamento, são golpes devastadores na moral dos terroristas.

O vice de Argoud, o tenente-coronel Marc Rodin, examina cuidadosamente suas poucas opções restantes e conclui que a única maneira de conseguir matar De Gaulle é contratar um assassino profissional de fora da organização, uma pessoa completamente desconhecida, tanto para as autoridades francesas quanto para a OEA. Após as investigações, ele contata um inglês (cujo nome nunca é dado), que reúne-se com Rodin e seus dois adjuntos principais, em Viena, e se compromete a assassinar De Gaulle pela soma de 500.000 dólares. Os quatro homens concordam com o seu nome de código, “Chacal”.

A seguir, são descritos os cuidadosos preparativos do Chacal para o assassinato. Primeiro, ele adquire um passaporte legítimo britânico sob um nome falso, com o qual ele planeja operar a maior parte de sua missão. Ele também rouba os passaportes de dois turistas estrangeiros que visitam Londres, que se assemelham a ele, para uso numa emergência.

Utilizando o seu passaporte falso principal, o Chacal viaja para a Bélgica, onde ele adquire um rifle de precisão super fino de um grande mestre armeiro, e um conjunto de falsos documentos de identidade francesa de um mestre falsificador. Depois de pesquisar exaustivamente uma série de livros e artigos sobre De Gaulle, o Chacal viaja a Paris para definir o local mais favorável e o melhor dia para o assassinato.

Enquanto isso, a OEA executa uma série de assaltos à mão armada na França e consegue depositar a primeira metade do pagamento do Chacal em seu banco na Suíça. Isso atrai a atenção do Serviço Secreto francês, que está vigiando as ações de Rodin e seus subordinados. O Serviço Secreto falsifica uma carta que atrai um dos seguranças de Rodin para a França, onde ele é capturado e interrogado, antes de morrer. Interpretando suas divagações incoerentes, o Serviço Secreto consegue descobrir os planos de Rodin, mas não consegue saber o nome nem a descrição exata do assassino.

Quando informado sobre a trama, De Gaulle (que era notoriamente descuidado de sua segurança pessoal) se recusa, absolutamente, a cancelar sua aparição pública, modificar sua rotina normal, ou até mesmo permitir que seja feito qualquer tipo de investigação pública sobre o paradeiro do possível assassino. Todo o inquérito, ele ordena, deve ser feito em sigilo absoluto.

Roger Frey, o Ministro do Interior, convoca uma reunião dos chefes das forças de segurança francesas. Uma vez que Rodin e seus homens se refugiaram em um hotel em Roma, sob forte vigilância, não podem ser capturados e interrogados. O resto da reunião é gasto em discussões inúteis sobre a forma de proceder, até que o comissário da Polícia Judiciária argumenta que o primeiro e mais importante passo é estabelecer a identidade da Chacal, o que é um trabalho de detetive. Quando questionado sobre quem é o melhor detetive de França, ele indica seu próprio vice-comissário, Claude Lebel.

Parte 2: Anatomia de uma Caçada Humana

Tendo recebido poderes especiais de emergência para realizar sua investigação, Lebel faz tudo que pode para descobrir a identidade do Chacal. Ele primeiro consulta a sua rede de contatos da polícia e dos serviços de inteligência estrangeiros para saber se tem eles possuem algum registro de um assassino político de primeira classe. A maioria das consultas são infrutíferas, mas, no Reino Unido, a consulta é eventualmente transferida para a Seção Especial da Scotland Yard, e chega até outro detetive veterano, o Superintendente Bryn Thomas.

Uma busca nos registros da Seção Especial não revela nada, mas um dos subordinados de Thomas sugere que, se o assassino atuou principalmente no exterior, ele provavelmente teria chamado a atenção do Serviço Secreto de Inteligência. Thomas faz uma investigação informal com um amigo seu com o pessoal do SIS, que relata um rumor de um oficial estacionado na República Dominicana na época do assassinato do presidente Trujillo. O boato dizia que um assassino contratado havia parado o carro de Trujillo com um tiro de fuzil, permitindo que um grupo de rebeldes se aproximasse e acabasse com ele; além disso, o assassino seria um inglês chamado Charles Calthrop.

Para sua surpresa, Thomas é chamado pessoalmente pelo primeiro-ministro, que lhe informa que a palavra dos seus inquéritos alcançou altos círculos do governo britânico. Apesar da hostilidade sentida por grande parte do governo contra a França em geral, e De Gaulle, em particular, o primeiro-ministro informa que De Gaulle é seu amigo, e que o assassino deve ser identificado e detido a todo custo. Thomas recebe uma comissão muito semelhante à de Lebel, com poderes temporários que lhe permitem passar por cima de quase qualquer outra autoridade no país.

