Resumo: Cândido (Voltaire)

Cândido

A história começa na província de Vestfália, na Alemanha. Cândido é um jovem ingênuo que vive no castelo do barão Thunder-ten-tronck, juntamente com a baronesa, seu filho e a bela filha do casal, Cunegundes. O tutor da casa é o sábio Pangloss, especialista em metafísica, e que possui uma firme crença que este é o melhor dos mundos possíveis, mesmo se acontecem inúmeras desgraças e tragédias.

Um dia, Cândido é expulso do castelo ao ser surpreendido pelo barão beijando Cunegundes, pois o barão considera Cândido indigno de Cunegundes, já que não é suficientemente nobre de nascimento. Sem saber o que fazer, Cândido vai parar na aldeia vizinha, onde acaba sendo recrutado à força pelo exército dos búlgaros, que estavam em guerra contra os ávaros. Recebe o treinamento militar debaixo de pancadas, como era costume, mas aprende tão rápido que apanha pouco, e é considerado um prodígio. Ingenuamente, Cândido tenta dar um passeio sem autorização; é considerado um desertor e é severamente espancado. Pouco depois de ser curado, Cândido participa de um combate, onde testemunha os horrores da guerra e as atrocidades que os exércitos búlgaros e ávaros fazem às aldeias próximas.

Cândido consegue fugir para a Holanda. Lá, ele é maltratado e ameaçado pelos cidadãos por pedir esmolas, até que encontra Jaques, um anabatista que o trata bem, dando-lhe comida, abrigo e algum dinheiro. Pouco depois, Cândido reencontra Pangloss, transformado em um mendigo e devastado pela sífilis. Ele conta a Cândido que os búlgaros destruíram o castelo do barão e mataram toda a família, inclusive Cunegundes, que foi violentada antes de ser morta. Cândido fica arrasado com a notícia. Mesmo assim, Pangloss continua afirmando que tudo o que aconteceu é o melhor possível, mesmo que pareça ser horrível e sem sentido. Jaques também acolhe Pangloss e trata da sua doença. Pangloss se recupera rapidamente, perdendo apenas uma orelha e um olho.

Meses mais tarde, Cândido, Jaques e Pangloss viajam de navio até Lisboa. Perto da cidade, uma terrível tempestade afunda o navio e Jaques se afoga, após ter salvo um marinheiro de péssima índole que o deixa cair no mar sem fazer um gesto para ajudá-lo. Apenas Cândido, Pangloss e o marinheiro sobrevivem ao naufrágio. Assim que chegam à terra firme, eles presenciam um terrível terremoto que destrói Lisboa. Cândido fica seriamente machucado, enquanto o marinheiro parte em busca de algo para saquear. Pangloss insiste com Cândido que tudo o que aconteceu é o melhor possível. A sua conversa é ouvida por um padre inquisidor, que considera ambos heréticos, um por falar sobre uma teoria que é uma negação do pecado original e o outro por escutar atentamente tal blasfêmia. Ambos são presos pela Inquisição no dia seguinte. Dias depois, quando é feito um auto-de-fé público para aplacar a ira de Deus, várias pessoas são executadas, inclusive Pangloss, que é enforcado, e Cândido, que é chicoteado e libertado. Apesar do auto-de-fé, a terra treme ainda mais violentamente do que antes.

Depois da cerimônia, Cândido é interceptado por uma velha, que trata de seus ferimentos e o leva até Cunegundes. Ela conta que sobreviveu à invasão dos búlgaros, ao estupro e à seu quase assassinato. Depois de várias peripécias, Cunegundes tornou-se a amante de Dom Issacar, um poderoso e influente judeu, e do Inquisidor-Mor de Lisboa. Ambos a visitam em dias alternados. Enquanto conversam, chega Dom Issacar, já que é noite de sábado, dia em que visita Cunegundes. Após uma discussão, Cândido mata o judeu. Pouco depois, chega o Inquisidor-Mor, pois já passa da meia-noite e agora é domingo, seu dia com Cunegundes. Ele também é morto por Cândido.

Cândido, Cunegundes e a velha fogem para Cádiz. Lá, Cândido se oferece como voluntário para combater os jesuítas no Paraguai. Eles partem para Buenos Aires. Quando eles chegam, o governador Dom Fernando de Ibarra y Figueroa y Mascareñas y Lampurdos y Souza se apaixona por Cunegundes e a pede em casamento, sem saber que ela está comprometida com Cândido, pois o casal achou mais prudente ocultar seu relacionamento. Cândido foge ao ser avisado pela velha que atracou no porto um navio espanhol trazendo perseguidores do assassino do Inquisidor-Mor. Cunegundes e a velha ficam para trás, confiantes na sua inocência e na proteção do governador.

Em companhia do seu criado Cacambo, Cândido se embrenha na floresta, disposto a se juntar aos jesuítas. Para sua surpresa, ao chegar na aldeia dos jesuítas, Cândido descobre que seu comandante é o filho do barão e irmão de Cunegundes. O novo barão de Thunder-ten-tronck explica que foi dado como morto, mas conseguiu sobreviver e, graças à acolhida que teve pelos padres, acabou tornando-se jesuíta e indo residir no Paraguai. No entanto, o encontro entre os dois fica tenso quando Cândido conta que pretende desposar Cunegundes e o barão o proíbe, alegando que ele não é suficientemente nobre para isso. Eles discutem, e Cândido o atravessa com sua espada. Cândido se disfarça de jesuíta e foge junto com Cacambo pela floresta. Eles são capturados pelos orelhões, uma tribo de canibais que se prepara para devorar Cândido, pois julgam que ele é um jesuíta. Cacambo consegue convencê-los que Cândido na verdade não é um jesuíta; os orelhões ficam tão contentes que os libertam, os cumulam de favores e os acompanham em segurança até a fronteira das suas terras.

