Resumo: Os Trabalhadores do Mar (Victor Hugo)

Os Trabalhadores do Mar

A história se passa na ilha de Guernesey, na costa norte da França, durante o século XIX. O solitário Gilliatt, órfão de mãe e cujo pai é desconhecido, mora numa casa tida pelos moradores locais como assombrada, próxima a uma encosta do mar, afastada do centro do vilarejo de Saint-Sampson. Exímio pescador e homem do mar, porém mal compreendido pela sociedade local, que é muito supersticiosa, vive para si e para seu amor platônico, a jovem e bela Déruchette, sobrinha do mais famoso e bem-sucedido homem da região, Mess Léthierry.

Mess Léthierry é dono da Durande, o primeiro barco a vapor da região que, justamente por possuir mais velocidade, realiza a viagem no Canal da Mancha mais rapidamente e consegue, portanto, manter um comércio mais próspero com a Inglaterra. Consequentemente, a atividade faz de Mess Léthierry o homem mais rico da ilha. Anos antes, havia confiado em seu sócio Rantaine, mas este o traíra e levara consigo a fortuna de ambos. Foi Durande, o barco que ele mesmo construiu, que lhe trouxe a glória. Por isso, tem pelo barco o mesmo amor que tem por sua sobrinha, a quem educa para ser uma esposa dedicada e muito doméstica. O velho homem sonha ter para capitão do barco um genro que seja apaixonado por Déruchette e tão bom homem do mar quanto ele, que possa amar Durande com a mesma intensidade. Enquanto isso não acontece, ele deixa Durande a cargo do capitão Clubin, tido como lobo do mar, ou seja, extremamente experiente e sem medo das águas repletas de rochedos da região.

Os destinos de Mess Léthierry, Déruchette e Gilliatt se cruzam quando o capitão Clubin leva a embarcação ao mar em dia de tempestade e entra num nevoeiro, chocando-se com os rochedos escarpados que coalham o mar em torno da ilha. O desesperado dono do barco acredita que Clubin morrera no mar e ouve dos marinheiros que a embarcação está parcialmente destruída, mas seu motor se encontra intacto, preso entre dois altos e afiados rochedos. Sem esperança, oferece a mão de sua sobrinha ao corajoso homem que salvar a Durande. Escutando sob a janela, Gilliatt, que ama secretamente Déruchette há anos, se oferece para empreender a viagem à embarcação. Durante semanas, ele enfrenta o sol inclemente, a sede, a fome, a febre, os tremores e o cansaço, e consegue construir uma espécie de estrutura elevadiça com a madeira do barco, com a qual consegue içar o motor e colocá-lo em sua chalupa.

Além da luta que Gilliatt trava contra as intempéries, ele enfrenta um novo perigo mortal: um gigantesco polvo que o ataca de surpresa. Segue-se uma luta encarniçada de Gilliatt pela vida, e grande parte do mistério em torno de Clubin e do sócio desaparecido de Mess Léthierry são desvendados. De uma forma quase miraculosa, Gilliatt mata o polvo e consegue voltar à ilha. Sujo, descabelado, doente, magro, com a pele descascando, exausto, com fome, e com suas energias drenadas, consegue amarrar sua chalupa atrás da casa do tio de Déruchette. Quando Mess Léthierry descobre ali a alma de sua embarcação – o que lhe salva a posição política e a fortuna –, reconhece Gilliatt perante a sociedade local como seu salvador e concede a mão de Déruchette a ele.

Gilliatt descobre que Déruchette ama o jovem reverendo inglês Ebenezer Caudray, que havia chegado há poucos meses em Guernesey, e é correspondida. Sua decisão é heroica. Ele dá a ela o baú de enxoval que sua mãe lhe deixara como herança para dar à sua futura esposa, providencia com o pároco mais velho o casamento dos jovens apaixonados sem que Mess Léthierry o saiba e os vê partirem no navio Cashmere, já acomodado em uma pedra recortada numa encosta, cujo formato é de uma cadeira e onde a maré encobre quando o dia anoitece. Ali, sentado e sozinho, espera o mar chegar e cobri-lo, pois para ele, socialmente marginalizado e eternamente infeliz porque sua amada não o ama, o que resta é o mar, e a ele se entrega definitivamente.

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