Verificando o nome de Charles Calthrop, Thomas encontra uma correspondência com um homem que vive em Londres e que no momento estaria de férias na Escócia. Embora Thomas confirme que este Calthrop esteve na República Dominicana no momento da morte de Trujillo, ele não sente ter certeza suficiente sobre ele para informar Lebel. Mas, em seguida, um de seus detetives percebe que as três primeiras letras do seu nome de batismo e do sobrenome formam “Cha-Cal”, ou seja, Chacal. Tomás chama Lebel imediatamente.

Sem que qualquer membro do conselho das forças de segurança francesas saiba, a amante de um deles (um arrogante coronel da Força Aérea anexado ao pessoal de De Gaulle) é na verdade uma agente da OEA. Através da conversa de travesseiro, o coronel involuntariamente alimenta o Chacal com um fluxo constante de informações quanto ao andamento das investigações de Lebel.

O Chacal entra na França através da Itália, pilotando um Alfa Romeo esportivo alugado, com sua arma especial escondida no chassi. Ao receber a palavra do agente da OEA que os franceses estão de olho neles, ele decide o seu plano será bem sucedida, e prossegue.

Em Londres, a Divisão Especial invade o apartamento de Calthrop e encontrando o seu passaporte, deduzindo que ele deve estar viajando com um passaporte falso. Quando eles descobrem o nome da identidade falsa do Chacal falso, Lebel e a polícia chegam perto de prendê-lo no sul da França. Mas, graças ao seu contato da OEA, o Chacal sai do hotel antes do esperado, escapando da captura por apenas uma hora.

Com a polícia à procura dele, o Chacal refugia-se no castelo de uma mulher que ele seduziu enquanto estava hospedado no hotel na noite anterior. Quando ela mexe nas suas coisas e encontra a arma, ele a mata e foge novamente. O assassinato não é relatado até muito mais tarde naquela noite, permitindo que o Chacal assuma uma das suas duas identidades de emergência e embarque no trem para Paris.

Parte 3: Anatomia de um Assassinato

Lebel começa a suspeitar de que o resto do conselho chama de “sorte diabólica” do Chacal. Ele coloca escutas nos telefones de todos os membros do conselho, o que o leva a descobrir a agente da OEA. O coronel da Força Aérea se retira da reunião do conselho em desgraça. Enquanto isso, Thomas verifica os relatórios sobre passaportes roubados ou extraviados em Londres nos últimos meses, ele descobre as outras identidades falsas do Chacal.

Na noite de 22 de agosto de 1963, Lebel deduz que o Chacal decidiu assassinar De Gaulle no Dia da Libertação, em 25 de agosto, quando é comemorada a libertação de Paris durante a Segunda Guerra Mundial. Ele percebe que é o único dia do ano em que é garantido que De Gaulle estará em Paris, e que aparecerá em público. Considerando que a investigação está praticamente concluída, o Ministro do Interior organiza uma caçada humana maciça em toda a cidade atrás do Chacal sob seus falsos nomes e dispensa Lebel com felicitações.

No entanto, o Chacal os ilude novamente. Fingindo ser homossexual num de seus disfarces falsos, ele se permite ser “pego” por um outro homem e levado para seu apartamento, onde ele mata o homem e permanece oculto pelos três dias restantes.

Na véspera do Dia da Libertação, o Ministro do Interior convoca Lebel novamente e diz a ele que o Chacal ainda não pode ser encontrado. Lebel escuta os detalhes da agenda do Presidente e das medidas de segurança, e não pode sugerir nada mais útil do que todos devem manter os olhos abertos.

No dia do assassinato, o Chacal, disfarçado como um veterano de guerra francês de uma perna só, atravessa as barreiras policiais, carregando seu rifle escondido nas partes de uma muleta. Ele faz seu caminho para um prédio de apartamentos com vista para a Place du 18 Juin 1940, onde De Gaulle está apresentando medalhas a um pequeno grupo de veteranos da Resistência.

Enquanto a cerimônia começa, Lebel está andando pela rua a pé, questionando e requestionando cada posto policial. Quando ele ouve de um oficial da CRS sobre um veterano de uma perna só, com uma muleta, ele percebe o plano do Chacal e corre para o prédio, gritando para o homem da CRS segui-lo.

Na sua posição de franco-atirador, o Chacal prepara sua arma e mira a cabeça de De Gaulle. No entanto, seu primeiro tiro erra por uma fração de centímetro, quando De Gaulle inesperadamente se inclina para beijar o rosto do veterano que ele está honrando. O Chacal começa a recarregar.