Cacambo convence Cândido a tentar retornar à Europa via Caiena, mas eles não conhecem o caminho. Acabam se perdendo, passando fome e sede e, depois de vagarem por muito tempo, chegam ao reino do Eldorado. São bem acolhidos pelo povo e ficam muito espantados ao ver que as riquezas são tão abundantes que o ouro e as pedras preciosas são tratadas como lixo. Além disso, descobrem que o povo é justo e bondoso, e é governado de maneira muito sensata e humana pelo rei. Após um mês vivendo no Eldorado, Cândido convence Cacambo a partirem, levando algumas riquezas do país, e que seriam suficientes para resolver todos os seus problemas. Embora lamentasse a sua decisão, o rei os ajuda a partir, construindo uma máquina que os transporta acima das montanhas que cercam o país. Cândido e Cacambo partem com 102 carneiros vermelhos cobertos de joias. Ao longo da viagem, uns se perdem, outros morrem de cansaço, até que só restam dois carneiros. Finalmente, chegam ao Suriname, onde Cândido descobre que Cunegundes tornou-se a amante do governador de Buenos Aires. Cândido envia Cacambo a Buenos Aires com muitos diamantes para comprar a liberdade de Cunegundes e levá-la até Veneza, onde ele pretende encontrá-los. Cacambo parte, e Cândido trata de preparar sua viagem para a Europa. Um capitão holandês cobra um preço extorsivo para levá-lo e, na hora de zarpar, deixa Cândido no porto e foge com seus carneiros cheios de joias. Cândido, indignado, procura um juiz para queixar-se do ocorrido, mas o juiz o ignora e ainda o multa por comportar-se mal durante a audiência. Desgostoso, Cândido consegue passagem para Bordéus num navio francês, e decide levar como companheiro de viagem uma pessoa que tenha tido ainda mais sofrimentos do que ele. Após ouvir as lamúrias muitos candidatos, Cândido escolhe Martinho, um sábio pessimista, e parte com ele para a França.

Durante a viagem, eles discutem filosofia e assistem a um combate naval entre um navio espanhol e um holandês. O barco holandês é afundado, e Cândido recolhe do mar um dos seus carneiros vermelhos, pois o barco derrotado era o mesmo que o abandonara no Suriname.

Chegando na França, Cândido e Martinho dirigem-se a Paris. Cândido fica doente e é rodeado por interesseiros. Perde muito dinheiro no jogo e com diversos vigaristas. Fartos da França, Cândido e Martinho seguem para a Inglaterra, onde testemunham a execução de um almirante que não matara gente suficiente em um combate. Enojado, Cândido sequer desembarca, e segue sem demora para Veneza.

Em Veneza, não encontram sinal de Cacambo. Martinho diz que certamente ele traiu Cândido, pois possuía muitas riquezas. Cândido não consegue acreditar nisso. Durante alguns dias, eles conhecem melhor a vida dos venezianos. Finalmente, Cândido reencontra Cacambo em uma hospedaria. Ele contou que deu dois milhões para o governador de Buenos Aires e libertou Cunegundes e a velha, mas foram atacados por piratas e transformados em escravos. Cacambo agora era escravo do ex-sultão dos turcos, que estava em Veneza para o Carnaval, e a velha e Cunegundes estavam em Constantinopla, onde eram escravas de um antigo príncipe da Transilvânia, sendo que Cunegundes tinha ficado horrivelmente feia. Cândido diz que é fiel à sua palavra de desposar Cunegundes, mesmo que ela tenha se tornado tão feia. Eles convencem o capitão da galera turca que leva Cacambo e seu amo de volta à Constantinopla a levá-los como passageiros.

Durante a viagem, Cândido reencontra Pangloss e o barão, irmão de Cunegundes, remando como prisioneiros na galera. Chegando à Constantinopla, Cândido resgata Cacambo, Pangloss e o barão e convence o capitão da galera a levá-los diretamente à Propôntida, onde vivia Cunegundes. Enquanto isso, o barão e Pangloss contam suas peripécias. Apesar de tudo, Pangloss insiste em que tudo o que aconteceu é o melhor possível.

Finalmente, eles reencontram a velha e Cunegundes. Cândido as resgata, e, apesar da aparência repulsiva de Cunegundes, ele mantém sua palavra e decide casar com ela. O barão novamente o proíbe de casar com sua irmã. O grupo decide se livrar do desagradável barão, devolvendo-o às galés de onde tinha sido resgatado. Finalmente, Cândido e Cunegundes se casam.

Todos se estabelecem em uma pequena fazenda. A vida não é fácil, e todos se mostram insatisfeitos depois de algum tempo. Depois de muitos debates filosóficos entre Cândido, Martinho e Pangloss, Cândido declara que a única maneira de ser feliz e fugir dos aborrecimentos e das frustrações é parar de filosofar e continuar a cultivar o seu jardim.

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  • Artigo sobre Voltaire na Wikipedia.

 

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