Do lado de fora do apartamento, Lebel, e o homem da CRS chegam no andar de cima a tempo de ouvir o som do primeiro tiro, abafado pelo silenciador. O homem da CRS arrebenta a porta e invade o apartamento. O Chacal se vira e atira, matando o jovem policial.

Finalmente, o assassino e o detetive da polícia se confrontam. Por um segundo, os dois – que haviam desenvolvido um relutante respeito mútuo durante a longa perseguição – se olham de frente, imóveis. O Chacal carrega sua terceira e última bala no rifle, enquanto Lebel, desarmado, apanha a submetralhadora do policial morto. Lebel é mais rápido, e atira no Chacal a metade de um pente de balas, matando-o imediatamente.

Epílogo

Em Londres, a Seção Especial começa a limpar o apartamento de Calthrop, quando o verdadeiro Charles Calthrop chega e pergunta o que eles estão fazendo. Depois de confirmarem que Calthrop estava de férias na Escócia, e não tem qualquer ligação com o Chacal, os britânicos ficam pensando quem o Chacal seria realmente.

O Chacal é enterrado em uma vala comum no cemitério de Paris, oficialmente registrado como um turista estrangeiro desconhecido, morto num acidente de carro. Além do padre, a única pessoa a ir ao enterro é o inspetor de polícia Claude Lebel, que sai do cemitério para voltar para sua casa e sua família.

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  • Artigo link externo sobre Frederick Forsyth na Wikipedia.

 

Resumo: Incidente em Antares (Érico Veríssimo)

Incidente em Antares

Parte I – Antares

A história do pequeno vilarejo do Rio Grande do Sul, inicialmente chamado de Pocinho da Caveira, começa por volta de 1830 com a visita de um cientista, o naturalista francês Gaston Gontran D’Auberville, que encontra já no lugar um fazendeiro chucro e desconfiado chamado Chico Vacariano. O cientista diz ao fazendeiro, apontando o céu, que a estrela Antares é maior do que o Sol. O fazendeiro não acredita, mas gosta do nome, porque parece o de um lugar onde se criam antas. Assim, o vilarejo passa a se chamar Antares, embora ninguém entenda o motivo.

Por volta de 1860 chega a Antares Anacleto Campolargo, como senhor de vastas terras, o que desagrada muito Vacariano. Anacleto se instala no vilarejo e, pela primeira vez, alguém enfrenta Chico Vacariano. Assim nasceu a eterna rixa entre Vacarianos e Campolargos, briga que foi mantida pelos descendentes até o ano do incidente.

Durante décadas, os membros das duas famílias alimentaram o ódio entre si. Sempre que Vacarianos estavam de um lado, os Campolargos estavam de outro. A única exceção foi a Guerra do Paraguai, na qual lutam do mesmo lado, mas divergem em relação à autoria da morte do ditador Solano Lopes.

A rivalidade permanece forte mas aos poucos cessam as violências físicas entre as famílias. Dona Quitéria assumiu a direção do clã dos Campolargos, por incompetência política do marido Zózimo.

Parte II – O Incidente

O Incidente começa com uma greve geral que Tibério Vacariano tenta impedir a todo custo, sem sucesso. Como era comum na década de 1960, muita gente confunde grevistas e comunistas. O clima fica tenso na cidade.

A situação se agrava quando, na sexta-feira, 13 de dezembro de 1963, sete pessoas amanhecem mortas. D. Quitéria Campolargo é a morta mais ilustre, seguida pelo Dr. Cícero Branco, o Professor Menandro, o Barcelona, o Joãozinho Paz, a prostituta Erotildes e outro de menor importância. O problema é que a greve se amplia aos coveiros e os mortos não podem ser enterrados nem por eles, nem por ninguém.

O incidente piora ainda mais quando um ladrão de sepulturas tenta roubar as joias dos mortos e se depara com D. Quitéria ressuscitada. Logo a seguir, ressuscitam todos os outros mortos. Todos se unem, visto não haver classes sociais para defuntos. Depois de reunidos, devidamente apresentados e de aparecerem na cidade, saem cada um para seu lado para acertar contas pendentes com os vivos.

Em função do ajuste de contas, os mortos são apedrejados e descobrem que não são bem-vindos, nem mesmo D. Quitéria. Os grevistas, diante do ocorrido, resolvem suspender o movimento e enterrar os mortos. Eles aceitam e o enterro geral é feito no sábado, 14 de dezembro.

O prefeito Vivaldino tratou logo de desmentir o ocorrido, que aos poucos foi esquecido e na vida como os romances, logo tudo voltou ao normal. A única consequência é que, às vezes, alguns vultos picham frases nos muros da cidade na calada da noite.

Veja Também:

  • Artigo sobre Érico Veríssimo na Wikipedia.